A sustentabilidade está deixando de ser um diferencial para se consolidar como pilar estratégico para empresas do setor de eventos. Embora ainda exista muito trabalho pela frente, já é possível observar o quanto já foi feito nos últimos anos em relação às práticas sustentáveis nessa indústria. Essa foi uma das mensagens do painel Sustentabilidade que transforma: impacto real nos negócios e na sociedade, moderado por Daniel Costa, da Evento Sustentável, durante o Fórum Eventos 2025. Apoiado na pesquisa inédita realizada pelo Grupo Conecta Eventos em parceria com a Evento Sustentável, o painel contou com as participações de Araceli Silveira, EVP Audience & Sustainability da Informa Markets Latam, e Juliana Patti, head de Eventos e Gestão de Compliance para América Latina da Bayer.
Segundo a pesquisa, 75% das empresas entrevistadas afirmam que a relevância do ESG em suas operações está acima de 80%. Ainda assim, apenas 66% aplicam efetivamente práticas de ESG em seus eventos e 43% possuem uma área dedicada ao tema. O desafio, portanto, está em transformar a conscientização em ações sistemáticas, com impacto mensurável.
A Informa Markets, maior organizadora de eventos B2B do mundo, compartilhou sua experiência com o programa global Fast Forward, cuja implantação no Brasil começou em 2022. Estruturado com base nos três pilares do ESG — ambiental, social e de governança —, o programa estabelece metas mensuráveis e passa por auditorias conduzidas pela matriz em Londres. Mesmo sem um orçamento exclusivo para sustentabilidade, a iniciativa obteve forte engajamento das equipes, consolidando uma cultura voltada ao impacto positivo. “A cultura ESG surgiu naturalmente porque já existia nas pessoas. Nosso papel é ativar isso”, afirmou Araceli Silveira.
Já a Bayer, que viu sua agenda de sustentabilidade se intensificar durante a pandemia, estruturou um programa global com cinco compromissos ESG, que hoje permeiam toda a jornada dos eventos da empresa. Juliana Patti relatou que o programa envolve desde o redesenho de estandes para reaproveitamento em longo prazo até ações de inclusão, como o atendimento a surdos em seus espaços físicos dentro do escritório da empresa. “Sustentabilidade é uma jornada dinâmica. Mais do que uma meta, é uma forma de pensar, criar e agir”, afirmou.
Pressão positiva dos clientes
A pesquisa indica que a demanda por eventos mais sustentáveis parte, principalmente, dos clientes finais, que representam 63% dos entrevistados. Juliana destacou como os clientes têm puxado as agências e fornecedores a assumirem compromissos concretos: “Hoje, não dá mais para dizer que é um evento Bayer se ele não refletir, de fato, os nossos valores. E isso exige uma transformação real na cadeia”.
Essa transformação, no entanto, esbarra em obstáculos ainda frequentes: 33% das empresas relatam resistência à implementação de práticas ESG, sendo os principais entraves a falta de cultura organizacional e o engajamento das equipes.
Governança e legado
Ambas as empresas ressaltaram que o eixo da governança é o mais desafiador dentro da tríade ESG. Apesar disso, é justamente nele que está o diferencial competitivo de longo prazo. A Informa trabalha com auditorias e selos de reconhecimento para expositores em suas feiras, e já conseguiu que 92% atingissem o nível bronze. A Bayer, por sua vez, realiza diagnósticos e planos de ação com fornecedores para elevar o padrão de sustentabilidade em todas as etapas do evento, o que também impacta positivamente na rentabilidade das agências e na reputação da marca.
Foi opinião unânime entre os debatedores do painel que a sustentabilidade começa no indivíduo, mas precisa ser institucionalizada, com processos, metas, avaliação de resultados e comunicação transparente com todos os stakeholders. Afinal, é no dia a dia que se constrói a excelência sustentável.
Confira no arquivo abaixo o resultado completo da pesquisa
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