
O apelo turístico do Brasil tanto na área de investimentos portugueses quanto na área de visitantes de Portugal teve uma redução significativa nos últimos anos e há vários fatores que contribuíram para esta situação de acordo com o embaixador de Portugal, Francisco Seixas da Costa. Durante homenagem recebida nesta sexta no segundo dia da XI Brazilian Hospitality Investment Conference, em São Paulo, Seixas fez questão de falar dos problemas justamente por considerar o Brasil um país aberto para discutir as dificuldades e buscar soluções.
"Nos últimos dois anos, principalmente, tivemos uma redução não só de turistas portugueses mas também de investidores no mercado de imobiliário turístico, voltado em sua maior parte para o Nordeste. Hoje em dia há muita competição no setor e muitos países estão apostando no turismo e na captação de investimentos em Portugal", ele diz. O número de visitantes portugueses caiu de 5,5 milhões para 5 milhões de 2005 para 2006.
Os motivos para essa redução, segundo ele, estão ligados à valorização do real., às burocratização existente na área de empreendimentos imobiliários e às condições econômicas mais desfavoráveis, como aumento das taxas de desemprego por exemplo. Ele não coloca a segurança como uma razão importante para desmotivar viagens para o Brasil, alegando que geralmente os portugueses ficam hospedados em pousadas ou resorts em regiões do Nordeste.
Seixas acredita que a própria Embratur já se conscientizou desse problema. "Chegou a hora de enfrentar o desafio e procurar mudanças em parceria. É preciso trabalhar o mercado turístico em Portugal, divulgar melhor o Brasil, passar mensagens positivas e de interesse. Para isso o Brasil tem a vantagem de atrair pela língua, a cultura, a tradição, o carinho entre seus povos e a facilidade de contar com 60 vôos semanais da TAM, número que será reforçado com mais 5 novas linhas a partir de fevereiro". O novo foco é Brasília, com destaque para a região centro-oeste, pantanal e Amazônia, alem de Belo Horizonte, procurando atrair as cidades históricas como destino turístico. Mesmo com tantas facilidades na malha aérea, o embaixador explica que atualmente há mais estrangeiros do que portugueses viajando para o Brasil.
Na área de investimentos, Seixas comenta como a falta de planejamento e a burocracia têm dificultado bastante a captação de investimentos e o andamento dos empreendimentos já em curso. "Os empresários queixam-se, com razão, das surpresas e entraves burocráticos que encontram pelo caminho. Esses problemas desencorajam novos investimentos porque trazem instabilidade. Chegou a hora da união para criar uma agenda de desburocratização que poderá atrair não só os portugueses, mas empresários de outros pontos da Europa".
Campos de Golfe
Nos últimos anos, há uma tendência grande em Portugal de atrair turistas europeus (britânicos e nórdicos estão entre os mais interessados) para regiões como o Alentejo e o Algarve onde foram construídos campos de golfe nos imobiliários turísticos. Além de garantir ocupação em baixa temporada, Seixas diz que essa modalidade alcança justamente os turistas de alto poder aquisitivo, e que também poderia ser pensada como uma nova alternativa para ampliar o fluxo de turistas no Brasil, que conta com grandes áreas, clima ameno e água.
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