Seminário MICE RS promove conscientização sobre turismo de negócios

Secretaria Estadual do Turismo organiza evento hoje e amanhã no Centro de Eventos da Fiergs em Porto Alegre. A programação inclui palestras de autoridades internacionais, nacionais e regionais no turismo de negócios e congressos, acompanhados de especialistas nacionais e regionais, complementada por mesas redondas.
Abgail Pereira enfatizou importância de parcerias para promover o turismo de negócios no RS




Na abertura do Seminário MICE, realizado entre hoje e amanhã no Centro de Eventos da Fiergs, a secretária do Turismo Abgail Pereira afirmou que o turismo de negócios movimenta uma cifra impressionante no mundo todo, e seu turista tem gastos até 4 vezes superiores ao visitante em lazer, numa média mundial acima dos US$ 260 por dia. É portanto um segmento chave, que atrai profissionais prestigiosos e formadores de opinião. Em resumo, o MICE é uma grande ferramenta de promoção de um destino.

Em seguida a consultora gaúcha Vaniza Schuler falou sobre o funcionamento do segmento MICE no país. Ela começou traçando um perfil da parte menos conhecida da sigla no país, o Incentives, ou viagens de incentivo, que de fato premiam profissionais pelo bom desempenho em suas atividades com experiências exclusivas. “Temos com a Copa do Mundo uma oportunidade ímpar de explorar esse filão. Aqui a exclusividade é fundamental: ir no Maracanã é para qualquer pessoa. Entrar no gramado e eventualmente jogar nele ao lado de um jogador famoso e depois jantar no local, isso é uma experiência única, exclusiva, e esse é o tipo de ideia que devemos perseguir na exploração de eventos MICE”.

Vaniza traçou também um pequeno histórico do turismo de negócios no Estado, enfatizando a experiência pioneira da Vinícola Aurora em Bento Gonçalves, que abriu um mercado forte para os apreciadores amadores e profissionais do vinho. Ela teceu considerações também sobre a expertise agropecuária do Estado e a necessidade de explorar melhor eventos como a Feira de Não Me Toque, que segundo ela teria uma qualidade técnica talvez superior à da tradicional Expointer, e no entanto segue bem menos conhecida. Segundo ela, associações e universidades estão em outro universo, e devem ser trabalhadas de forma diferenciadas. “Estes participantes não vão a uma feira de turismo de lazer. É preciso ter um material e canal diferente. A linguagem é corporativa e não institucional, e quem deve comercializar são as agências de viagens corporativas. Não são somente pessoas de terno e gravata que participam de eventos, é preciso abordar outros públicos também”, acrescenta.

Vaniza revelou ainda que o viajante a negócio não pode ser considerado turista pois os seus horários são diferenciados. “No final do dia, por exemplo, os museus estão fechados. E para uma mulher sozinha, resta apenas ir ao shopping, mas por pouco tempos antes que ele feche as portas”. A consultora revelou ainda que o evento precisa ter uma boa logística, oferecer acessibilidade, segurança, opções de transporte aéreo e terrestre. “O turismo de negócio é tratado no Brasil como rato de laboratório”, acrescenta ela.

Walter Lutz de Carvalho Ferreira, assessor de Planejamento da Embratur, traçou um panorama da atividade no Brasil desde 2003, quando foi criado um ministério para cuidar exclusivamente do setor. O Brasil hoje têm escritórios de turismo focados na América Latina (Buenos Aires e Lima), na América do Norte (Nova York, Chicago e Los Angeles), Europa (Amsterdã, Frankfurt, Madri, Paris, Milão, Lisboa e Londres) e na Ásia (Tóquio) e opera segundo o grau de conhecimento de cada local ou com o público final, no caso de maior presença do país no local, ou com as agências de viagens, no caso de pouca exposição. “Em 2003 o país era 19º no ranking da ICAA e hoje somos o 7º. Em 2003 realizamos 62 grandes eventos internacionais que se enquadram na categoria MICE, em 2012 realizamos 360”, resumiu.

Jean François Renac, diretor-geral do Convention & Visitors Bureau de Toulouse, na França, apresentou um panorama geral da atividade em sua cidade. Em 2009 a comunidade tomou consciência da importância do segmento MICE e para isso constituiu uma sociedade de direito privado com um orçamento de pouco mais de 500 mil euros anuais e 4 funcionários. Hoje esse escritório quase dobrou o orçamento e passou a ter o dobro de funcionários. 

Essa empresa conta com acionistas públicos (50,5%) e privados (basicamente hotéis, agências e outros ligados ao turismo), têm presidente eleito e desenvolveu inclusive, no ano de 2010, uma marca (So Toulouse) que patrocina equipes esportivas que participem de jogos no exterior, aumentando assim a visibilidade da cidade. “É uma governança equilibrada. São tomadas decisões rápidas em reuniões feitas várias vezes durante o ano”, disse.

O resultado: em 2006 a cidade era 6ª em atração de eventos MICE na França e em 2012 passou a 3ª, na Europa era a 77ª e hoje a 42ª, e no mundo saiu de 139ª para 78ª, e o setor passou a movimentar 350 milhões de euros por ano em Toulouse. O diretor-geral declarou ainda que a cidade francesa dispõe de 4 centros de eventos e irá inaugurar em 2017 um parque de exposições de 70 mil m², sendo 40 mil m² voltados para a realização de congressos mundiais e ao custo de 300 milhões de euros. O destino oferece 18 mil leitos, sendo 4 mil de categoria econômica, ou seja, de 1 estrela.