COVID-19 & os eventos: Never, ever give up!
Será que esta doença respiratória, justifica tantos cancelamentos e caos?
Quais são as oportunidades e as alternativas para amenizar os prejuízos?
Por Vanessa Martin & Juan Pablo De Vera
13/03/2020
Nenhum de nós quer estar perto de alguém que esteja contaminado por qualquer doença. Onde quer que possamos ler ou com quem conversar, invariavelmente, o assunto ‘Corona vírus’ ou COVID-19 é citado em algum momento. Esta unanimidade é também o componente que está por trás de uma das maiores crises do setor de eventos mundial, com prejuízos para o setor que já somam bilhões de dólares por todo o planeta.
Impacto econômico mundial e no Brasil
A AUMA - Associação da Indústria Alemã de Feiras publicou no dia 11/03/20, relação com o status de cerca de 250 eventos internacionais a serem realizados até maio/2020 na Ásia e Europa. Destes, apenas 16,9% cancelaram seus eventos, 44,8% postergaram a data em 2020 e 38,3% ainda não haviam decidido quando a lista foi publicada.
Pode até não retratar a grande maioria do vasto mercado de eventos mundiais. Mesmo assim, os dados impressionam! E por vários aspectos! Pela maioria dos eventos estarem localizados na área primária de exposição ao COVID-19. Pela proximidade da data de realização. E pela agilidade na busca de alternativas, entre tantos outros.
A UFI - The Global Association of the Exhibition Industry divulgou nota no dia 12/03/20 estimando que os cancelamentos e adiamentos das feiras programadas para o 1º semestre geraram perdas e impactos no trade mundial do setor, de cerca de €13 bilhões (USD 14,6 bilhões) na Ásia / Pacífico e € 9,7 bilhões (USD 11,1 bilhões) na Europa. Esse número deve crescer com novos eventos sendo adiados. E o efeito cascata afeta incontáveis segmentos econômicos diretos e indiretos, em especial as empresas de pequeno e médio porte.
Apesar de, neste momento, não estarmos no epicentro mundial do furacão, o mercado brasileiro de eventos já está sofrendo impactos que vem se avolumando. Já temos mais que 50 casos confirmados no país, e este número ainda está crescendo, uma vez que ainda não atingimos o pico do contágio.
A realidade do contágio do CONVID-19
Não há dúvidas de que é um vírus que tem alto poder de propagação. Mas também está comprovado que o contágio flutua significativamente em função da idade das pessoas, sem falar que a taxa de mortalidade é muito baixa, mesmo em relação a outros vírus (veja quadro). Para 80,9% das pessoas infectadas, os sintomas são leves, como os que sentimos com uma gripe comum. Destas, apenas 20% precisam de hospitalização e só 5% apresentam quadro grave que requer UTI.
Ou seja, o contágio é fácil, mas ações simples de prevenção tem sua eficácia. E a mortalidade do COVID-19 é muito menor que vários vírus.
Muita calma nesta hora!
No meio da cacofonia de vozes alteradas com alarde catastrófico, há outras que parecem isoladas e abafadas neste meio, como a do médico Dráuzio Varella ou do influenciador do setor Julius Solaris, para as quais a situação preocupa, mas que hão há razão para a histeria coletiva que o assunto provoca. Concordamos com elas.
Escutamos uma expressão que talvez explique parte deste quadro de preocupação existente: ‘infodemia’, ou ‘epidemia da informação’ dos meios de comunicação e da população, que vem transformando o assunto em algo muito maior do que ele realmente é.
Não podemos afirmar ainda que temos ou não uma epidemia ou qualquer outra expressão que defina a situação caótica que vivemos. Mas precisamos ter calma e bom senso, evitando a propagação do medo e das fakes news.
Precisamos da clareza de que o medo e a responsabilidade que os organizadores e nossos clientes tem para com os seus clientes, parceiros e funcionários, se traduzirão em alguns cancelamentos ou postergação de datas dos eventos previstos para este 1º semestre de 2020.
E todos os profissionais de eventos sabem da dificuldade e esforço hercúleo demandado em alterações de datas com tão pouca antecedência. E a situação só voltará ao normal quando houver regressão do número de casos de contaminação. Baseado nas estatísticas médicas divulgadas até agora, o período crítico no país deve terminar em até 8 a 10 semanas.
Ou seja, o furacão vai chegar por aqui, fazer alguns estragos, MAS VAI PASSAR!!
O evento híbrido ou o evento virtual podem ser solução para amenizar?
Sim. O híbrido ou o virtual constituem soluções relevantes, especialmente neste momento em que as pessoas querem, mas não podem estar presentes nos locais.
Entendemos que NÃO são soluções definitivas, nem que a sua utilização agora poderá impactar negativamente o setor de eventos presenciais a médio e longo prazo. Acreditamos que a transmissão online é uma solução temporária que pode amenizar a crise e apresentar alternativas para que clientes e participantes possam ter acesso ao conteúdo que, de outra forma, não seria possível.
Entretanto, o uso deste formato de evento online demanda mudança de mindset na forma de operar, na escolha de como será a interação do evento envolvendo palestrantes, patrocinadores e participantes. Sem falar nas diferentes e diversas opções de patrocínio e receitas que o híbrido e o virtual podem oferecer (veja matéria sobre pesquisa inédita sobre o mercado brasileiro de evento híbrido neste portal. E o híbrido e o virtual NÃO matarão os eventos presenciais. Ao contrário. Podem, entre outros, exponencializar a abrangência geográfica, o número de seguidores e atiçar o interesse para star presencialmente na próxima edição.
Sim, somos responsáveis pelos resultados que virão. O que fazer?
O fato real é que cabe a cada um de nós buscar separar o joio do trigo das informações que recebemos. Cabe a cada um de nós fazer a nossa parte nas ações de prevenção pessoal largamente divulgadas (veja resumo). Cabe a cada um de nós a responsabilidade de cuidar da nossa saúde pessoal e, se necessário, entrar em quarentena autoimposta, avisando a todos do quadro e pedindo que atentem para os sintomas. Cabe a cada um de nós não propagar o pânico sem sentido para conhecidos, família e colegas. Cabe a cada um de nós alertar aos nossos clientes e eventos das possibilidades, dos cenários e consequências reais para cada evento realizado, oferecendo as melhores alternativas possíveis.
E mais do que tudo, cabe a cada um de nós, manter a calma e buscar oportunidades ao invés do desespero e do alarmismo. Esta é a atitude dos vencedores e daqueles que se destacam na multidão e dos concorrentes. Esperamos que você seja um deles.
E, acima de tudo: Never, ever give up (Nunca, nunca desista)!
PARA SABER MAIS
- AUMA - Coronavirus: Changes in dates of trade fairs https://www.auma.de/en/exhibit/find-your-exhibitions/coronavirus-changes-in-dates-of-trade-fairs
- UFI release- https://www.ufi.org/wp-content/uploads/2020/03/PR_Economic_impact_of_Coronavirus.pdf?utm_campaign=Meetings%20Innovations%20Report&utm_source=hs_email&utm_medium=email&utm_content=84556454&_hsenc=p2ANqtz--75ERYhwRODoXUWDgrc_BcdwJrrT0if3TIJLnE-fI0RICs6YvaKdlIgEIv9KNIoTBWozbKDi4VId7uXaPybYZTdX6AgevWj7UvgH0apYIP9AEFdSA&_hsmi=84556454
- Julius Solaris. A New Dawn for the Events Industry - https://www-eventmanagerblog-com.cdn.ampproject.org/c/s/www.eventmanagerblog.com/coronavirus-aftermath/amp/
- Drauzio Varella - Coronavírus: O que muda com a chegada ao Brasil - https://www.youtube.com/watch?v=TbVapVcdEqU
- Coronavírus: 60% do mundo ‘pode ser infectado’ - https://veja.abril.com.br/mundo/coronavirus-60-do-mundo-pode-ser-infectado/
- Por que o coronavírus parou a Itália? - https://www.youtube.com/watch?v=iS6faXPkSfM | https://t.me/s/corona_atila
- COVID-19 CORONAVIRUS OUTBREAK - https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries | https://www.worldometers.info/coronavirus/coronavirus-symptoms/ | https://www.worldometers.info/coronavirus/coronavirus-age-sex-demographics/
- Get Your Mass Gatherings or Large Community Events Ready for Coronavirus Disease 2019 - https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/community/large-events/mass-gatherings-ready-for-covid-19.html
AÇÕES SUGERIDAS PELA CDC – Centers for Disease Control and Prevention para locais de eventos
Forneça suprimentos de prevenção COVID-19 em seus eventos. Planeje ter em mãos suprimentos extras para a equipe e os participantes do evento, incluindo pias com sabão, desinfetantes para as mãos, tecidos e máscaras descartáveis (para pessoas que começam a ter sintomas).
Planejar ausências de funcionários.
Promover mensagens que desencorajem as pessoas doentes de participarem de eventos.
Se possível, identifique um espaço que possa ser usado para isolar funcionários ou participantes que adoecem no evento.
Planeje maneiras de limitar o contato pessoal da equipe que apoia seus eventos.
Desenvolver políticas de reembolso flexíveis para os participantes.
Identifique as ações a serem executadas se precisar adiar ou cancelar eventos.
Fonte: cdc.gov
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