Era para ser um show inesquecível... e realmente foi!
Primeiro show da turnê mundial do Eras Tour, da famosa cantora norte-americana, Taylor Swift, depois de 11 anos sem pisar no Brasil aconteceu no estádio Nilton Santos, conhecido como Engenhão, no subúrbio do Rio de Janeiro.
Sem conseguir ingressos para São Paulo e como tenho uma filha, fã da diva pop, partimos para a experiência prometida pela T4FUN, empresa responsável pela organização do show.
Em uma semana que os recordes de calor estão imbatíveis, levando o Rio de Janeiro a cravar quase 60º graus de sensação térmica, era previsível que ações diferenciadas deveriam ter sido planejadas, pois diversas variáveis de segurança com relação a temperatura seriam críveis.
Eu, como organizadora e doutora na área de entretenimento ao vivo, se quer me preocupei com a estrutura montada pela T4fun , afinal, a maior empresa do universo do show business, com ações em alta na Bolsa e com recorde de faturamento em 2023 não seria amadora em sua conduta.
Afinal, tem staff profissional, leva à sério seu ofício e tem uma reputação a zela. Ledo Engano!!
Ao chegarmos com antecedência de meia hora do horário da abertura dos portões, a fila da entrada era kilomêtrica, zigue-zagueando no entorno de um galpão ao lado do estádio.
Ao indagar sobre o final da fila, ouvi de um membro da staff, que era onde "Deus permitia". Até ri dessa resposta, nada laica e fomos atrás dessa frase bÍblica. Achamos e para nossa alegria, ambulantes, em grande número vendiam de tudo... leque de papel, camisetas e outros acessórios com a imagem da artista, guarda-sóis, bebidas alcoolicas e ÁGUA.
A cinco reais, geladinha, um alívio ao sol escaldante, que tudo derretia, atrapalhando as produções esmeradas dos fãs, mas não tirando a alegria de estar ali.
A abertura dos portões ocorreu pontualmente às 16h... Uau!! Bacana! Ponto Positivo
Porém a gente já percebe que a contratação da equipe de apoio, foi feita sem nenhum tipo de treinamento, alguns funcionários gritando para que a fila não parasse, sendo bem grosseiramente imperativos. Ora bolas... pulso firme não é ser mau educado. Ponto perdido.
Ao entrarmos, filas nos banheiros, super compreensíveis em um evento desse porte, mas os mesmos bem higienizados. Ponto Positivo
Fomos de pista comum... o que tinha... e para uma pessoa como eu, sem cartilagem nos joelhos e com uma recém adquirida bursite e tendinite no quadril seria uma prova de fogo. Mas eu não imaginaria que o desafio maior que enfrentaríamos seria a falta de ÁGUA.
Até momento do início do show, além dos bares estratégicos, ambulantes oficiais, com PREÇO TABELADO, circulavam entre as pessoas.
Nessa hora comprei água, servida em uma embalagem ZIP, transparente, muito comum em shows hoje em dia, inclusive esse produto é adicionado de sais minerais, o que ajuda no processo de recuperação do organismo, com perdas pela transpiração.
O valor era 8 reais.
De repente, anunciam o show de abertura, mais cedo do que o previsto... Confesso que fiquei feliz, pois significaria menos tempo em pé.
Show iniciado e os ambulantes desapareceram... um tanto estranho, pois a função dessa operação é garantir continuidade do serviço.
Quando a cantora Taylor Swift entrou foi possível acompanhar a comoção que ocorreu ali e a partir desse momento, acompanhei e presenciei várias pessoas saindo junto com colegas e familiares. Mas não era só emoção... as pessoas estavam perdendo sentidos com o forte calor e a ausência de Água.
Chegou uma hora, que tivemos que buscar água em algum lugar e foi um verdadeiro martírio... em um Ponto de venda... pessoas disputavam Água... Para comprar Água. Consegui copos mornos... mas com o líquido que naquele momento era Ouro.
A própria cantora interrompeu o seu show para pedir água para uma pessoa que de cima do palco ela percebeu seu estado. Em outro momento, ela jogou sua própria garrafa de água para a multidão.
Depois vi a distribuição mínima de água, jogando copos em direção as pessoas... mas uma quantidade ínfima.
Taylor Swift percebeu o caos... a T4FUN não....
Passou-se mais 30 minutos... e o corpo pedia mais água... Foi quando avistei um ambulante com a indicação de água e refrigerantes... até então só tinha avistado ambulantes com CERVEJA. Essa não faltou
Consegui chegar até ele... e o mesmo rodeado por muitas pessoas ávidas por ÁGUA. A máquina como meio de pagamento pifou... não aceitava mais cartão... só dinheiro vivo.
Ali as pessoas começaram a buscar moedas, qualquer dinheiro em suas mochilas e carteiras.. .Consegui o dinheiro e para meu estarrecimento... não era mais 8 reais e sim 10 reais, Isso porque em sua placa indicativa estava o preço anterior, mas indagado o vendedor de número quarenta e dois disse que estava acatando ordens... Que absurdo.
Sei da lei da oferta e demanda... mas frente a uma dramática situação... a organizadora aprovar essa conduta... É mortal!!!
E infelizmente, foi o que ocorreu.
A jovem Ana Clara Benevides Machado de 23 anos perdeu sua vida por falta de ÁGUA.
Ela passou mau logo no início do show, chegou a ser socorrida, mas teve uma parada cardiorrespiratória, já no hospital e morreu.
Após o fato, autoridades aproveitando de toda a comoção escrevem comunicados e dizem que vão fazer e acontecer.
A T4FUN precisa responder a um inquérito rigoroso. Foi homicídio Culposo sim! Ninguém me contou... eu presenciei tristemente esses fatos.
Sou profissional de eventos, mas acima de tudo sou mãe e não consigo imaginar a dor de ter uma filha sair para a realização de um sonho e voltar em um ataúde... simplesmente pela IRRESPONSABILIDADE e GANÂNCIA de uma empresa que deveria há muito ter entendido que no momento de um show, a vida de todas as pessoas está sob a regência do planejamento que foi idealizado.
Se o mesmo for cuidadoso, acolhedor e sobretudo Profissional... os sonhos serão realidades...
Se for o contrário... pesadelos e dores ganharão manchetes e macularam para sempre sua trajetória.
Não dá para permitir isso... Não dá para brincarmos com a vida das pessoas.
Que esse fato não seja indelével e que rigorosas ações sejam colocadas em prática. Rogo para que não o episódio não seja uma nova Kiss, no qual a justiça, depois de dez anos, ainda não foi feita.
Isso, só permite que vidas sejam ceifadas por total cobiça e falta de empatia.
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