Viajantes: as 10 maiores mudanças em curso nos últimos 10 anos

Artigo de um dos principais especialistas norte-americano mostra as principais mudanças e problemas da indústria de viagens, principalmente nos Estados Unidos. Se Bill McGee escrevesse sob a ótica brasileira os tons seriam mais sombrios e as preocupações muito maiores.

Tenho escrito sobre os desafios enfrentados pelos viajantes por 10 anos. Foram 120 colunas, cerca de 12 mil palavras e vários comentários de leitores espirituosos. Este marco me estimulou a considerar que as tendências verdadeiramente monumentais têm sido, ao longo da última década, consumidores que procuram opções de viagens confiáveis, econômicas e seguras. As constatações são:

Preços a la carte: Companhias aéreas, cruzeiros, hotéis, aluguel de carros. Hoje o preço final quase sempre vem com adicionais. Na verdade, é difícil encontrar um grande divisor de águas para os viajantes do que a forma em que está sendo cobrado. A separação de preços tornou-se onipresente na viagem. Muitos cruzeiros já não são all-inclusive, cobram as taxas de embarque antecipado, enquanto que as cadeias hoteleiras aprenderam a acrescentar várias outros extras (de resort, de limpeza etc). A indústria de aluguel de automóveis também fez o mesmo. Lembra quando assistência na estrada era de graça? Isso foi antes das sobretaxas de energia, quilometragem, de pico, de serviço e até mesmo de retorno antecipado.

• A consolidação do setor: Recentemente executivos de companhias aéreas, analistas e até mesmo alguns políticos, postulam que menos concorrência acabaria por ser vantajoso para os consumidores. As fusões são muitas e fizeram com que algumas empresas simplesmente sumissem do mercado nos Estados Unidos, tais como a TWA, America West, Northwest e Continental . O mesmo aconteceu com a indústria de aluguel de carros, completamente refeita por uma década de aquisições. De acordo com a Auto Rental News, as 10 maiores empresas agora são controladas por Enterprise, Hertz e Avis.

Setores em crescimento: Outros setores estão claramente em ascensão. Temos visto o aumento de tarifa de viagens de ônibus, da terceirização de companhias aéreas de linha principal para companhias aéreas regionais e nos cruzeiros.

• Tecnologia dá ... Novos aparelhos, novas aplicações, novas formas de viajar. A última década revelou uma riqueza de ferramentas tecnológicas para ajudar nas atualizações de viagem, selecionando lugares em avião, hotéis, aluguel de carros. O viajante pode usar um dispositivo móvel para mudar seus planos, encontrar um restaurante próximo usando GPS, ou obter com desconto um hotel no mesmo dia por meio de um aplicativo, colhendo grandes benefícios deste crescimento.

• E a tecnologia tira ... No entanto, mesmo com a sofisticação da tecnologia, existem muitos desafios para os consumidores. A ironia é que fomos tão longe nos últimos 10 anos, porém ainda há obstáculos maiores do que nunca para os viajantes que procuram informações completas e precisas de preços.

• Segurança: Todas as formas de transporte estão agora sujeitos a atrasos e cancelamentos por causa da segurança. Enquanto isso, todos os grandes espaços públicos, incluindo trem, estações de ônibus, parques temáticos, portos de cruzeiros e hotéis, sem dúvida, continuarão a serem equipados com mais câmeras e dispositivos de rastreamento.

• Globalização: Nos últimos anos, os argumentos apresentados pelos CEOs de companhias aéreas para a aprovação de seus planos de fusão concentraram-se na "competitividade global". O recente fim do Boeing 787 ou preocupações sobre a terceirização da manutenção de aeronaves comprovam que os benefícios da globalização para as empresas de viagens nem sempre são voltadas aos viajantes e funcionários do setor.

• O fim da lealdade? Programas de fidelidade de viagens já não necessitam de reservas para gerar pontos ou milhas, já que você pode ganhar através de centenas de cartões de crédito e varejistas. E cada vez mais os melhores clientes nem sempre são recompensados. Enquanto as empresas de viagens ainda colhem benefícios financeiros significativos, a maioria dos programas não estão mais atraindo e retendo os viajantes com base na lealdade, a intenção original.

• Desintegração da infraestrutura: Aeroportos, linhas ferroviárias, rodovias, pontes e túneis, a necessidade de reconstruir tornou-se aparente. E na próxima década esta questão poderia facilmente chegar a uma crise nos Estados Unidos. Como eu disse em 2011 ao escrever sobre o Next Generation Air Transportation System, o sistema de controle de tráfego aéreo da nação está ultrapassado e o impasse, que já dura anos em Washington, continua até hoje.

• Os custos de combustível e emissões de carbono da viagem: Muitos executivos de viagens diriam que o fator mais importante que afeta a indústria do turismo nos últimos anos tem sido o custo crescente do combustível, particularmente para as companhias aéreas. O que torna ainda mais irônico é que Richard Branson, da Virgin Atlantic, está praticamente sozinho entre os colegas CEOs ao tomar a iniciativa de investir em formas alternativas de energia. A viagem tem um enorme efeito sobre o meio ambiente. Mas, como já assinalei em 2008, a dificuldade em quantificar a quantidade de carbono está fazendo com que muitos questionem se as ações da indústria de viagens não são poucas e se não serão aplicadas tarde demais. Se assim for, vamos saber muito antes de outros 10 anos decorrido.

Tradução 

Bill McGee, editor colaborador da Consumer Reports é um despachante de aeronaves licenciado que trabalhou nas operações aéreas e gestão por vários anos.

Fonte: Tradução: Adriana Machado