O cenário do Centro de Convenções de Teresina, cuja reforma foi iniciada ainda no governo Wellington Dias, há cinco anos, é de total abandono. Lixo, mato, goteiras e animais tomam conta do espaço que deveria ser o orgulho dos piauienses. Por todo lado existem vestígios de uso de drogas, como latas de refrigerante cortadas para fumar crack. São escombros de um equipamento que nunca foi concluído. A reportagem do portal 180graus esteve no local. O acesso é fácil, não há seguranças e o prédio está “caindo aos pedaços”.
Mesmo que as obras fossem iniciadas agora, ainda demoraria muitos anos para a sua finalização. A estrutura está comprometida com a exposição ao sol, chuva e infiltrações. Parte da história da cidade também corre o risco de ser destruída. Isto porque um mural foi construído no Centro de Eventos, no final da década de 80, com dimensão de 18m de altura por 40m de largura, com material acrílico sobre concreto, do artista plástico Nonato Oliveira, 62 anos. Ele possui obras espalhadas por Teresina, mas a do local é marcante e corre o risco de desaparecer.
Segundo levantamento realizado pela reportagem do site, para que o Centro de Convenções seja concluído, ainda seriam necessários, no mínimo, R$ 23,4 milhões. Mas o valor pode aumentar. O 180graus revelou que a última paralisação da obra foi provocada por omissão do poder estadual. Erros como falhas no projeto original, desentendimentos entre membros do governo e a construtora Econ, falta de fiscalização da obra e incompetência técnica na condução da reforma são motivos que estão dando prejuízos incalculáveis.
O prédio fica localizado entre a Assembleia Legislativa e a Câmara de Vereadores. A construtora demonstra que pretende terminar a reforma. O governo do Estado contesta e já afirmou na mídia local que a obra foi paralisada por responsabilidade da empresa e que pretende abrir uma nova licitação. Na ação de cobrança, diz o portal, a Econ informou que iniciou a obra após ordem de serviço assinada pelo ex-governador Wellington Dias. Mas, a construtora não sabia que a Piemtur/Setur estava irregular perante a Caixa Econômica Federal.
O resultado, segundo informa o 180graus, foram atrasos nos pagamentos para a empresa e, consequentemente, de salários dos trabalhadores. A Econ espera receber R$ 650 mil por serviço que teria realizado sem pagamento e cobra indenização (ainda não calculada) por danos materiais provocados após o embargo da obra pelo Tribunal de Contas da União. O Estado preparou uma nova licitação e tentou justificar a inexistência de culpa na situação de total abandono e destruição em que se encontra o Centro de Convenções.
O Ministério Público Federal não aceitou, num primeiro momento, a postura do governo estadual em realizar nova licitação, sem antes ter um parecer por parte da Polícia Federal. A ação do MPF está tramitando na 3ª Vara Federal. O valor real dos prejuízos aos cofres públicos só será apresentado após os laudos periciais solicitados pela Justiça Estadual e pela Justiça Federal. Mesmo sem concluir o antigo Centro de Convenções, a atual administração pública anuncia a construção de um novo equipamento.
Ele estará localizado ao lado do Parque de Exposições Dirceu Mendes Arcoverde, na BR 343. Elaborado pela empresa Mauro Lopes Engenharia, o local será dividido em vários espaços, incluindo pavilhão de eventos, arquibancada, camarote, palco, camarins, centro de convenções, pavilhão de exposições e teatro. A obra está estimada em mais de R$ 51 milhões e deve ser executada com recursos do Ministério do Turismo. A construção está prevista para ter início no segundo semestre deste ano, sem data de inauguração.
Fonte: http://180graus.com/geral/retrato-da-incompetencia-centro-de-convencoes-ha-5-anos-parado-583820.html
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