A África é aqui. Ao menos, é o que pensa o CEO do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo na África do Sul, Danny Jordaan. Para o dirigente do evento em 2010, o Brasil passa por desafios semelhantes aos enfrentados pelos sul-africanos na última edição da competição. Jordan vê uma chance para o Brasil fazer uma edição "fantástica". Um dos problemas do continente africano, os elefantes brancos ainda estão sendo "combatidos" na terra de Nelson Mandela. A sugestão de Jordaan é a de investir em clubes nos estados em que há estádios, mas não há futebol desenvolvido nas divisões principais.
No país, as maiores críticas são aos estádios com investimentos altos, como o Mané Garrincha, mas que não tem times fixos para jogar no local. Além da arena de Brasília, há outros, como a Arena da Floresta, em Manaus, e a Arena Pantanal, em Cuiabá. A ideia seria impulsionar o esporte local para criar equipes competitivas. Na África do Sul, há locais que praticamente não são utilizados, como o Green Point Stadium, na Cidade do Cabo, e o Nelso Mandela Bay Stadium, em Porto Elizabeth.
"Você pode ter a Copa do Mundo com 8 estádios. Mas não é tão simples. No nosso caso, cada estado queria ser parte do evento. Às vezes é político, porque algumas cidades é difícil de deixar fora, pela influência política. Os estádios estão nas cidades. Se você gasta três bilhões de rands em um estádio, pode gastar mais 100 milhões para construir um time. Você vê no mundo, quando vem um investidor, o clube se torna grande de uma hora para a outra, como o PSG. O Manchester City ganhou a Liga com o investidor. Com um grande investimento, pode acrescentar os clubes. As pessoas estão lá para encher os estádios. Faltam os jogadores e os clubes. Estamos lidando com isso", disse ele.
Jordaan ressaltou que o evento foi utilizado pela África do Sul para unir o povo e dar o sentimento de que os africanos poderiam organizar e ser protagonistas em acontecimentos de tais magnitudes. Além disso, a Copa foi colocada no meio de investimentos de longo prazo, segundo Jordan, previstos para dar resultados entre 2020 e 2022. Citou também o Fórum Econômico Mundial, geralmente sediado em Davos, e que foi sediado em Cape Town, em maio deste ano, como aproveitamento do legado da competição.
"Brasil e África do Sul são paises em desenvolvimento. Os desafios são mais ou menos os mesmos. Eram desafios de infraestrutura: construir aeroportos, estradas, melhorar telefonia, de transmissão de dados. No Brasil, acredito que é mais ou menos o mesmo. Esse investimento precisa ser integrado em longo prazo", opinou Jordaan em entrevista após sua participação no seminário Futebol do Futuro.
O CEO ainda afirmou que ainda há muito para ser feito. Jordan passou pelo Estádio Beira-Rio, sede da Copa em Porto Alegre, onde participou do evento, e disse que ainda é necessário "muito trabalho duro". No entanto, vê uma possibilidade de Copa do Mundo "fantástica" no Brasil.
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