Cadê os signatários do turismo? Inclusive o seu secretário?

Hoje o meu artigo é sobre turismo, o que em princípio não é nada demais para os nossos leitores.

Hoje o meu artigo é sobre turismo, o que em princípio não é nada demais para os nossos leitores.

Considerando que nossos leitores são especialistas nesta área, vou tentar trazer para este veículo uma realidade e um universo nem sempre citado em entrevistas ou artigos.

Não sou um especialista em turismo, mas, isso não significa desconhecimento para avaliar problemas e modelos que significam ou podem indicar questões mais serias.

Além de usuário e consumidor, sou um homem de comunicação e marketing que está disposto a compartilhar conhecimento percepções e realidades, de uma atividade tão importante para a cultura e economia do país.

Como milhões de Brasileiros, estou em reclusão, abrindo pequenas exceções para obrigações caseiras e compra de produtos de primeira necessidade.

Por uma necessidade particular, e também por uma necessidade de ter outro olhar mais assertivo, resolvi oxigenar pulmões e cabeça, resolvi hibernar mais uma vez, só que desta vez numa praia do nosso litoral.

Neste cenário maravilhoso, sem fazer nada do usual, como velejar e nadar, tenho me dedicado a avaliar realmente os problemas do turismo na cidade, entre eles, o clima conflituoso do trade. Principalmente o dos receptores de turismo da cidade.

Uma oportunidade que foi me oferecida na condição de espectador para futuramente poder desenvolver um trabalho de comunicação para a cidade.

Um trabalho sustentado por uma a comunicação séria e imparcial, marcada pela informação seletiva e sem emoções. Uma avaliação ao vivo e a cores, sem interferências ou opiniões de terceiros. Na realidade uma avaliação de quem ama a cidade e gostaria de vê-la sendo citada sem críticas.

O resultado não foi o esperado, foi pior, o que lamento muito por mim e por todos que amam a cidade. Não busco problemas. Apenas alertar conscientemente e esperar de quem de direto alternativas e soluções eficazes.

Conclusão: a cidade não está preparada para receber um turismo de qualidade, e este é um dos pontos chave das minhas críticas.

De uma maneira geral, a população não se beneficia da atividade turística, o que para mim representa exclusão social. Outro ponto que chamou muito a minha atenção é a não valorização digna da sua cultura.

Nas poucas manifestações culturais que acontecem, elas são subaproveitadas, atendem a tradições parciais, porém, sem torná-las objeto de divulgação para um desenvolvimento futuro.

Outro ponto importante que chama a minha atenção:

A cidade não tem infraestrutura, em todos os níveis, para atender uma demanda exigente, que paga bem e recebe pouco. Exemplo: turismo corporativo.

Falando em pagar bem, o mercado daqui não dorme no ponto. Preços inflacionados, muitas vezes superiores ao que se pratica na capital. Já o atendimento, que é de terceiro mundo, deixa muito a desejar.

O trade reclama que não tem negócios, porém, não investe em qualidade de atendimento. Pior, a população reclama do turismo desenfreado (muitas vezes com razão), ainda assim, não enxerga as oportunidades que a cidade pode oferecer.

Aculturamento geral é prioritário. Com poucas exceções, a capacitação é medíocre. E as poucas iniciativas nesse sentido são feitas pela Associação Comercial, em parceria com o SEBRAE, aliás, muito bem-feitas.

Ai eu pergunto: cadê os signatários do turismo, inclusive o seu secretário?

É lamentável que uma cidade linda como Ubatuba não se aperceba da importância de um turismo de qualidade. E neste caso específico, a responsabilidade não é só da Secretaria de Cultura. É da Prefeitura, do Estado, e também da falta de empreendedorismo dos empresários.

E os problemas não param por aí: ensino e saúde são precários, escolas técnicas e superiores não existem, e diante de uma necessidade física urgente, como saúde, a cidade não tem hospitais, apenas uma Santa Casa esperando um milagre do santo.

Tem clínicas, mas ainda assim, na sua grande maioria, carecem de médicos. Um problema bem conhecido no Brasil.

Dando continuidade às minhas observações construtivas, chamo a atenção para os acessos à cidade, complicados no verão e nas festas. Chega-se a levar mais de uma hora para percorrer uma distância de pouco mais de cinco quilômetros para entrar na cidade. Isto sem falar da maioria das ruas do entorno, esburacadas, sem recolha de lixo e sem saneamento básico. Na maioria das ruas e condomínios, as casas de alto padrão ainda utilizam a velha e primitiva fossa.

Há tem um aeroporto, sim. Mas sem condições de receber aeronaves de passageiros. Isto sem falar nos táxis, que cobram preços para turista americano.

Turismo seletivo ou turismo de experiência é uma falácia. Está tudo largado, o que é lamentável.

Reportando-me a experiências pessoais, vejo quanto o turismo internacional investe, proporcionando recursos, divulgando, criando histórias onde não há histórias, e aqui em Ubatuba, uma cidade com uma riqueza histórica incomparável, vive no limbo e no ostracismo.

Por sorte o município que tem as melhores praias do litoral norte, sempre lembrado pelos amantes da cidade, em especial os velejadores que não dispõem de uma marina pública. As poucas que a cidade dispõe são particulares, obviamente disponíveis apenas para um extrato de turistas velejadores que frequentam a cidade.

O objetivo deste artigo é lembrar que nada do que eu escrevi tem a ver com a Pandemia, uma desculpa para atenuar as responsabilidades, o problema é antigo e todos sem exceção têm responsabilidade.

A omissão é geral, de agentes de turismo, trade, população e governo. Todos têm a obrigação de se conscientizar que cuidar da cidade é cuidar da vida, e plantando tudo dá.

Para que isso aconteça e se torne uma realidade precisamos de uma mudança educacional, apoiada na capacitação e formação profissional adequada.

Ai temos a sustentabilidade do turismo.

Obrigado pela leitura.

Edmundo Monteiro de Almeida