Provocações de uma viagem ao Japão: O que a cultura japonesa ensina a indústria de eventos e viagens de incentivo.
Um novo olhar sobre o mundo dos eventos:
Como profissional do mercado de eventos, viagens e experiências, tenho o privilégio de conhecer diferentes partes do mundo, vivenciar culturas, formas de convivência, gastronomias e modos de vida diversos. Foi com esse olhar curioso e aberto que decidi ampliar ainda mais meus horizontes, incluindo, pela primeira vez, a Ásia nesse meu roteiro global de descobertas. Escolhi o Japão não só por sua tradição e modernidade, mas também pela riqueza cultural, pela espiritualidade no cotidiano e pela oportunidade de entender como uma sociedade avançada equilibra tecnologia, eficiência, respeito e simplicidade.
Três cidades, três perspectivas:
Optei por um roteiro concentrado em três cidades que revelam diferentes aspectos do país: Osaka, Kyoto e Tóquio. Cada uma trouxe aprendizados únicos sobre a forma de vida no Japão.
Em Osaka, vivenciamos experiências intensas como a Expo 2025 e a Universal Studios Japan. São espaços de grande fluxo, com exigência de logística, preparo físico e sensorial. A cidade também é considerada um dos centros gastronômicos do Japão, com mercados de rua vibrantes e restaurantes para todos os gostos.
Em Kyoto e Nara, o ritmo desacelera. A espiritualidade se destaca. Nara, berço do budismo japonês, mostra uma integração rara entre natureza e história. Kyoto, com suas gueixas, templos e jardins, é uma aula viva de cultura tradicional.
Tóquio, por fim, é uma metrópole global que impressiona pelo contraste: tecnologia e tradição, multidões e silêncio, luxo e simplicidade. A cidade mostra como é possível manter ordem, eficiência e gentileza mesmo com altíssima densidade urbana.
A Expo 2025 e os aprendizados para o live marketing:
A visita à Expo 2025 começou com dificuldades. A comunicação prévia e o aplicativo oficial eram confusos. Mesmo com planejamento de meses, conseguimos reservar apenas um pavilhão. As expectativas eram baixas, mas a experiência surpreendeu. Estando lá, conseguimos visitar mais de 10 pavilhões em um único dia, com filas de cerca de 30 minutos.
O ponto de reflexão mais relevante é: a jornada digital do participante começa muito antes do evento. A experiência de um projeto de live marketing deve ser fluida desde o primeiro contato. Interface, comunicação e usabilidade são partes essenciais da experiência, não apenas complementos.
Infraestrutura, mobilidade e hospitalidade:
Chama atenção a segurança, a organização e a confiança no sistema público das cidades. O transporte é pontual, limpo e eficiente. Táxis por aplicativo funcionam com rapidez e preços justos. A política de "sem gorjetas" mostra uma relação clara e respeitosa entre serviço e valor.
Hospedagens costumam ser caras, mas os deslocamentos e a gastronomia têm preços acessíveis. O cartão Suica facilita tudo: é aceito em transportes e até em estabelecimentos comerciais. Um detalhe: é importante ter moedas e cash sempre à mão, pois muitas transações ainda são feitas em dinheiro.
Para nós, que trabalhamos com experiências, é enriquecedor ver como o Japão pensa em cada detalhe. Desde o pijama presente nos quartos de hotel, até o silêncio absoluto para garantir um boa noite de sono. Até o café da manhã, muito diferente para nós brasileiros, é um convite para experimentar novas formas de começar o dia.
Diversidade e expressão pessoal:
Surpreende ver a liberdade estética: cabelos coloridos, roupas criativas, estilos diversos. Não há um padrão imposto. O lúdico está por toda parte: personagens, animes e mascotes estão presentes em embalagens, produtos e serviços. Uma forma gentil de lidar com o cotidiano, acessível a todas as idades.
Nas ruas, impressiona a presença ativa de jovens e idosos. Multidões de estudantes uniformizados visitam museus e templos. Pessoas mais velhas seguem atuantes e produtivas. Existe um compromisso coletivo com o bem-estar intergeracional. As cidades pertencem e são ocupadas por todos.
No Japão, fumar nas ruas é proibido. Existem poucos espaços designados para isso. Não há lixeiras nas vias: cada um cuida do seu resíduo. Pequenos gestos fazem parte de uma educação coletiva: como levar sua toalhinha para secar as mãos no banheiro público. Tudo é pensado para manter os espaços limpos e sustentáveis.
A experiência do turista como inspiração profissional:
A distância (mais de 24 horas de voos) e a linguagem podem ser barreiras, pois quase ninguém fala inglês, mas com boa vontade, gentileza e o apoio de tecnologias com IA, tudo se resolve.
Essa viagem me ensinou sobre convivência, respeito e equilíbrio. O Japão mostra que, quando cada pessoa cumpre o seu papel de cidadão, a evolução acontece naturalmente. A gentileza e a eficiência caminham juntas e a espiritualidade segue presente mesmo nas rotinas mais modernas. Volto com a sensação de que a viagem não termina no desembarque, mas segue transformando meu olhar e inspirando novas conexões com o mundo — e comigo mesmo.
Confira algumas imagens por Ronaldo Ferreira Jr - Arquivo Pessoal:
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