O Rio merece MUITO mais

A Brite presta uma enorme desserviço ao turismo carioca e brasileiro. No ano passado, por ser o primeiro de sua retomada, calei-me. Mas este ano, permanecer em silêncio tornar-me-ia conivente, cumplice dos absurdos cometidos com a verba que o Governo do Estado do Rio de Janeiro usou para patrocinar o evento.

No mundo de hoje, em que todos os turistas estrangeiros, que poderiam se interessar pelo Brasil são usuários da internet e tem acesso às informações sobre os diversos destinos nacionais, seus equipamentos e seus atrativos naturais e históricos, a realização de uma rodada de negócios para a qual se convida buyers decisions makers internacionais só se justifica pela oportunidade de mostrar algo que a internet não disponibiliza: a qualidade do serviço, a qualidade do atendimento, a demonstração insofismável de que os clientes destes buyers, se aceitarem sua recomendação e vierem para o Rio de Janeiro, serão muito bem tratados e retornarão a seus países muito satisfeitos. É isso que as rodadas de negócios que se realizam mundo afora procuram fazer, e o mais das vezes, fazem.

E isso é o que a Brite 2012 não fez. Ela tratou muito mal seus convidados.

Vamos aos fatos. O tratamento inadequado aos cerca de 80 buyers (e não os 150 ou 200 anunciados) e uma dezena de jornalistas estrangeiros começou com o envio de informações erráticas, tardias e incompletas na fase pré-evento. Talvez por isso tantos tenham desistido da ‘aventura’.

Vindos de varias partes do mundo, os buyers chegaram em horários variados. Na recepção no hotel Royal Tulip Rio de Janeiro (antigo InterContinental) foram brindados com as primeiras ‘surpresas’:

• O check-in somente poderia ser feito a partir das 16h00 (muitos chegaram nas primeiras horas da manhã).

• Não havia nenhum lugar especial reservado para acomodá-los (o saguão do Royal Tulip virou um acampamento de buyers).

• Neste período, cada um deveria se virar para se alimentar.

• E ainda por cima: o coquetel previsto para a noite fora cancelado. Sem maiores explicações.

A noite, ‘generosamente’, a organização da Brite disponibilizou vans para levar os buyers estrangeiros para a Lapa. Era uma ‘lotação’ - cada um teve que pagar R$10. Mas era uma ‘carona’ só de ida, pois na volta foi cada um por si e Deus (que é brasileiro, e cuidou para que nenhum tivesse problema) por todos.

Na sexta-feira, a Rodada de Negócios estava programada para as 11h00 e a Cerimonia de Abertura, às 10h30, no Pier Mauá. Ou seja, do outro lado da cidade. E para isso as vans foram programadas para sair do Royal Tulip às 9h30. Ou seja, quem programou o evento só deve andar de helicóptero (o único jeito de garantir percorrer este trajeto em apenas uma hora hora).

No horário programado todos os buyers e jornalistas estavam na frente do hotel. Mas a primeira van só saiu às 10h10. E escolheram um caminho que mais parecia um descaminho. Chegaram ao Pier Mauá às 11h30, uma hora atrasados para a cerimonia de abertura do evento e foram encaminhados para o salão em que a mesma se realizou.

Enquanto isso, os suppliers (uma centena de representantes de destinos, agencias e hotéis) que pagaram para apresentar seus produtos aos buyers, ficaram abandonados no espaço reservado para a Rodada.

E começou a Cerimonia de Abertura. Mais de uma centena de participantes. Uma centena de estrangeiros. Uma dezena de discursos. Em português. E não havia tradução simultânea. Ou seja, mais uma vez, os convidados foram feitos de idiotas.

Depois da Abertura, os jornalistas nacionais e estrangeiros foram convidados para uma entrevista coletiva. E mais uma vez os responsáveis pela Brite falaram em português. E não havia ninguém para traduzir. E nem microfone (era uma sala aberta no meio da feira). Ainda bem que foi interrompida.

Um dos pavilhões do Pier foi dividido em três salas. Uma para a Rodada e as demais para as palestras. O conteúdo era excelente. Palestrantes renomados como o prof. Mario Beni. No entanto, acho que os 'organizadores' nunca ouviram falar em paredes ou divisórias acústicas, que evitam que o som de uma sala passe para a vizinha. Certamente se esqueceram de que, apesar de termos dois ouvidos, só conseguimos ouvir uma palestra de cada vez. As 'divisórias' possivelmente eram de lona. Virou uma guerra, cada palestrante tentando falar mais alto para sobrepujar o da sala vizinha, e ser ouvido. Inacreditável.

E na sala da Rodada, era o caos. Além do vazamento de som, baias tão pequenas que não acomodavam um notebook e corredores que não permitiam a passagem de duas pessoas. A maior parte dos suppliers não atendeu à metade das reuniões programadas.

Hora do almoço. Uma prancha servindo um suco, duas baianas oferecendo acarajés e duas ajudantes servindo uma tijelinha de não sei o que. Sem a menor higiene. Se um fiscal da saúde fizesse uma visita, os responsáveis seriam presos.

Como os jornalistas fizeram programas diferentes, daí para frente não sei mais o que foi feito com os buyers. Tenho medo até de pensar.

Mas, os jornalistas foram salvos pela excepcional Luiza Sampaio, diretora da assessoria de imprensa Arteiras, que da mesma forma que tinha feito no dia anterior, usou os seus contatos para conseguir que pudessem conhecer e se alimentar (afinal não tinham almoçado)  no Hotel Santa Teresa , onde foram recepcionados pela Monica Paixão. O hotel faz jus a sua fama. É tudo de bom.

Pena que tivemos que voltar, e mais uma vez sermos vitimados pela 'organização' da Brite. Ao ser advertido pela chefe do grupo que havia caminho mais adequado para o Royal Tulip, o motorista começou a discutir asperamente, parou a van numa curva de saída da Linha Vermelha, deixando o carro para falar com a ‘organização’ e continuar discutindo com a chefe do grupo, do lado de fora da van. E uma dezena de jornalistas ficaram ao léu, esperançosos de que nada de mal lhes acontecesse.

Chegando ao fim, desta que já está parecendo uma novela (de horror): pela primeira vez em muitos anos de atuação, assisti um grupo de jornalistas estrangeiros ameaçarem fazer greve. Ou seja, se recusar a continuar a programação prevista pela ‘organização’ da Brite: visita a favelas etc., sem que tivessem a oportunidade de conhecer o Pão de Açúcar e o Corcovado. Isso mesmo, caso obedecessem à ‘organização’, retornariam a seus países sem conhecer os dois maiores ícones do Rio de Janeiro. Só teriam para mostrar a seus leitores a Favela do Alemão.

Depois de muita discussão (e ameaças de greve) conseguiram ser 'liberados'. Depois de conhecerem o Alemão (valeu a pena. Finalmente uma boa surpresa!), foi lhes ‘concedido’ tempo para que conhecessem o Pão de Açúcar e o Corcovado. 'Lógico': arcando com a despesa.

O Rio de Janeiro é maravilhoso. Seus atrativos são inigualáveis. Seus hotéis prestam um bom serviço. Hoje não há motivos para temer pela segurança. Ao contrario, é uma cidade mais segura que muitas outras metrópoles do mundo. E o povo carioca recebe muito bem os turistas.

A única coisa que não se pode admitir é que eventos desastrosos como o patrocinado pelo Governo do Rio de Janeiro (Brite 2012) prejudiquem a imagem da cidade. O que se pede é respeito com o dinheiro do contribuinte e com os convidados nacionais e, principalmente, estrangeiros.

Afinal, respeito é bom e todos merecemos.

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Antes de tudo, cabe esclarecer que todas as notícias, artigos e posts publicados no Portal Eventos, tem um campo em que democraticamente todos que concordam ou discordam de seu teor podem expor o seu pensamento. Esta área de Comentários também estava disponível para publicação de sua resposta. Como não a usou, mas solicitou que seus esclarecimentos tivessem a mesma oportunidade de meu post para informar os reais acontecimentos aos leitores do Portal, publico abaixo a integra de sua Resposta e, em seguida, publicarei meus esclarecimentos. (SJA)

Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2012

Ao

Diretor da Revista dos Eventos

At.: Sr. Sergio Junqueira Arantes

Ref.: http://www.revistaeventos.com.br/blog/Vendo-do-mundo-os-segredos-escondidos/O-Rio-merece-MUITO-mais

Prezado Sr. Sergio,

Foi com grande surpresa que tomamos conhecimento de seu artigo, postado no último domingo, dia 07 de outubro. Com certeza “O Rio merece MUITO mais”! Em primeiríssimo lugar, merece o compromisso da imprensa com a verdade!

Para isso, esperamos dos profissionais de imprensa, convidados ou não, que certifiquem-se de suas fontes e possam transmitir os fatos de forma íntegra aos seus leitores, espectadores e ouvintes.

Sr. Sergio, temos o prazer de lhe informar que o Governo do Estado Rio de Janeiro, o Governo do Município do Rio de Janeiro ou o Governo Federal não aportaram dinheiro público no Brite 2012. Surpreso?

O evento foi totalmente viabilizado pela iniciativa privada. Contamos, sim, com o fundamental apoio institucional e presenças importantíssimas dos principais representantes dos órgãos oficiais de turismo, como o senhor pode testemunhar.

É importantíssimo deixar claro, também, que os 110 suppliers que participaram do evento também foram convidados pela organização, sem nenhum custo. Assim como os expositores da feira, que não precisaram pagar pelos espaços ou pelas montagens dos estandes. Congressistas, inscritos no Fórum do Conhecimento ou quem circulou pelo evento de forma geral tiveram, também, acesso gratuito. E mais: os hoteleiros do Estado do Rio de Janeiro que deslocaram-se das cidades do interior contaram com hospedagem e apoio logístico para viabilizar suas presenças no Congresso Internacional de Hotelaria.

Outro esclarecimento fundamental: 134 buyers estiveram no Rio de Janeiro a partir de nosso convite. O número de buyers inscritos previamente chegou a 220 e o total de hosted buyers selecionados foi de 134. Lembrando que o compromisso da organização com os suppliers era trazer 100 buyers, ultrapassamos em mais de 1/3 a expectativa inicial. Um sucesso, então!

Agora, vamos a algumas réplicas necessárias para que a verdade seja efetivamente repercutida. Podemos afirmar que o atendimento aos buyers convidados foi personalizado e coordenado por profissionais com longa experiência no mercado do turismo internacional, não deixando nada a desejar se comparado aos grandes eventos promovidos hoje no mundo.

Todos os buyers, sem exceção, prestaram depoimentos após o evento externando a satisfação com o atendimento por parte da organização e, também, com as oportunidades de negócios. Prova disso é a grande quantidade de pedidos para retornar ao Rio na próxima edição do Brite.

Quanto ao questionamento sobre o horário do check in no Hotel Royal Tulip, mais uma vez, gostaríamos de esclarecer que TODOS os buyers convidados pelo Brite 2012 foram previamente informados sobre esse horário. E compreenderam, já que é comum, nos mercados mais concorridos do mundo, o check in acontecer somente após as 16h.

Recebemos buyers de 26 países, transportados por diversas companhias aéreas, que chegaram ao Rio em horários diversos ao longo do dia 27 de setembro. Disponibilizamos transporte para quem quisesse se deslocar para a Zona Sul e uma equipe do evento acompanhou um representativo número de buyers ao São Conrado Fashion Mall – shopping ao lado do hotel, onde puderam almoçar e fazer compras.

Tentamos, inclusive, junto ao hotel, a disponibilização de um salão para acomodá-los enquanto aguardavam o check in. Porém, em função da ocupação de todo o Centro de Convenções do Royal Tulip pelo Congresso Mundial da Malária, não havia salas disponíveis para essa finalidade.

Em relação à alimentação, em nenhuma etapa do processo de convite e confirmações as refeições foram incluídas na estrutura disponibilizada aos buyers. Assim como nos mais representativos eventos mundiais, os convidados são responsáveis pela própria alimentação. O programa do Brite 2012 disponibilizou a passagem aérea, acomodação em hotel cinco estrelas, transfers in/out e a possibilidade de fazer negócios com os melhores destinos brasileiros. Esse foi o compromisso da organização com os buyers, cumprido integralmente.

Em mais uma citação em seu artigo, Sr. Sergio, não entendemos quem foi “fonte” de informações tão equivocadas. O coquetel foi cancelado 10 dias antes do evento e essa informação foi previamente transmitida aos buyers, junto com a agenda do evento. O cancelamento ocorreu devido a muitos voos – a maioria bem longos – chegarem na parte da tarde de quinta-feira, o que impossibilitaria a presença de boa parte dos convidados.

E quanto a van citada para levar os buyers à Lapa, na noite do dia 27, só podemos registrar, mais uma vez, nossa surpresa. Desconhecemos quem colocou esse transporte à serviço dos buyers ou quem foi responsável pela cobrança de R$ 10,00. Não houve disponibilização de transporte pela organização porque não havia programa na Lapa para os buyers...

Na sexta-feira, dia 28, a saída dos buyers do hotel aconteceu como programada, às 10h, com chegada no Píer Mauá às 11h, para início imediato dos encontros de trabalho. Como a Bolsa de Negócios foi promovida em apenas um dia, não foi prevista a presença dos buyers na cerimônia de abertura. Assim como os suppliers também não estavam sendo aguardados para a abertura, já que tinham como objetivo principal aguardar os buyers em suas estações e fazer negócios.

A cerimonia de abertura tinha como foco reunir autoridades, lideranças do trade turístico e expositores da feira para marcar a união da iniciativa Brite com o Salão de Turismo do Estado do Rio de Janeiro. Por isso, os discursos em português, para uma plateia fluente nesse idioma.

Depois da abertura, os jornalistas nacionais foram convidados para a entrevista coletiva. Mais uma vez, não foi prevista a presença da imprensa estrangeira, que teria um compromisso para almoço, com a Amsterdam Sauer, naquele momento. Em função da antecipação da entrevista, ocorreu o problema de som no espaço do Sebrae e, equivocadamente, três jornalistas estrangeiros foram para o local da entrevista. Lamentamos profundamente os problemas técnicos que tivemos para recebê-los da melhor maneira.

Aqui registramos, pela primeira vez, nossa concordância com o senhor. Nesse caso, com relação aos problemas com vazamento de som nos auditórios. O projeto para a montagem dos auditórios previa paredes com isolamento acústico construídas em madeira. A montadora não cumpriu o contrato e está sendo acionada.

Já a Rodada de Negócios transcorreu na mais perfeita harmonia e muitos negócios foram efetivados. Todos os suppliers que solicitaram mais de uma mesa foram atendidos e não registramos nenhuma reclamação sobre o espaço.

O “stand up lunch”, com foco em iguarias regionais, foi servido na própria área da Bolsa e foi previamente autorizado pela ANVISA, que tem um Posto de Fiscalização dentro do Píer.

Entendemos sua preocupação com os buyers, mas é importante esclarecer que a programação oficial a esses convidados terminava na sexta-feira, oferecendo assim tempo para mais networking com os suppliers, operadores, joalheiros, hoteleiros e secretarias de turismo.

Agora, vamos aos esclarecimentos do programa dos jornalistas brasileiros, que não era o mesmo dos buyers.

Os jornalistas brasileiros - previamente selecionados e convidados - tinham conhecimento de que o programa incluía check in à tarde, na quinta-feira. Por isso, com apenas uma exceção vinda de Fortaleza, os voos reservados para a imprensa convidada chegavam ao Rio na tarde do dia 27.

Ao receber o programa no momento do convite, esses jornalistas tomaram conhecimento de um jantar na Lapa, na primeira noite, contando com transfers in/out; transfer para o Píer Mauá na manhã da sexta-feira, para a cerimônia de abertura, seguida de coletiva de imprensa e visita à feira, com retorno ao hotel, às 16h. Coquetel na noite do dia 28 no Hotel Santa Tereza, incluindo transfers in/out, e, no sábado, visita e almoço no Morro do Alemão, nova opção de programa na cidade, seguido de transfers para os Aeroportos Santos Dumont e Galeão.

Visitas ao Pão de Açúcar e Corcovado não foram incluídas na programação, visto serem ícones que não necessitavam de reforço de divulgação.

É lamentável que o senhor não tenha percebido os inúmeros acertos e conquistas do evento, não tenha tido foco em conversar com os promotores, organizadores ou principais apoiadores, como ABIH-RJ, FBHA e Sebrae. Ou ainda com autoridades da indústria do turismo, como SETUR estadual e municipal, para ouvir a avaliação dessas lideranças.

Certos de que esses esclarecimentos terão a mesma oportunidade de seu artigo para informar os reais acontecimentos aos leitores do portal Revista dos Eventos, nos despedimos.

Cordialmente,

Carlos Augusto Pires

Diretor Executivo – Brite

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Prezado sr. Carlos Augusto,

Inicio minha resposta esclarecendo que, apesar de sua resposta ser dirigida ao "Diretor da Revista Eventos", o texto que originou sua Resposta é um post pessoal meu, redigido na primeira pessoa do singular, com a minha visão da experiência que EU vi e vivi no evento. Não é um Editorial. Não é uma notícia. Não é nem mesmo uma reportagem, o que seria muito pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista), pois traria entrevistas e depoimentos de suppliers, buyers e de outros jornalistas. O texto do Post nada mais é do que a minha visão e a minha análise crítica dos fatos que presenciei.

Pelo que pude observar de sua Resposta, alguns dos erros apontados em meu post (horários de check in, cancelamento da abertura do evento etc.) são fruto de eu não ser um jornalista CONVIDADO do evento. É mais um fato que corrobora minha opinião inicial sobre a organização do evento. Quer dizer, jornalistas independentes, que decidem cobrir o evento espontaneamente, arcando do seu bolso com o custo total ou parcial (meu caso) das despesas para a cobertura do evento, merecem um tratamento diferenciado da organização? Seu esforço é brindado com a desinformação? Os leitores dos veículos que representam, ou onde escrevem, não são merecedores da atenção da organização do evento? Então não sei o por que de sua Resposta aos “parcos” leitores de meu Blog, ou do Portal Eventos.

Quando o senhor me convidou a uma aula de jornalismo com a afirmação "Para isso, esperamos dos profissionais de imprensa, convidados ou não, que certifiquem-se de suas fontes e possam transmitir os fatos de forma íntegra aos seus leitores, espectadores e ouvintes", automaticamente me chamou de não-profissional. E isto eu não admito. O evento realizado é seu. E concordar com minha análise ou com os fatos narrados por mim no texto é um direito seu. Mas me chamar de não-profissional é inadmissível. Consultar fontes fidedignas ou utilizar informações de fontes confiáveis é uma obrigação de todo jornalista. E que eu segui a risca. Fui buscar a fonte que, à época da redação do texto, considerava a mais confiável: o senhor. Ou melhor dizendo, os releases e documentos distribuídos por sua empresa, através de sua assessoria de imprensa, e amplamente divulgados pela imprensa em geral, onde se lê: “Promovidos em conjunto, o Salão de Turismo do Rio de Janeiro e o Brite ... realizado pela Escala Eventos, em parceria com a Secretaria de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, e patrocínio Ministério do Turismo, Embratur, Prefeitura do Rio de Janeiro e Sebrae-RJ, o evento ocupará mais de 10 mil metros quadrados de área - 70% desse espaço destinado a montagem (sic) cenográficas - e receberá investimentos da ordem de R$ 8 milhões de reais” (grifos meus). Quem faltou com a verdade? Ou em que momento? O senhor, em seu comentário acima, ou os documentos fartamente distribuídos por ou em nome de sua empresa? Não vi, em nenhum veículo em que a informação dos patrocínios foi veiculada, uma errata ou desmentido seu, de sua empresa ou das empresas “patrocinadoras”. Para corroborar o que digo, abaixo vão os links dos documentos e de algumas notícias veiculadas na imprensa em geral, com base nos mesmos.

http://www.panrotas.com.br/noticia-turismo/eventos/brite-2012-recebe-mais-de-60-mil-visitantes_81884.html?pesquisa=1 

http://roselypellegrino.wordpress.com/2012/09/29/aberto-salo-de-turismo-do-rio-de-janeiro-brite-2012/

http://www.revistaeventos.com.br/revistas/img/Brite2012-ReleaseGeral.pdf

http://www.revistaeventos.com.br/revistas/img/Brite2012-002-Panrotas.jpg

http://www.revistaeventos.com.br/revistas/img/Brite2012-001-NoticiarioRJ.jpg

Bom, partindo deste princípio, de que para rebater minha opinião o senhor desmente os documentos distribuídos por sua própria empresa, como posso dar crédito aos demais dados apresentados pelo senhor na sequência de sua carta? Honestamente... não me daria nem ao trabalho!

ESCLARECIMENTOS

Mas, em respeito a trade carioca e visando abrir uma discussão construtiva sobre a missão de desenvolver o turismo brasileiro, com minha visão pessoal do tema, esclareço:

Em sua “Resposta”, o diretor da Brite, sr. Carlos Augusto Pires, deixa de lado o aspecto mais importante de meu post: ao buyer ou jornalista quando convidado para um evento no Brasil deve ser oferecida uma real oportunidade de usufruir a qualidade dos serviços prestados pelos diversos fornecedores da cadeia produtiva do turismo nacional.

Ao retornar a seu país, o buyer e o jornalista deve estar convicto de que, se recomendar ao seu cliente ou leitor uma estada no Rio de Janeiro ou no Brasil, ele será muito bem tratado. Para isso, o evento deve ser organizado de forma que ele tenha uma experiência rica, desfrutando do melhor da culinária nacional, observando a qualidade da organização de seus prestadores de serviços (pontualidade, cordialidade etc.) e conhecendo os principais atrativos regionais. O evento, para que resulte em benefícios reais ao Destino que o promove, deve prever oportunidades variadas para que a qualidade dos serviços seja apreciada.

Não oportunizar aos buyers e jornalistas uma experiência que demonstre a amplitude e a qualidade do atendimento que o Destino Rio pode oferecer ao seu visitante é a maior falha da Brite. Tudo o mais é perfunctório, mas alguns pontos de seu comentário precisam ser reparados.

1. Não ter sido oferecido um check in antecipado aos convidados que fizeram uma viagem, a maioria em voos muito longos, como lembrado em sua Resposta, é lamentável e demonstra falta de organização. Mas, não proporcionar espaço adequado para aguardarem a liberação de seus apartamentos com o conforto que um convidado merece, pode ser comum como você diz, mas é um absurdo. Nada justifica que o saguão do Royal Tulip tenha se transformado num acampamento de buyers e jornalistas.

2. Não sei qual o conceito de representatividade mencionado pelo sr. Carlos Augusto, quando afirma ser normal “os convidados serem responsáveis pela própria alimentação”. Disponibilizar transporte para que um grupo de buyers fizessem compras e almoçassem no São Conrado Fashion Mall é a demonstração do desacerto da Brite, pois é à mesa que os melhores negócios se concretizam, que melhor se pode demonstrar a qualidade do serviço de um Destino. E, sem demérito para o SCFM, acredito não ser ele o melhor exemplo da gastronomia que o Rio de Janeiro pode oferecer a seus visitantes. Concluindo, se a alimentação não estava incluída no convite, como diria o Boris, é um absurdo.

3. Surpresos, na realidade ficaram os buyers levados à Lapa na noite do dia 27. Afinal, ser convidados a visitar um país e serem deixados num bairro (maravilhosamente boêmio) que não garante a segurança que se deve oferecer aos participantes de um evento, não é a melhor das ‘surpresas’. E ainda ter que pagar para isso, é ridículo.

4. A saída dos buyers do hotel não estava programada para 10h00 como afirmado. O horário previsto era 9h30 e o atraso das vans acarretou que todos chegassem ao Píer Mauá depois do horário previsto. Se a organização do evento tivesse funcionado, buyers e jornalistas não teriam se encaminhado para o salão onde se realizou a Cerimonia de Abertura. Seria o caso de ter recepcionistas (bi ou trilíngues, de preferência) para informá-los que deveriam se dirigir à Bolsa de Negócios. Ou melhor, acompanhá-los.

5. Realizar uma cerimonia de abertura exclusivamente para reunir autoridades, lideranças e expositores é um bom exemplo de mau uso do dinheiro (publico ou privado).

6. Além de lamentar os problemas técnicos ocorridos na coletiva de imprensa e confessar a má organização que levou três jornalistas estrangeiros para o local da entrevista reservada à imprensa nacional, a organização da Brite deveria se penitenciar por preterir os jornalistas nacionais – não convidados para o almoço – ‘convidados’ para uma coletiva em condições absolutamente inadequadas. Sou obrigado a concordar com o sr. Carlos Augusto, foi lamentável.

7. “Acionar a montadora que não instalou as paredes com isolamento acústico” é um direito da Escala Eventos. Mas, sua obrigação teria sido, pelo menos, um pedido de desculpas no inicio de cada painel.

8. Que a Rodada de Negócios tenha gerado muito negócios é o mínimo que se espera (mas uma pesquisa de ROI daqui a seis meses poderia comprovar esta informação), mas dizer que não registraram nenhuma reclamação é demonstrativo do costume do brasileiro de não reclamar, mesmo quando não recebe o tratamento que merece. Mas isso um dia vai mudar. Precisa mudar.

9. Legal! “Aquilo” que foi servido aos buyers e suppliers chama-se “stand up lunch”! Na minha terra tem outro nome. E se a Anvisa autorizou, quem deveria ir preso é o seu responsável (ao invés de Diretores de A&B de hotéis sérios e competentes).

10. “Peço ajuda aos universitários”: como se "aumenta a oportunidade de networking entre suppliers, operadores, joalheiros, hoteleiros e secretarias de turismo (uai, e os buyers?) encerrando o evento mais cedo"? Sei que em determinadas circunstancias, menos é mais, mas nesse caso é impossível.

11. Mais uma vez, sou obrigado a manifestar meu inconformismo. Convidar buyers e jornalistas estrangeiros para conhecer o Rio de Janeiro e não incluir o Pão de Açúcar e o Corcovado por “serem ícones que não necessitam de reforço de divulgação” é a mais cabal e insofismável comprovação de que a direção da Brite após 10 anos realizando o evento, ainda não entendeu o ‘espirito da coisa’. O resultado não poderia ser outro, senão a revolta dos jornalistas internacionais, que os obrigou a abrir espaço na agenda para que visitassem os dois atrativos. Aliás, o contrario seria uma contradição com a propalada (e verdadeira) condição de Maravilhas do Mundo - todos querem conhecer! Seria o mesmo que ir, pela primeira vez, a Paris e não visitar a Torre Eiffel, ir a Nova York e não visitar a Estatua da Liberdade, ir a Orlando e não visitar a Disney ou ao Egito e não visitar as Pirâmides. Um mínimo de profissionalismo teria previsto que todos, jornalistas e buyers gostariam de visitar o Pão de Açúcar e o Corcovado. E organizado as visitas.

Num tempo em que um jurista de origem humilde se torna ícone, figurando na capa das duas principais revistas brasileiras mercê de sua coragem de dizer a verdade, convido outros profissionais que participaram da Brite: 

Concordem com meu ponto de vista, ou discordem, manifestem-se. Este Blog é democrático e aberto à participação de todos. Sua opinião será sempre bem-vinda.