Hoje,gostaria de conversar com você sobre o futuro do ensino superior de Turismo....
O ensino superior do Turismo no Brasil passa por uma crise nunca vista no país. Nos últimos três anos, 112 faculdades de Turismo descontinuaram seus cursos. Com a entrada de inúmeras públicas na capacitação, sem laboratórios específicos, professores do mercado, mas com professores doutores de outras áreas de conhecimento e pseudo pesquisa, ganhando não se sabe como conceitos elevados de qualidade, algumas particulares ainda tiveram mais dificuldade e hoje buscam novas diretrizes para sua sobrevivência. Com meus 35 anos de experiência em gestão de bacharelados, temo que estamos no caminho do fim dos mesmos e priorização dos tecnólogos.
Com a revolução silenciosa do ensino superior, foram se alterando os perfis daqueles que buscam as universidades. São, em grande parte, mormente nas particulares, alunos oriundos de um ensino médio deficiente e que são a primeira geração da família a aceder ao ensino superior. Buscam empregabilidade rápida e querem que o diploma seja um passaporte para a melhoria da qualidade de vida. Estão cheios de ideais, trabalham durante o dia e estudam no período noturno e tem objetivos definidos. Assim, gestores em turismo precisam entender que tal perfil é mais voltado para o tecnólogo.
O mercado de trabalho hoje busca cada vez mais mandos operacionais, numa estrutura bastante familiar de gestão, excetuando meios de hospedagem e empresas organizadoras de eventos. Via de regra, são os ditos operacionais, que após anos de trabalho se tornam os gerentes e diretores das empresas. É triste ver bacharéis em turismo em subempregos concorrendo com profissionais de outras áreas, por uma falta efetiva de regulamentação. E mais triste ainda, quando tais egressos não vislumbram possibilidades de crescimento e acabam fazendo nova graduação ou simplesmente atuando em outra área, em função de uma pós-graduação.
A realidade do mercado mudou muito hoje: a alta do dólar inviabilizou pacotes para a classe média, que ganhara uma parcela importante nas receitas do turismo; os aviões vazios obrigam as empresas aéreas a praticarem tarifas nunca vistas; o medo retira destinos das escolhas por força do terrorismo; e a continuidade na atividade demanda muita criatividade, empreendedorismo, sustentabilidade e respeito à diversidade. A nova era turística saiu da mesmice e procura um desafio com novos produtos, formas de comercialização nunca vistas e experiências culturais e lúdicas.
Assim, a cada dia que passa, tenho mais certeza de que os tecnólogos, com seus projetos integradores desde o primeiro período, as possíveis certificações intermediárias, a visão mercadológica efetiva nas disciplinas e a vontade de atuar junto e para o mercado são a verdadeira forma de educar em turismo. Claro que não podem se descuidar da cidadania, do entendimento do pais multi racial, com opções religiosas, politicas e de gênero que fazem do mesmo um verdadeiro produto plural, que encanta os que aqui chegam para nos visitar.
A caminhada de mudança de percepção não é fácil pela visão que alguns detêm dos tecnólogos como cursos de segunda linha. Cabe esclarecimento de que o mesmo permite fazer pós-graduação, concursos públicos que exijam nível superior e que está em consonância com a legislação em vigor.
Aos poucos, vamos incutindo nos alunos, nas famílias e no mercado que o tecnólogo é uma resposta efetiva para o turismo de hoje e que a salvação do ensino superior em turismo está na referida modalidade, por ser mais rápida e ter maior empregabilidade, como relatam estudos feitos.
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