O Festival Universo Spanta, acontece durante todos os finais de semana de janeiro, na aprazível Marina da Glória, no Rio de Janeiro, agrupando atrações diversas da MPB, oferecendo um casting de artistas plurais, de estilos e ritmos muito representativos da riqueza e beleza musical do nosso país.
Como pesquisadora do tema festival, logo fui encorajada em descobrir como foi o processo de sua criação e a história é muito interessante, já que o evento é fruto do bloco carnavalesco da zona sul, batizado de SPANTA NENÉM, que nasceu em 2002 e logo se torno um dos mais animados, que arrastava multidões em suas performances festivas. Para não ficarem presos ao calendário de Momo, planejaram festas privadas, que se tornaram um verdadeiro sucesso.
Aí, em 2023 - sim... o festival só tem dois anos de vida e já pode ser considerado como o maior relacionado a MPB – surge o Universo Spanta, estrategicamente programado para acontecer entre as celebrações de Réveillon e o Carnaval.
Em 2024, a organização, oficializou uma importante parceria, com a Petrobrás, tornando-se, então patrocinadora master do festival e, possibilitando uma ampliação da sua programação, com shows divididos em dois palcos: o Lapa, na área de jardins, e o Guanabara, à beira da baía.
Além disso, as novidades dessa segunda edição são uma feira musical e concurso de novos talentos para, então, se tornar uma verdadeira plataforma musical completa. O certame intitulado Voa Sabiá, é uma competição musical que quer revelar jovens talentos da música brasileira. Com patrocínio da Petrobrás, o primeiro colocado ganha a gravação de um videoclipe, consultoria de carreira durante um ano, além de um cachê no valor de R$50 mil para participação do Universo Spanta 2025.
O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é a personalidade musical escolhida para ser o grande homenageado da segunda edição do Universo Spanta. Neste ano de 2024 se recordam os 35 anos da morte do artista, e, além de um show especial, haverá uma instalação audiovisual e ações em homenagem ao cantor e compositor e à cultura nordestina em geral. Na direção musical e liderando a homenagem está o cantor, compositor e pesquisador Daniel Gonzaga, neto do artista e filho de Gonzaguinha.
E no último fim de semana, o primeiro do ano, lá fui eu, conferir a proposta, que por si só já tinha me seduzido muito, afinal, amo MPB.
E confesso, que o Festival superou minhas expectativas, pois conseguiu, com muita efetividade, e até mesmo simplicidade, entregar excelência em sua programação, efeitos técnicos e espaços bem arquitetados, dentro das possibilidades, muito confortáveis e acolhedores, com destaque para as gigantescas cadeiras estilo praiano e os balanços espalhados por todo o mapa do evento, que também foram pensados para ter um efeito instagramável, e assim, também, garantir projeção midiática.
O local, localizado nas cercanias da região central da cidade, vem sendo apontado como uma das boas opções do RIO para realização de eventos, pois a questão da mobilidade é bem atendida e o cenário envolto por belezas naturais já colabora e, muito, com uma boa experiência sensorial, já que é notório, que a cidade maravilhosa, apesar de tudo, tem na NATUREZA, um protagonista real e pleno.
Após a tragédia da organização do primeiro show da Taylor Swift no estádio Nilton Santos, em 24 de novembro passado, tendo confirmado o óbito da fã Ana Clara Benevides Machado por meio de laudo da necropsia que constatou que ela estava exposta ao calor extremo no estádio e teve uma exaustão térmica que provocou um choque cardiovascular e comprometimento grave dos pulmões, a questão de hidratação e oferta de pontos de distribuição de água em eventos de grande porte, está sendo mais atenciosa, até porque tornou-se uma prerrogativa legal, até março de 2024.
E, no Spanta não foi diferente, com vários pontos com água gelada e copos de papel sendo distribuídos, mas também com a opção de um copo de material mais enrijecido, que acabava sendo uma espécie de souvenir do festival.
Preciso confessar que fui para assistir Simone, a cigarra da MPB, que fez um feat lindo com a Maria Gadú, mas não deixei de aproveitar as demais atrações, a maioria com essa estratégia de unir nomes, de forma até mesmo inédita, e isso já é um grande chamariz.
A própria Simone comentou o fato: “Estava louca para cantar com a Gadú, adoro o trabalho dela, a voz. A gente se dá muito bem. Somos vizinhas aqui no Rio, ficamos amigas, então é uma delícia ter essa troca também no palco.”
Imagina Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, Marina Sena e Juliette, Adriana Calcanhotto e Rubel, Criolo e Teresa Cristina, Maneva e Gabriel Elias só para citar alguns dos duetos previstos?
Outro ponto bem bacana do festival, foi abrir em caráter soft opening, ou seja, ainda não fazia parte da programação oficial, mas um dia antes da sua abertura, eles fizeram uma espécie de evento teste, com Alcione e a bateria da Imperatriz Leopoldinense, apenas para convidados, que incluíam servidores públicos do município e estado, sobretudo das áreas da Educação e Saúde e os consumidores que compraram ingressos nos primeiros dias de abertura de vendas.
Uma grande estratégia, que permite alinhar pontos que porventura ainda estavam desajustados, faz a alegria de muita gente e ainda por cima, fomentou uma imagem muito simpática e positiva dos organizadores.
Agora, a perfeição, sabemos que não existe, por isso mesmo, teve um ponto que sugiro que a comissão organizadora repense e altere o quanto antes, por uma questão de segurança.
Em todos os pontos de comercialização de bebidas, a mesma era entregue em seu próprio envasamento metálico, ou seja, na sua latinha, seja de refrigerante ou cerveja.
Sabemos que essa prática, há muito foi abolida de grandes eventos, justamente por potencializar riscos graves de acidentes, já que as pessoas não são tão educadas e não irão se dirigir aos coletores de resíduos para descartar sua latinha, deixando o ambiente perigoso, com muito detritos que podem comprometer a circulação. Sem falar que esse condicionante, acaba por si só, também sendo uma arma branca.
Há cidades no país que sancionaram lei proibindo o consumo de bebidas alcoólicas e não alcoólicas em garrafas de vidro e latas de metal em eventos públicos, justamente para diminuir essa variável de segurança.
O público, independente de seu comportamento mais pacífico, pode em algum momento se atiçar e acabar se envolvendo em brigas, agressões e as pessoas tendem a usar objetos para ataques e/ou defesas. E nessa situação as latas de alumínio são consideradas um material cortante. E a organização não pode se render a exigências das marcas participantes. A Segurança é meta de todos para todos.
Basta alterar esse escopo e priorizar esse detalhe de segurança, que o Spanta, sem dúvida alguma, pode entrar como estudo de caso para boas práticas em eventos nacionais.
Até 2025, Universo Spanta, você me abduziu, no melhor sentido da palavra.
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