É proibido ser Velho

Nas empresas, diante da competitividade acirrada, os mais velhos são olhados como dinossauros, talvez achando que o vanguardismo está associado à nova geração, um privilegio da juventude.

Antes de iniciar o meu artigo, devo esclarecer que a falta de sensibilidade do título faz parte de uma liberdade criativa, portanto, a utilização de uma expressão popular. Nada mais é que um mote, um apelo à leitura, um desafio.

É bom deixar bem claro que não tenho nada contra a chamada terceira, quarta ou quinta idade, até porque caminho para ela a passos largos.

Agora, cá entre nós, que coisa preconceituosa rotular pessoas para estabelecer benefícios.

Independentemente da intenção, se é boa ou má, tudo é feito debaixo do estabelecimento de uma regra, de uma convenção, que determina as (limitadas) obrigações e deveres com os cidadãos da terceira idade.

Logo, sem essa regra, que determina os procedimentos sociais, morais e éticos, qual de nós se sentiria obrigado a praticá-la?

Tudo ficaria no livre arbítrio, seria o melhor dos mundos, não precisar de regras para se respeitar a cidadania e, obviamente os mais velhos, nossos pais e avós.

Mas, todos sabemos que isso é utopia, se com regras já é difícil respeitar imaginemos como seria a realidade da nossa sociedade sem elas.

Não dá para imaginar, os preconceitos, os padrões de preferência, a rejeição em relação a membros de grupos sociais diferentes.

A minha imaginação me remete a algo muito feio, meio fascista, se é que existe um meio termo que justifique estas anomalias sociais.

Ideais nazistas, xenofobia, racismo, até rotulação de castas na Índia, ainda que na religião Hindu seja natural, eles são coerentes com os seus princípios religiosos, mesmo que discutíveis.

Na nossa sociedade preconceituosa, tudo é feito na base do sofisma, da hipocrisia. Hoje, tudo é envelopado dentro do chamado politicamente correto, para Inglês ver.

Parece brincadeira, mas, nunca foi tão verdade aquela expressão utilizada nas empresas quando um funcionário é antigo: “Este faz parte dos moveis e utensílios”.

Nesta nova realidade midiática nunca se escutou tanto a palavra é proibido.

Como se a sua utilização impedisse ou gerasse um sentimento coletivo de responsabilidade social. Palavras o vento leva, e como diz o ditado, depois de atiradas não voltam mais.

Proíbe-se a naturalidade, o verdadeiro.

As nossas vidas passam a ser regidas por falsos padrões éticos morais e sociais, cujo único objetivo é agradar, preservar uma imagem midiática, ainda que seja absolutamente artificial.

Mas voltando à nossa história, trazendo-a para o mundo corporativo, o resultado é catastrófico, a autoestima está na reserva, e o pior, não temos posto para abastecimento.

Nas empresas, diante da competitividade acirrada, os mais velhos são olhados como dinossauros, talvez achando que o vanguardismo está associado à nova geração, um privilegio da juventude.

Assim, a experiência passa a ser algo relativo.

Quanta arrogância.

Estes e outros preconceitos começam a fazer parte do cotidiano das empresas, na sociedade, nas escolas, porem, neste caso é outro tipo de preconceito.

Eles são vistos com naturalidade, com parcialidade, afinal, na maioria das vezes o preconceito não vem acompanhado de agressão, aparentemente não é visível, o preconceito é sutil, é metódico na sua destruição do subconsciente.

Quem a pratica sempre quer demonstrar o contrario, harmônico, olha com condescendência, com um sorriso paternal e protetor.

Se temos a infelicidade de fazer uma citação, uma referência a um passado não tão distante, imediatamente somos rotulados de retrógrados, de saudosistas, de gente que estagnou no tempo.

Por hora acho que é uma mudança cultural, mas, ainda não é endêmica.

Fiquem tranquilos, a gloriosa globalização se encarregará disso logo, logo.

Obrigado pela leitura.