Ritos... são inexoráveis em nossas vidas. Eles são uma espécie de liga que nos identifica e proporciona sentido em diversos momentos.
Nos permite inclusive torná-los memórias que serão lembradas com gozo e sensação de plenitude.
Estão entre nós, desde os primórdios da civilização e vão moldando-se aos novos tempos. Porém, há alguns que são perenes e outros acabam em algum momento esquecidos.
Em um mundo cada vez VUCA e BANI, os ritos oferecem estabilidade, como um porto seguro. Eles criam espaços de pausa e reflexão, onde o tempo é vivido com profundidade, seja por uma celebração e até mesmo despedida. Além disso, os ritos reforçam o sentimento de pertencimento e identidade coletiva.
Reconhecidamente, os ritos são demonstrações profundas de valores, crenças e vínculos sociais que ajudam a dar sentido à vida e a marcar suas transições mais significativas.
Em uma metáfora simbólica, os ritos são como bússolas que nos fornecem pilares de navegação pelas desafiantes travessias da vida.
Um grande colega, Manoel Marcondes Neto, cofundador e diretor-presidente do Observatório da Comunicação Institucional, na semana passada celebrou mais uma boda em companhia de sua esposa e me contou que foi surpreendido por ela com um presente diferente: um anel de formatura.
Segundo Marcondes: “Há algum tempo que eu não mais ouvia falar em anel de Grau, ou anel de Formatura, uma tradição na universidade brasileira que, como outras tradições, sofre com a erosão do tempo.”
E assim comecei a refletir e indagar quando perdemos esse símbolo ritualístico, que outrora foi tão tradicional e que hoje é raro?
No caso de uma colação de grau, o anel vincula a pessoa que o conquistou por merecimento à sua vida laboral, evidenciando que a partir daquele momento ela integra a comunidade que escolheu como propósito de sua dedicação, passando de aluno para efetivo profissional. Passagem que merece toda a pompa e circunstância por meio de solenidades de outorga de diploma e de celebração.
O anel de formatura é um símbolo de conquista acadêmica e profissional. Cada pedra usada nos anéis de formatura tem um significado específico, refletindo as características e valores das profissões. As cores das profissões geralmente estão associadas a áreas do conhecimento ou a áreas específicas, por isso cada um tem sua cor.
Tem até dedo mais indicado para seu uso. No Brasil, o anel de formatura é tradicionalmente usado no dedo anelar esquerdo, pois simboliza sucesso e brilho profissional, segundo a cultura oriental. No entanto, é comum usá-lo no dedo anelar direito para não confundir com alianças, ou no dedo médio, que representa sabedoria e equilíbrio.
Geralmente é um presente ofertado por um familiar e seu uso é liberado pós formatura, já que é um símbolo eternizado.
Na atualidade, o anel não está tão presente nas formaturas, mas carrega em si uma carga emocional tão grande e tão repleta de meritocracia, que deveria ser resgatado como tradição de forma imediata.
É tão bacana, lá na frente, manuseá-lo e relembrar o ponto de partida, revisitando todas as adversidades, alegrias, superações e conquistas, fundamentais para a trajetória alcançada.
É um objeto, sim, mas, antes de tudo é símbolo que ritualizado marca uma fase de nossas vidas.
Guardar tudo isso na memória é fantástico, mas, melhor ainda, é ter elementos que figurativamente nos levam de volta ao tempo.
Hoje, os formandos podem até considerar algo cafona ou como diria um aluno meu, algo que parece fubanga, mas não o é.
Zgmunt Bauman nos ensinou que “ na sociedade contemporânea, nada é feito para durar”
Mas um anel, representa a solidez da perseverança, algo que será preservado... e que lhe trará lembranças, que mesmo apagadas com o passar do tempo, terão nele uma conexão direta com o passado refletido no futuro, de hoje e do amanhã.
Pela volta do anel de formatura!!!! Eu assim embaixo e como estou prestes a terminar mais uma graduação... já vou providenciar mais um!

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