Morrer é ser esquecido

Não me refiro à morte física, é apenas uma associação, e neste sentido ressalto o “morrer” como uma analogia, tornar-se menos vivo, sem importância, perder o brilho, apagar.

Este titulo foi tirado de mais uma brilhante palestra de Mario Sérgio Cortella.

Mais que uma homenagem ao insigne professor que conheci na Fundação Dom Cabral, o titulo chama a minha atenção para o descaso que o ser humano representa para a sociedade, para o mundo corporativo logo após a sua a sua morte, ou melhor, sem morrer.

Parece uma brincadeira, um jogo, mas não é.

Não me refiro à morte física, é apenas uma associação, e neste sentido ressalto o morrer como uma analogia, tornar-se menos vivo, sem importância, perder o brilho, apagar.

Exemplificando, posso ressaltar que a grande maioria de executivos perde o seu valor logo que perde o seu guarda-chuva corporativo. Isso sem contar com os riscos da desestabilização psíquica e somática.

O ponto de discussão deste artigo é o trabalho ou a falta dele, principalmente, o que ele representa em valores para a sociedade.

Um valor importante que vai além da subsistência, o trabalho é respeito é influência é reconhecimento, é motivação.

A sua perda representa um sentimento de culpa, a perda da autoestima, à omissão de colegas e “amigos”, sem falar do próprio mercado, e mais de uma infinidade de gente que se utilizou da sua amizade e importância, e hoje fazem questão imediatamente de esquecer, que você existe sem precisar morrer, isto em sentido figurado.

Sem querer questionar a importância do capital financeiro que visa a produtividade o lucro, vivemos em uma sociedade preconceituosa com alguns valores questionáveis, e envelhecer é um deles.

Mais que um desrespeito ao ser humano, esquecemos que a experiência e o conhecimento continuam presentes. Entendo a importância da vida útil, porem, existem soluções que podem atender as empresas e o ser humano.

Neste cenário não podemos omitir as contribuições tecnológicas e econômicas que o capitalismo proporciona, não esquecendo que mercado e empresa não são instituições beneméritas, ainda assim há formas e alternativas que podem minimizar o respeito à contribuição e a vida.

Mas como nem tudo é lucro, o capital também produz aspectos negativos, provocando mudanças econômicas e sociais, principalmente, numa sociedade de muita informação e competitividade. Uma sociedade apoiada na tecnologia, na modernização da produção, porem, essa evolução subtrai cada vez mais um número maior de postos de trabalho, acentuando assim, o problema social com uma enorme falta de emprego.

Isto ocorre com mais intensidade devido a grande oferta de mão de obra. O resultando é óbvio: salários cada vez mais baixos e aumento cada vez maior da disparidade econômica.

A vida que conhecemos esta sendo alterada, tendo como consequência uma mudança comportamental no respeito ao ser humano.

Para melhor exemplificar na Etimologia, o sentido da palavra na associação com a morte, reporto-me a palavra grega Thanatos, que significa separação.

Ainda assim a palavra pode estar associada a uma construção positiva. “Quase morri, mas consegui chegar ao topo”.

No sentido oposto, “Cansei de morrer, a maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos”.

Talvez esta frase ajude a conceituar o meu artigo para você que esta começando a sua vida corporativa ou para quem já trabalhou ou está acabando.

Em qualquer das circunstâncias podemos considerar que esta realidade tão frequente na vida corporativa pode no futuro resultar num bloqueio criativo, em depressão, em angustia, em desmotivação, tendo como resultado a raiva a tristeza, e pior que tudo, a perda da autoestima.

Quaisquer destes exemplos significam que morrer representa uma simbologia, que tende a ser desencadeada por um sentimento de fuga da realidade, um sentimento que tem que ser avaliado e combatido,

Muitas vezes esta realidade não representa dinheiro ou sucesso, representa falta de reconhecimento, que se transforma em mediocridade em fracasso.

Diante desta realidade, penso que tanto as empresas quanto os seus executivos, tem responsabilidade. São exigências cada vez maiores para ambos, gente e empresa, assim é fundamental a objetividade, e um grau de consciência social.

Para o homem; é reconhecer o seu compromisso com a inovação, uma realidade concreta em todas as suas atividades. Para a empresa o gerenciamento, a informação e a preparação da força humana para as mudanças.

Neste contesto, uma das grandes prioridades é a humanização, o respeito, e isso implica um autogerenciamento, uma responsabilidade coletiva, não apenas para quem sai ou fica, através de uma colaboração sistêmica.

Ai pergunto: o que as empresas ou cada um de nós pode ou deve fazer para evitar um problema crônico que é uma realidade de mercado?

Obrigado

Edmundo M Almeida

Professor, Mestre em Comunicação

e Consultor MICE+T Brasil