“Nenhum homem jamais pisa no mesmo rio duas vezes, pois não é o mesmo rio e ele não é o mesmo homem”. Heráclito de Éfeso
Neste artigo, irei delinear alguns aspectos relativos à gestão de públicos e de multidões no tempo presente, entendendo que, as ações de gerenciamento e controle vão muito além dos simples atos e mecanismos da segurança convencional.
Em primeiro lugar, necessitamos que sejamos mais analíticos o tempo todo, observando e monitorando o comportamento das pessoas diante de vários fatores ou fases, sendo imprescindível que essa análise e avaliação precedam o controle e o gerenciamento operacional e ao mesmo tempo, aliados às novas tendências em tecnologia, que visam auxiliar o processo de tomada de decisão o gestor diante das rotinas ou de fatos inopinados.
As tecnologias de segurança são ferramentas que garantem o binômio Safety e Security, propiciando uma garantia quase que inequívoca para a obtenção das evidências objetivando um maior poder do gerenciamento técnico de públicos e multidões.
No nosso entendimento ao longo dos anos e analisando dados baseados em fatos reais de que, o simples gerenciamento das ações operacionais de modo eficaz e ou eficiente não garantem que as decisões sejam certas, pois estas condições não são uma simples tarefa rotineira, necessitamos de outros saberes afim de entender e prescrutar modelos nunca antes vistos e para tanto, faz-se necessária capacitação e um treinamento especialmente desenvolvidos com essas ferramentas fitando os olhos nos cenários futuros.
Afinal, o que é o gerenciamento de multidões? Porque eventos complexos como festivais de música, jogos de futebol e eventos globais necessitam de processos, análises e gestão diferenciada?
Hoje em dia, fica evidente a necessidade de profissionalização da gestão de segurança de eventos, sendo que, o gerenciamento das multidões nos últimos anos introduziu uma maior inclusão da ciência na capacitação e no treinamento orientado com a finalidade de melhor entender as massas e gerir a segurança de multidões.
Existe uma ciência que analisa bem as multidões e para começar, não é uma ciência única, mas uma combinação de várias ciências diferentes como a Matemática, Física, Psicologia, Sociologia, Antropologia, Genética, Fisiologia e a Heurística, para citar algumas das mais importantes.
No planejamento e na gestão de grandes públicos, necessitamos primeiramente compreender como às pessoas se deslocariam nas diversas direções e por quais razões vão de um ponto a outro e não numa outra direção. O que as motiva para tomar esta ou aquela direção quando estão em grupos ou desacompanhadas momentaneamente.
A psicologia não está apenas para entender o comportamento da multidão, mas também nas suposições (monitoramento) e ideias da equipe de segurança que controla o público ou determinada multidão. Os profissionais dessa indústria deveriam fazer análises e avaliações o tempo todo com suposições psicológicas sobre o comportamento, eles deveriam usar essas análises baseadas em dados coletados tecnologicamente como: Os indícios e suposições das mentes daquele determinado público, dados de gostos musicais e preferência sobre determinado evento para que as decisões sejam baseadas em dados palpáveis e evidenciáveis em suas práticas visando a proteção da multidão.
Por outro lado, quando ocorre uma crise ou múltiplas crises num evento como por exemplo uma situação de "pânico da multidão", ou uma saída em larga escala por algum fato inopinado, não devemos nos restringir apenas a uma maneira de se pensar ou agir com base na psicologia do comportamento da multidão, mas ações em emergências que também funcionem como um raciocínio lógico dedutível usado pelos profissionais de controle para determinar decisões de como se e quando eles devem comunicar-se com a multidão sobre uma potencial ameaça ou deflagração de uma crise.
Em outro aspecto, é imperioso entender como as pessoas se movem do local X para Y e vice-versa, mas também o que e de que forma isso pode afetar o gerenciamento das operações de Safety. Em alguns casos, até o tipo de terreno pode determinar essa mudança brusca da superfície de caminhada de asfalto duro para grama macia, longa e molhada significa que haverá uma redução na marcha do fluxo de pessoas. Essa redução de velocidade pode fazer com que aqueles que ainda andam no material duro comecem a pegar aqueles que acabaram de pisar no material macio. Se isso ocorrer no início de uma ladeira por exemplo ou entrando em um caminho estreito, talvez à noite e sem avisar uma multidão cansada, bêbada ou drogada, pode levar a densidades críticas. Isto pode acarretar uma compressão daquelas pessoas que estão alcançando seja tão grande que leva a densidades de movimento além dos níveis seguros e causaria escorregões, tropeções, quedas e até cenários piores.
Em termos da física, compreender o que acontece quando esmagamos pessoas; e depois esmague-os um pouco mais na medida que as pessoas se amontoem, não é inteligente no gerenciamento e no cálculo de pessoas por metro quadrado. Os líquidos não se esmagam, mas como somos apenas cerca de 60% líquidos, são os outros pedaços internos que ficam muito danificados. Ah, e, claro, os pulmões que são espremidos além das tolerâncias operacionais normais para que não possam inflar e nos manter oxigenados.
Poderíamos elaborar o plano perfeito para uma multidão se conhecêssemos cada um deles antes que eles chegassem ao evento. Sua idade, altura, doenças e lesões, suas experiências demográficas e de vida completas, suas emoções, seu estado emocional naquele dia, a facilidade com que se assustam e assustam e tudo o que já aconteceu com eles na vida.
A demografia desta multidão
Fazemos grandes suposições e ficamos muito bons em prever horários e comportamentos de chegada com base nos eventos que experimentamos antes com essa ou outras multidões semelhantes. A parte que nunca entendemos corretamente são suas mentes, porque essa é uma ciência realmente difícil, e por isso fazemos suposições ainda maiores. É por isso que as pessoas usam palavras como pânico e debandada, porque não se esforçam o suficiente para tentar entender o que acontece na cabeça das pessoas durante esse processo em que o normal é substituído pela emergência.
Analisando uma multidão de 5.000, 50.000 ou 500.000, chegamos à conclusão de que não haverá duas pessoas idênticas, mesmo que haja gêmeos idênticos. Eles terão vivido parte de suas vidas separados e, portanto, suas próprias experiências serão ligeiramente diferentes, o que significa que podem reagir de maneira diferente a diferentes circunstâncias. E se a mesma multidão vier ao mesmo show no mesmo campo na próxima semana, eles ainda serão diferentes porque têm novas experiências para trazer com eles. Eles terão aprendido alguns atalhos e da experiência anterior mal ou bem-sucedida. Muito embora certos aspectos da segurança da multidão possam ser alocados, o gerenciamento ou a manobra, manterá a responsabilidade geral para garantir a segurança do público.
Alguns perigos apresentados por uma multidão podem ser fatores de risco e devem ser levados em consideração: Planejar barreiras, modelos de design e layout adequados, a geografia, o solo e a topografia, a presença de serviços subterrâneos, por exemplo, tubos de água, cabos elétricos, o clima - pressão do vento e / ou da multidão e o número da audiência e o comportamento dessa massa. Escorregar ou tropeçar devido a áreas inadequadamente iluminadas ou pisos mal mantidos e à acumulação de lixo, Colapso de uma estrutura, como uma cerca ou barreira, que cai na multidão, pessoas sendo empurradas contra objetos ou pisoteadas, como equipamentos de cozinha não guardados e quentes em uma barraca de comida etc.
O Movimentos da multidão por acúmulo excessivo de pessoas num mesmo setor, podem obstruir as rotas de fuga gerando desespero e colapso na segurança onde atualmente, um dos modelos mais utilizados é a modelagem e a simulação de multidões, que tem sido tema de estudo em diferentes áreas da ciência, devido a um número considerável de aplicações. Os modelos para simular multidões podem ser utilizados na indústria do entretenimento, com o propósito de simularem realisticamente o movimento de um grande número de humanos virtuais, possibilitando dirigi-los de uma maneira tão simples quanto da simulação de um único humano virtual (por exemplo, em filmes e em jogos), para povoar ambientes virtuais imersivos com a finalidade de aumentar a sensação de presença (por exemplo, em ambientes virtuais colaborativos), para simular o movimento de multidões, com a finalidade de avaliar ambientes complexos de difícil deslocamento para grandes concentrações populacionais (por exemplo, simular o fluxo de pessoas evacuando um estádio de futebol após uma partida), entre outras aplicações.
Outros aspectos são fatores de risco em grandes concentrações de pessoas tais como: Esmagamento entre pessoas, Esmagamento contraestruturas fixas, como barreiras, Comportamento agressivo, Comportamento perigoso, como escalar equipamentos ou jogar objetos.
Minha análise está amparada na elevação do nível de PERCEPÇÃO DE RISCO, SAFETY e SECURITY, produzir PROCESSOS BEM AJUSTADOS e principalmente a COOPERAÇÃO entre os diversos atores qualificados.

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