8º Congresso Abrape terminou com perspectivas positivas para o setor de eventos

Ricardo Amorim, economista, garantiu que o mercado deve crescer mais do que a economia brasileira, ao encerrar o congresso durante o segundo e último dia de evento, que também foi marcado pela entrega do Prêmio de Responsabilidade Empresarial - PRESE
Ricardo Amorim encerra o 8º Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos

Os 1.600 participantes do 8º Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos saíram do evento prontos para aproveitar oportunidades e otimistas em relação ao futuro da indústria de eventos no Brasil. Pelo menos foi essa a expectativa deixada pelo economista Ricardo Amorim, que encerrou a programação do CBPE com a mensagem proposta desde o início pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE): levar conhecimento aos representantes do segmento, ao mesmo tempo em que promove o networking e a troca de experiências. Não é à toa que o encontro, de âmbito nacional, a cada ano se torna mais completo com a discussão de diferentes temas relacionados a toda cadeia produtiva de eventos.

O setor de eventos saiu machucado da pandemia, porém valioso”, garantiu Amorim, certo de que o mercado tem potencial para crescer mais do que a economia brasileira. E quando se trata de traçar um panorama da situação do País, o especialista reforça que é preciso olhar para as oportunidades, apesar dos problemas. Isso envolve aproveitar o crescimento de setores como o imobiliário, automobilístico e industrial, que estão sendo diretamente impactados pela baixa da inflação e queda nas taxas de juros. De forma geral, surpreender foi a palavra chave da palestra, diante do incremento brasileiro em comparação aos países desenvolvidos. E na prática, esse também deve ser o papel dos promotores de eventos, ou seja, entregar algo que a pessoa não estava esperando receber.

Você tem na mão o melhor produto do mundo para surpreender, mexer com as pessoas e falar algo que elas não imaginavam, e vão sair contando. As pessoas não estão acostumadas a ser positivamente surpreendidas com serviço. Não é o que a gente vê que importa, mas como a gente é visto. Quem tem que falar bem do que você faz é o cliente e não o departamento de marketing. Se criar algo legal, as pessoas vão postar nas redes sociais e falando para todo mundo. Quem foi ao Rock In Rio e não postou, não foi ao evento”, enfatizou o também empreendedor e ex-apresentador do programa Manhattan Connection da Globo News, que finalizou “As grandes oportunidades existem quando ninguém mais acredita nela”.

Encerramento 8º Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos

Experiências inspiradoras

Ações de ativação utilizadas durante a pandemia, período de grande desafio para o setor de cultura e entretenimento foram apresentadas como cases de sucesso durante o primeiro painel do segundo e último dia do Congresso, realizado no Vibra São Paulo. Ao tratarem do tema Experiências de Grandes Marcas no Mercado de Eventos, os participantes enfatizaram a importância dos eventos para conectar o consumidor ao produto por meio de uma experiência completa, que pode envolver desde o uso de tecnologias até collabs entre marcas para amplificar a comunicação.

Para o diretor de Patrocínios e Marketing de Experiências da Ambev, Felipe Bratfish, o excesso de informações que chega até o público atualmente torna cada vez mais difícil chamar a atenção do consumidor. Diante desse cenário, as empresas têm apostado no investimento em entretenimento para alcançar e reter o cliente final. “O evento pode ser um hub de sinergia de marketing”, destacou.

E é exatamente esse o pensamento da Managing Director at Moët Hennessy do Brasil, Catherine Petit. Ela deixou claro que a missão da marca inserida no ramo de bebidas, como o espumante Chandon, é criar experiências inspiradoras, gerar desejo e a vontade do consumidor de comprar, consumir e curtir. “Para nós o conceito de evento é extremamente importante, é a melhor forma de apresentar nossas marcas e criar experiências especiais onde o consumidor pode ficar inspirado, querer consumir e comprar mais. Ele tem muitas facetas e canais onde podemos nos exprimir”, destacou a executiva da organização francesa.

A empresa foi uma das que mostrou, na prática, que a crise é realmente capaz de gerar grandes oportunidades. Após sentir os reflexos da situação econômica do Brasil entre 2015 e 2016 e, em seguida, o “golpe final” com o surgimento do Covid 19, a Moët Hennessy se reinventou e transformou os desafios na famosa Casa Chandon, conhecida internacionalmente. O espaço itinerante surgiu a partir da necessidade de lançar a nova identidade visual da marca. A expectativa inicial era apresentar o novo rótulo em um clássico evento para milhares de pessoas em meados de 2021. No entanto, o período ainda estava marcado pelas restrições sociais impostas pela pandemia.

Usamos muita inovação e criamos um espaço imersivo para receber clientes e parceiros, numa casa que ficou durante quatro semanas. Trouxemos os vinhedos para a cidade, havia um espaço de degustação e de almoço com chefs brasileiros. Recebíamos grupos de 40 pessoas por vez, totalizando 2 mil pessoas. Todos os anos nos ligam para saber quando vamos abrir, mas era um evento efêmero. Decidimos, então, levar essa casa através do Brasil. Em 2022 fomos para o Rio e esse ano para Recife. Pretendemos ir para outras cidades para oferecer experiência para os consumidores e também clientes e parceiros”, explicou Catherine.

Na Volkswagen a situação não foi diferente, afinal quem não assistiu ou ouviu falar da famosa da campanha de 70 anos da empresa automobilística protagonizada por Maria Rita e Elis Regina? A montadora alemã utilizou recursos da Inteligência Artificial para emocionar os 5 mil participantes da festa de comemoração do aniversário da marca. O objetivo foi aproveitar um momento de experiência para se conectar com o consumidor.

Apesar do filme ser uma campanha, ela nasceu de um evento de um momento de experiência. A ideia era ter um encontro de celebração com os principais stakeholders. Não tínhamos previsto dinheiro de mídia para a campanha. Aproveitamos o momento de integração para reverberar a campanha com força. Ao término do evento, a gente mandou um agradecimento para os convidados pelo whatsapp e o filme de 70 anos. Todos receberam simultaneamente. Teve uma repercussão rápida da forma menos tradicional possível”, disse a gerente Executiva de Marketing da Volkswagen Brasil e SAM, Livia Kinoshita.

PERSE 

Os deputados federais Felipe Carreras e Renata Abreu, também marcaram presença no evento. Eles foram considerados parceiros fundamentais da Abrape para a aprovação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), criado para amenizar os impactos da pandemia no setor. “A Abrape se fortaleceu na pandemia, quando ninguém sabia como ia pagar as contas, ela viu a importância do associativismo. Ela não é só uma entidade que representa os produtores, mas liderou o G20. É uma referência de gestão e liderança do setor”, observou Carreras. “O PERSE era impossível. Estávamos no bastidor e foi a união que fez ele se tornar realidade. Foi um trabalho coletivo. E é esse trabalho coletivo que está fazendo a diferença para milhares de pessoas no País. A política é a ferramenta que transforma”, complementou Renata.

ESG

A adoção de estratégias ESG, voltadas à sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, já se tornou prioridade nas empresas, sendo vista como essencial, inclusive, para a atração de investidores. A Ambev é uma das empresas, cujo planejamento envolve projetos com impactos significativos nos principais pilares de desenvolvimento do País. De acordo com a Vice-Presidente de ESG da Ambev, Carla Crippa, as metas de sustentabilidade da companhia envolvem gestão de água, agricultura sustentável, ações climáticas e embalagem circular.

Um dos destaques da apresentação de Carla ficou para o programa de inclusão produtiva que vai atuar em três frentes: conhecimento, apoio financeiro e conexão. A iniciativa foi batizada de “Bora” e tem como meta dar novas perspectivas para 5 milhões de pessoas nos próximos dez anos. Para isso, o projeto tem como foco ajudar os brasileiros a enfrentarem a pobreza e servir de apoio para quem busca novas oportunidades ou quer alavancar o negócio próprio. “É uma jornada de mobilidade social por meio da inclusão produtiva”, ressaltou a vice-presidente.

Quando se trata de engajar os funcionários, Carla explicou que no caso dos mais jovens, não existe esforço nenhum, pois o engajamento já vem de baixo pra cima e eles já entram perguntando se a empresa está alinhada com o que esperam. “Quando vem da alta liderança, é algo que já aconteceu faz tempo, pois os projetos são antigos. O grande desafio é como conseguir pessoas que estão há mais tempo e não tiveram letramento sobre o tema. A estratégia é falar, engajar e treinar”.

Sobre a implantação dos projetos ESG nas empresas, o primeiro passo é ter iniciativa e entender que é uma necessidade. “Muitas vezes o pensamento é fazer algo grande e transformar o mundo, mas não precisa ser assim. É fundamental avaliar onde tem impacto, identificar o nosso cenário, contexto. Começar é o mais difícil, ter referência, buscar inspirações, pensar no seu contexto", disse o vice-presidente de Estratégia e Integração da plataforma Ambev. “ESG não é competição, é colaboração. Quanto mais a gente trocar vai perceber que a necessidade de ser sustentável não é uma barreira, mas vai impulsionar”, complementou o diretor de Patrocínios e Marketing de experiências.

Além dos projetos inovadores em ESG, a Ambev, em parceria com ABRAPE, também trouxe uma novidade para o congresso da entidade, o Prêmio de Responsabilidade Empresarial no Setor de Eventos - PRESE 2023, cujos vencedores foram conhecidos durante o último dia do encontro. O objetivo é fomentar o desenvolvimento de mais práticas de sustentabilidade ambiental, social e de governança no segmento. Os vencedores em cada categoria foram Projeto de Meio Ambiente com investimento até R$ 50 mil, Projetos de Meio Ambiente com investimento acima de R$ 50 mil, Projeto Social com investimento até R$ 50 mil, Projeto Social com investimento acima de R$ 50 mil, Projeto de Governança com investimento até R$ 50 mil e Projeto de Governança com investimento acima de R$ 50 mil. A lista completa com os 49 projetos finalistas e os vencedores está disponível no site da ABRAPE.

3ª Expo ABRAPE e Academia Forma & Transforma

Em paralelo ao congresso, aconteceu a 3ª Expo ABRAPE, uma feira com mais de 20 expositores que apresenta soluções de estruturas e serviços, escritórios artísticos, tecnologia e inovação voltados aos eventos de cultura e entretenimento no País. É uma grande oportunidade para prospecções, fortalecimento de marca e, claro, novos negócios para toda a cadeia produtiva, que envolve uma centena de atividades.

Além disso, a Academia Forma & Transforma realizou cinco workshops ao longo dos dois dias do evento. O projeto promove o desenvolvimento do segmento de eventos de cultura, turismo e entretenimento. É um programa de capacitação setorial criado pela ABRAPE, que conta com a parceria do Sebrae Nacional, com foco no treinamento dos produtores de todo o país, elevando a integração nacional, inovação e sustentabilidade do mercado.

O 8º Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos contou com o patrocínio da Ambev, Sebrae, Guichê Web, GL Events e BaladAPP.

Fonte: ABRAPE