Durante sua participação no Fórum Eventos, Tomas Miranda, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Sympla, provocou a plateia ao propor uma reflexão sobre o futuro do setor a partir da consolidação da inteligência artificial (IA) como ferramenta estratégica de negócios. Fugindo dos clichês, Miranda trouxe uma visão prática e realista do impacto da IA nos próximos dez anos, e como ela já está moldando o presente.
“Inteligência artificial não é algo tão moderno assim. Quando entrei na Sympla, em 2012, ela já fazia parte do nosso cotidiano”, lembrou. Segundo ele, a IA é, essencialmente, uma tecnologia capaz de combinar partes distintas de informação para alcançar um objetivo, respeitando regras previamente definidas. “Toda inteligência artificial é, no fundo, um grande corretor de texto. Ela entende o contexto, reconhece padrões e aprende com a experiência, como se estivéssemos educando uma criança.”
Na plataforma da Sympla, a IA está presente em diversos processos, como nos algoritmos de análise de risco, na recomendação de eventos personalizados para compradores e até na geração de textos descritivos para páginas de eventos. “Ela cria conteúdos inteiros de forma sintética. Por isso, saber dar comandos é essencial”, ressaltou.
Miranda também falou sobre o ChatGPT, explicando seu funcionamento e o processo contínuo de treinamento da ferramenta, baseado em grandes volumes de dados, categorização de padrões e alinhamento de respostas. “A IA vai moldando sua linguagem com base na média dos dados processados. Ela se alinha à estatística, ao que é mais comum”, explica.
Esse comportamento, segundo o executivo, afeta diretamente a forma como consumimos e produzimos conteúdo, inclusive no Marketing de Eventos. Ele alertou para a perda de relevância do conteúdo gratuito na internet, à medida que os resultados orgânicos ficam cada vez mais soterrados por anúncios pago, os ADS, especialmente nas buscas do Google. “Não é o fim do conteúdo gratuito, mas ele será menos visível, de curta duração e com menor valor percebido. Vamos precisar protegê-lo em ambientes fechados, com login e senha, mesmo que continue sendo gratuito.”
Eventos como refúgios do conteúdo orgânico
A crescente predominância de conteúdos sintéticos e pagos torna os eventos presenciais ainda mais estratégicos. Para Miranda, os encontros físicos representam uma “ilha de conteúdo orgânico” em meio ao mar de conteúdos gerados por IA. “A IA ainda não consegue reproduzir o inédito, o improviso, o encontro não planejado, essas características só o presencial proporciona”, defende.
Ele destacou, inclusive, o episódio recente do Carnaval envolvendo Ivete Sangalo e Baby do Brasil como exemplo de como eventos ao vivo geram situações imprevisíveis e altamente engajadoras. “É impossível parametrizar todas as conexões que acontecem em um evento, como a situação do ‘macetando o apocalipse”, afirmou.
Cada um de nós é um algoritmo humano
Em sua fala final, Miranda comparou os indivíduos a algoritmos: “Cada pessoa é um algoritmo regulado por informações e alinhamentos diferentes. Mesmo sem processar o mesmo volume de dados de uma IA, conseguimos fazer previsões mais complexas e sensíveis.” Para ele, nos próximos dez anos, o setor de eventos terá uma grande oportunidade: oferecer experiências humanas, autênticas e insubstituíveis.
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