As reformas de modernização do estádio da Beira-Rio, sede gaúcha para a Copa do Mundo de 2014, atingiram no final de outubro 45% de sua execução. As novidades são a proximidade da conclusão das fundações das futuras arquibancadas inferiores, das novas paredes de alvenaria da fachada e do crescimento dos pilares do edifício-garagem.
As fundações das futuras arquibancadas no quadrantes 2 e 3 estão em sua fase final. Em breve, os pré-moldados das arquibancadas dos quadrantes 2, 3 e 4 poderão ser erguidos. Lembrando que o do quadrante 1 já está concluído, sendo executados nele os serviços de construção civil, pisos, alvenarias e redes hidráulicas, sob a arquibancada.
É possível ver os novos muros de alvenaria da fachada do estádio que estão sendo erguidos nos níveis 1 e 3, bem como os contrapisos da futura área comercial. Os blocos dos 17 novos elevadores são aparentes e os pilares do edifício-garagem tomam forma para abrigar 3 mil veículos. A conclusão da obra está prevista para dezembro de 2013.
O contrato firmado entre Inter e Andrade Gutierrez no dia 19 de março de 2012 prevê a reforma do estádio segundo as normas técnicas previstas pela Fifa, nos moldes do projeto Gigante para Sempre. Contempla manutenção da estrutura principal, com modernização das arquibancadas e instalações para o público em geral, incluindo áreas vips.
Isto sem falar na substituição dos sistemas elétricos e hidráulicos, complementação dos sistemas de informação do estádio, substituição do gramado (com modificação do sistema de drenagem). E ainda, cobertura com estrutura metálica, membrana para o estádio e construção de um edifício garagem. O projeto arquitetônico básico foi desenvolvido pela empresa Hype Studio Arquitetura.
Orçado em R$ 330 milhões, a reforma receberá investimentos da BRio, Sociedade de Propósito Específico (SPE), criada pelo Inter e Andrade Gutierrez para fazer a gestão do novo estádio. O clube investirá R$ 26 milhões para amortização dos custos. A SPE buscará financiamento do BNDES para até 75% do valor da obra e investirá recursos próprios para completar a diferença.
Negócios e Lazer
O Inter ficará com os direitos sobre bilheteria e as 4 mil vagas do atual estacionamento. A Copa, por sua vez, pode gerar milhões de reais ao clube com o ganho de mídia, fortalecimento da marca, valorização junto aos patrocinadores e aumento de público. Além disso, haverá 20%, em média, de incremento no ticket gasto no estádio.
“A nossa expectativa com a reforma é o de gerar novas receitas para o clube no valor de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões nos próximos anos”, diz Maximiliano Carlomagno, assessor da presidência do Internacional. A renda, confirma ele, seria gerada com a presença de mais público, venda de novos produtos e uso do complexo nos 7 dias da semana.
Em contrapartida o Inter oferece para a BRio o direito de explorar por 20 anos as receitas relativas aos 121 camarotes e sky boxes, 5 mil cadeiras VIPs e 6 mil m² de área comercial para locação. No contrato constam também as 3 mil vagas de estacionamento no edifício garagem, venda do maning rights e exploração de shows e eventos.
Segundo o diretor-presidente da BRio, Marcelo Flores, o Beira-Rio se tornará um endereço voltado para a diversão. O executivo vem usando da experiência como diretor-geral da HSBC Arena e da área comercial de eventos do Engenhão para coordenar a modernização do Beira-Rio e a infraestrutura do edifício-garagem.
Dentro do Beira-Rio, o torcedor terá um restaurante panorâmico, com vista para o gramado. O nível 1 do estádio vai contar com 44 lojas em um shopping de serviços, entretenimentos e gastronomia. Mas o chamado shopping circular será aberto apenas após o Mundial. Já o naming right só começará a ser utilizado quando a Fifa deixar o Brasil, no final da Copa.
As negociações ocorrem com sigilo, sem revelar as companhias e o montante ao qual giram as cifras, mas o executivo vê o fato de ser uma das sedes da Copa como um dos grandes trunfos da casa colorada. E não apenas por receber as partidas. Como o nome só entraria em vigor ao término da Copa, a SPE tem mais tempo para as negociações.
“A expectativa é que o complexo Beira-Rio se torne um verdadeiro centro de entretenimento, com vários eventos culturais, além dos shows de grande porte”, diz Marcelo. Conforme ele, com o Sunset Beira-Rio (espaço de convivência e apreciação do Rio Guaíba, no último andar do edifício garagem), o complexo seja incorporado ao lazer do gaúcho.
Enquanto o novo estádio não inaugura, torcedores e simpatizantes do time poderão aproveitar do espaço chamado Casa do Torcedor. A ideia surgiu de outros estádios que estão sendo construídos para a Copa e visa integrar ainda mais as pessoas ao projeto, possibilitando vê-lo mais de perto, realizar visitas guiadas e conhecer os trabalhadores responsáveis pela obra.
Será também um ponto em que universidades poderão agendar visitas previamente agendadas e em grupos de até 25 pessoas. A Casa do Torcedor está sendo erguida ao lado do portão de entrada da avenida Padre Cacique e foi inaugurada no dia 30 de novembro. O espaço terá acesso gratuito. Os horários e as formas de agendamento serão posteriormente divulgadas no site do Inter.
A nova estrutura do Beira-Rio
Capacidade: a capacidade do Estádio para os jogos da Copa do Mundo será de 51.300 lugares. Depois da Copa, o Clube poderá estender até 56 mil lugares, com algumas ações, como retirar as cadeiras localizadas atrás do gols, como fazem alguns estádios europeus.
Estacionamento: além das vagas existentes, o torcedor poderá usufruir de um novo edifício-garagem que será localizado próximo à avenida Beira-Rio, onde hoje estão os campos suplementares do Clube. O edifício terá aproximadamente 3 mil novas vagas para o torcedor.
Acomodações: a profundidade do degrau da arquibancada para cada torcedor sentar passará de 60 cm, em alguns setores, para 90 cm, dando mais espaços para as pernas e a circulação. As cadeiras serão retráteis, de abrir e fechar, também facilitando a circulação.
Cobertura: o Gigante receberá uma nova e moderna cobertura, construída em estrutura metálica, cobrindo todos os lugares do estádio, inclusive as rampas e os acessos aos portões.
Anel de circulação: haverá um anel circundando todo o estádio, que servirá para circulação das pessoas. Os torcedores de qualquer setor poderão se encontrar neste ambiente, antes e depois das partidas para confraternizarem.
Acesso ao setor inferior do estádio: os torcedores da parte inferior do estádio vão ter mais portões de acesso e com uma lógica mais moderna. Hoje, o torcedor entra no Beira-Rio na altura do primeiro degrau da arquibancada. Com a obra pronta, o torcedor subirá uma pequena escada até o nível central da arquibancada, podendo se deslocar pra cima, pra baixo ou para os lados. Isso vai fazer com que se diminua a circulação na frente das pessoas que já estão sentadas.
Acesso ao setor superior do estádio: Os acessos não serão mais exclusivos pelas rampas. Haverá mais elevadores além de 16 novas torres de escadas.
Acesso às áreas vip: o torcedor que estacionar no edifício-garagem terá uma rampa coberta de acesso que sairá do edifício até o nível de acesso às áreas vip.
Segurança: com mais portões de acesso e uma lógica mais moderna, o Beira-Rio lotado poderá ser completamente evacuado em apenas oito minutos.
Restaurantes: mais de mil metros quadrados de restaurantes voltados para o Rio Guaíba.
Bares: haverá mais bares localizados em todos os setores do Gigante.
Lojas: 44 módulos comerciais serão colocados à disposição dos lojistas para oferecer seus produtos aos torcedores.
Suítes e camarotes: passam de 33 para 70 camarotes. Além disso, haverá 55 sky boxes, que serão construídos sob a atual laje de cobertura das cadeiras perpétuas.
Sanitários: a capacidade de sanitários para todos os públicos será quatro vezes maior.
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