Passarinha do Castelo Rá-Tim-Bum virou empreendedora premiada

Dilma Campos, 50, é dona de agência de marketing, casou com um dos passarinhos do programa e dá palestras sobre inclusão e diversidade

“Passarinho, que som é esse?” A pergunta abria um dos mais conhecidos quadros do Castelo Rá-Tim-Bum, programa infantil dos anos 90 que marcou a TV brasileira. Uma das dançarinas que saía de um ovo para apresentar os mais diversos instrumentos musicais era Dilma Campos.

A então jovem na casa dos 18 anos mudou de carreira e hoje, aos 50, virou empreendedora de sucesso no campo da comunicação e dos eventos. Ela tem sua própria empresa, a agência de marketing Outra Praia, e dá palestras sobre diversidade e inclusão.

Em suas conferências, ela chega a contar sobre a época na TV e, volta e meia, é reconhecida na rua, mesmo depois de mais de duas décadas da atração. “O que eram para ser cenas de 15 instrumentos, viraram 45. Não esperava que os personagens tivessem tamanho destaque no Castelo”, explica ela, que, antes disso, havia participado como bailarina do Rá-Tim-Bum, também na TV Cultura.

Dilma Campos, do Castelo Rá-Tim-Bum
Na trama que tinha Nino como protagonista, ela dividia a cena com Ciça Meirelles (e não Sandra Annenberg, como às vezes se especula), que seguiu na área da dança e é casada com o cineasta Fernando Meirelles. Dilma também apareceu na série junto com seu então namorado e hoje marido, que encarnou um dos passarinhos ao tocar o baixo elétrico. Eles se casaram quando ela tinha 19 anos e geraram uma filha, Helena, hoje com 18 anos.

E, para os fãs, duas curiosidades: as passarinhas eram dubladas por cantoras profissionais e a turma do programa tem um grupo no WhatsApp para trocar ideias, chamado de Rá-Tim-Bumers.

Carreira - A paulistana começou a trabalhar muito cedo, aos 13 anos, como assistente de aulas de dança, já que estudava balé. Depois, enveredou por figurações em propagandas e participações como dançarina em eventos, área pela qual se apaixonou à primeira vista. “Fiquei muito impressionada. Cogitava virar caixa de supermercado, mas vi os eventos e pensei: ‘Isso aqui é muito melhor'”, diverte-se.

Aos 22 anos, entrou para a faculdade de odontologia após ganhar uma bolsa, se formou e atuou na profissão, até decidir mudar de carreira. Entrou de vez no campo dos eventos, que tocava em paralelo com a carreira de dentista, no papel de diretora artística e de planejamento. “Eu me dei conta: ‘Esse trem está passando na minha vida e eu tenho que pular'”, conta. Resolveu cursar, então, um MBA em gerenciamento de projetos.

Nove anos atrás, trabalhava para um grande grupo de comunicação quando decidiu, então, abrir seu próprio negócio. “Nessa época, comecei a questionar as questões de racismo estrutural. Por muito tempo, tive vergonha de ser uma mulher preta, não olhavam para mim do mesmo jeito”, lamenta. “Não se viam pessoas pretas na comunicação e queria mudar isso.”

A empreitada deu certo. Nesta semana, a empreendedora ganhou duas categorias do Prêmio Caio, especializado em eventos, por ações junto de uma plataforma de streaming. Também foi uma das vencedoras do Prêmio Contribuição Profissional da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) de 2021, na categoria diversidade e inclusão.

Retornos - Neste ano, Dilma voltou à TV como mentora do reality show sobre empreendedorismo O Plano É Esse, que estreou em outubro no Multishow e é ainda incluído no programa É de Casa, da TV Globo.

A comunicóloga também participa de um grupo de mulheres empreendedoras que organizou uma festa no começo de dezembro. O tema era “autorreflexão radical”. Ela decidiu resgatar o figurino da passarinha do Castelo. Como a roupa não existia mais, mandou fazer do zero.

“Foram quase trinta anos sem colocar essa fantasia”, afirma. “Eu olho para mim mesma e analiso de onde eu vim para onde cheguei. Foi uma grande jornada.”

Fonte: Metrópoles