Quando éramos crianças e o coleguinha da creche não nos dava o brinquedo ansiado, por falta de poder de argumentação, salvo o choro compulsivo que, normalmente, a Tia ignorava, pedagogicamente ou por não identificar quem chorava, nós cuspíamos nele.
Se ninguém nos admoestasse ou a mamãe não tomasse providências, a partir daí, cuspíamos em todo mundo que nos contrariasse: tia, amiguinho, irmão, até na mamãe no papai... isso até que a vida nos fizesse crescer, de fato, ou o papai, mamãe ou tia nos ensinasse, pela educação ou pelo conhecimento, melhores maneiras de se defender e argumentar.
Os cuspes ficaram no tempo...
Aí, nossa sociedade, que amadurecia, a olhos vistos, não só pela experiência democrática, mas também pela experiência profissional, nos fez engolir a saliva e, por que não, alguns sapos, nos oferecendo o embate argumentativo profissional e maduro daqueles que sabem que o caminho é sempre buscar o meio termo.
Engolimos o politicamente correto, depois a ideia de que ser profissional é ser amigo e passivo, de que a Universidade boa é a que dá diploma e caminhamos para a ideia de que sempre um lado é que tem, sempre, a razão.
Claro que num mundo de “memes” como esses acima fica muito difícil argumentar.
Propor leitura? Ninguém lê. Instruem-se pelo que diz o Google ou o Face. Propor reflexão? Como? Se os argumentos são frases repetidas e miméticas que mais parecem lavagem cerebral em peixinhos de aquário. Propor debate? Com quem não sabe falar e grita? Com quem só quer ser ouvido, mais não ouve
Daí, foi fácil chegar ao você é de um lado e eu do outro. A minha verdade é melhor que a sua. Aliás, é a única.
Deu no que deu.
Sem argumentos, estudo, livros, debates, profissionalismo, até grandes homens viraram brutamontes, melhor, viraram crianças.
Me dá a verdade! Me dá a posição! Me dá meu espaço! Me dá razão!... ou “scrash”, cuspo em você.
E as crianças tomaram o Congresso, as ruas, fazendo “pipi” e “totó” em público e cuspindo nos coleguinhas. Ganharam os bares, as salas e as praças, onde se “fica de mal” e se terminam relações de amizade, ou momentos legais, sem nenhuma justificativa plausível e com cusparadas. Ganharam a TV e as Bigs Fazendas dos realiyis medíocres, que são o espelho do que somos e valoriza, invariavelmente, o mau caráter, o surdo, o demagogo, a criança mimada.
Ganhou o mercado..., onde as crianças tomaram o espaço. E na escola imatura de donos da verdade, com seus MBAs do nada, eles também cospem... em grandes Projetos, em profissionais experientes e donos de argumentos que podiam mudar muita coisa para melhor. Batem o pé ou tem medo do Tio grandão, por isso não ouvem o que não querem. Eles querem seus brinquedos, seu cargo de nome bonito, sua cadeira fofinha e seus brinquedinhos de poder. E cospem.
Vivemos o momento do cuspe.
Mas o que esse momento reflete? Eis a questão.
Imaturidade pessoal e profissional que tem destruído empresas, escolas, partidos, comércio, indústria e, claro, o País.
Imaturidade nos aprisiona no medo, na covardia, na falta de argumentos e de visão. Paralisa o ser e não permite empreender ou buscar soluções. Mata ideias, pois não há confronto delas, que em última análise nos fazem crescer.
Imaturidade não tem ouvidos, tem boca.
Agora você entende porque seu cliente não te ouve? Porque nós não ouvimos nossos pares e família? Não ouvimos o mercado, o consumidor e o mundo. Não ouvimos nada nem ninguém. Ou choramos, ou batemos perninha, ou ficamos emburrados, tristes e amuados, ou... cuspimos (marimbondos, gritos, impropérios, raiva...)
Estamos cuspindo no prato que comemos.
Engulamos o choro, a saliva, e, de boca seca, ouçamos. Depois, vamos agir na Live vida, no Live Marketing de mais de 40 soluções de comunicação.
Cuspamos, metaforicamente, na Crise. Porque ela já cospe na nossa cara.
Já deu!
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