O Valor dos Valores

O que vem à mente quando pensamos em valores? Se você associou essa palavra a condutas morais ou à definição de nossas crenças fundamentais empregadas em nossa vida pessoal, você acertou. Mas e os valores empresariais? Não são igualmente importantes e necessários para a consolidação do trabalho?  Eu, particularmente, acredito e tenho que acreditar que, cada pessoa que trabalha comigo também pense que sim!

 

Posso afirmar com segurança que toda a equipe compreende e defende essa proposta. Os valores que foram definidos pelas pessoas que trabalham comigo foram: transparência, profissionalismo, ética e inovação. Ninguém é obrigado a praticar valores que não tem. Aliás, precisamos rever sempre nossos valores pessoais, para depois praticar os valores empresariais. Quem não aplica em sua vida, dificilmente empregará num ambiente de trabalho.

 

E é exatamente com base nesse raciocínio que essa é a essência do acordo aplicado no local em que trabalho, uma fundação sem fins lucrativos mantida pela iniciativa privada. É sob essa concepção que nosso corpo de funcionários batalha diariamente e entendeu que quem não quiser ou não puder  aplicar estes Valores, que procure outro lugar para trabalhar.

 

Não tenho a pretensão de ensinar, muito menos tecer conselhos intermináveis. Gostaria apenas de registrar aqui a minha percepção e contribuir para que possamos assimilar o real valor dos valores. Por isso, reflita por um minuto, mas se permita fazer uma reflexão honesta, exercício que emprego em minha própria vida. Transparência, profissionalismo, ética e inovação. Você está de fato praticando algum desses valores? Mas vamos lá, antes disso. Já parou para se perguntar: como estou conduzindo minha vida? Tenho sido leal comigo mesmo?

 

Com um pouco mais de profundidade: como andam minhas relações pessoais, profissionais ou familiares? Consigo dormir tranqüilo? As respostas para essas perguntas podem ser encontradas em ambientes de trabalho, em que quase tudo é visto ou sentido. Por isso, a prática constante da reflexão. Afinal, está registrado nas escrituras sagradas: “Não existe nada encoberto que não seja descoberto”.

 

Tenha a absoluta certeza de que quando estamos representando uma empresa, somos uma pessoa jurídica, portanto, seja em uma visita, numa viagem, numa feira, em um evento, num almoço ou mesmo no próprio  ambiente do escritório, qualquer atitude, postura, qualquer trabalho, por menor que seja e que esteja fora do processo ou qualquer prestação de contas, qualquer indicador não cumprido, um pequeno lapso prejudica diretamente não só o próprio profissional que o pratica, mas a imagem da  empresa e também a de seu dirigente.

 

Tudo é uma questão de confiança. No meu caso reflito que, se conduzir, administrar mal ou cometer qualquer vulnerabilidade,  coloco em evidência o meu presidente. A questão é que foi ele, com apoio de seus vice-presidentes, quem abriu a porta e me deu, por meio das minhas qualificações, a oportunidade de administrar a entidade ao me passar uma procuração em seu nome.

 

Dentro dos meus valores pessoais não consigo imaginar, de forma alguma, a hipótese de cometer qualquer deslize que prejudicasse aquele que me abriu os caminhos, que me contratou e que mantém, através do exercício da minha função, a minha estabilidade financeira e carreira profissional. Acredito em sã consciência que ninguém que trabalha na empresa  pela qual atuo, pensaria o contrário.

 

A janela de Johari, uma ferramenta conceitual criada pelos doutores Joseph Luft e Harry Ingham, mostra que quando as pessoas se vêem ou se comportam da mesma forma como são vistas pelos demais, tudo indica que trabalharão melhor com os que as cercam. É uma questão de sintonia de valores interpessoais que facilita nossa comunicação com todo um grupo e em diferentes situações. Contudo, muitas vezes a nossa auto-imagem difere da imagem que os outros têm de nós, o que causa conflitos e distorções de personalidade e principalmente de caráter.

 

Por isso, faço e recomendo parar e fazer uma reflexão pessoal. Tenho orgulho de destacar em minhas apresentações que confio na equipe que trabalho e tenho sempre a fé de que nenhum deles tomaria uma atitude que pudesse prejudicar a si mesmo, a empresa ou seus dirigentes. Já dizia o ministro e compositor Gilberto Gil: “Andar com fé eu vou, porque a fé não costuma falhar”. Mas e na sua empresa? Como anda o debate dos valores empresariais e pessoais?

 

* Toni Sando é diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), e ex-diretor de marketing da Rede Accor Hospitality

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