Hotelaria gaúcha depende de eventos para a sua sobrevivência

Negociações flexíveis, dependendo do período de sazonalidade dos hotéis, podem ser um grande diferencial.
Sala de eventos do InterCity Teresópolis



A dinâmica da hotelaria e o turismo de eventos no Rio Grande do Sul, segundo os empresários do ramo, vem se consolidando com o passar do tempo. Quase que uma relação sem volta. Para Fanny Cutrale, diretora comercial da rede InterCity, o setor de eventos é sim o grande foco dos meios de hospedagem, pois traz uma demanda significativa, que, apesar de sazonal, ajuda muito na receita. Isto porque na sua grande maioria, envolve a utilização de salas. “O próprio calendário de atividades das empresas é outro foco para assim anteciparmos na negociação. Existem também no mercado muitas empresas organizadoras, e é preciso manter uma forte aproximação com estes clientes para podermos captar toda e qualquer oportunidade que venha surgir”, diz ela.

Sala de eventos InterCity Montevideo


Na opinião da executiva, negociações flexíveis, dependendo do período de sazonalidade dos hotéis, podem ser um grande diferencial. Flexibilidade também quanto às solicitações operacionais dos clientes é outro ponto importante. “Escutamos que a pró-atividade em auxiliar o organizador do evento, tanto em questões previsíveis quanto imprevisíveis, é fundamental para a fidelização”. Fanny acrescenta que, muitas vezes, o preço não é o fator decisivo no fechamento de um evento. A estrutura e o serviço são prioritários para atrair o segmento corporativo.

Presidente do grupo Everest, Eduardo Fett revela que a clientela fiel é alta, correspondendo a 30% do negócio e que, em grande parte, são empresas e pessoas físicas. “Estes hóspedes fazem eventos aqui no hotel anualmente, bimestralmente ou semestralmente, pois eles enxergam soluções para os seus negócios. Uma pessoa fica conosco para participar de algum congresso na cidade e já fica sabendo de todos os espaços disponíveis que temos”, afirma o empresário. O hotel, localizado no centro de Porto Alegre, possui vários tipos de salas, atendendo os mais diferentes tamanhos de grupos corporativos que precisam fazer reuniões.

Eduardo Fett


O hoteleiro recorda que a necessidade surgiu aos poucos. Visando a consolidação no mercado, foram feitas ampliações com o passar do tempo. Quando o Everest abriu, em 1964, só disponibilizava um restaurante. Em 1980, com a construção do novo prédio, construíram-se dois salões. Nos anos 90, foi inaugurado o business center, um andar inteiro com salas de todos os tamanhos, no total de oito, e capacidade de atendimento para 600 pessoas. “O mercado estava se expandindo e acabou gerando uma demanda”, diz.

Em relação à cidade de Porto Alegre, Eduardo ressalta a necessidade de um calendário de eventos mais dinâmico e diversificado. “Atender a nossa vocação como técnico, médico e científico é muito bom. Porém precisamos dar mais atenção para o turismo e também trazer feiras, congressos e campeonatos esportivos de âmbito internacional”, acrescenta. Diretor do Continental Porto Alegre, Daniel Barcellos, confirma que o grande problema na capital gaúcha a ser enfrentado é a falta de ocupação no final de semana. “Existem eventos que preenchem a totalidade dos nossos apartamentos ociosos como a Expointer, cerca de 40% que sobra da hotelaria. Por isto, são tão importantes”, confirma.

Daniel, no entanto, alerta que Porto Alegre compete com várias outros destinos nacionais quando se dispõe a sediar, feiras, congressos e afins. Um grande complicador, reforça o empresário, é a falta de um centro de eventos de grande porte na capital. “Nós não temos um calendário municipal. De dezembro a março ficamos vazios. O Nordeste, por exemplo, é mais atrativo e tem um preço melhor. Fortaleza vai sediar eventos até 2020”. Barcellos acrescenta que nesta cidade houve um esforço conjunto de todas as entidades. “Precisamos investir em segurança, no aeroporto. Não que nossa estrutura seja ruim, ela é limitada. As pessoas não têm a capacidade de ver este número global”, avalia.

Na serra

Projetado pelo escritório Arquitetura de Interiores da Planobase Lubianca, o Dall'Onder Grande Hotel, situado em Bento Gonçalves (RS), inaugura em janeiro de 2015 seu novo centro de eventos chamado Malbec. O espaço, capaz de receber até 700 pessoas em auditório, custou R$ 7 milhões. Segundo Francisco Prado, gerente comercial, o empreendimento passa a investir no nicho de congressos, convenções de vendas, eventos de incentivos e sociais.

“A estrutura pode ser transformada em três ambientes, trazendo a tecnologia como diferencial. A luz, por exemplo, é controlada por Ipad”, diz ele. A metragem total é de 865,31 m² e irá abrigar três grandes ambientes ou 1 somente, pois foi projetado para ter divisórias móveis, ideal para médios e grandes eventos em todas as áreas (médica, farmacêutica, congressos, etc).

“Salientamos que um dos nossos diferenciais é agregar todos os serviços, ou seja, desde o evento até hospedagem e alimentação”, completa Francisco. Atualmente, o Dall'Onder Grande Hotel possui o centro de eventos Carmenère (para 500 pessoas em auditório) e mais 8 salas de apoio a prova de som. “Com o novo espaço vamos aumentar em quase 15% a capacidade, totalizando 1.200 pessoas em auditório”, ressalta o gerente.