O Congresso da Abav por Bayard Do Coutto Boiteux

É mais uma grande oportunidade de capacitação turística, sobretudo levando em consideração que 65% das agências de viagens brasileiras se limitam a vender bilhetes aéreos e que pouca reciclagem é feita por seus profissionais. Embora o agenciamento seja um dos mais importantes pilares do turismo, há muito pouco investimento em processos educacionais, sobretudo nas pequenas e médias gerências. Nota-se também pouca criatividade na criação de novos produtos e na própria gestão das empresas. Assim, o evento se torna uma oportunidade única para que os profissionais entendam que o turismo mudou, que precisa de cabeças pensantes e empreendedoras e que assume um papel social grande, pouco entendido pelos que labutam na área.

Voltamos a repetir que o evento não pode ser apenas uma sucessão de jantares, coquetéis e lançamento de produtos, mas uma forma de entender as mudanças trazidas, nos últimos anos pela globalização e crise econômica, que gerou novas formas de comercialização e que vai em breve acabar com o comissionamento de empresas aéreas. Espero sinceramente que não se utilize o evento mais uma vez, para se discutir “comissão”, mas que se apresente o papel fundamental do agente, como consultor e, sobretudo como um administrador do tempo livre das pessoas que pretendem viajar. A função precípua do agente é justamente adequar sonhos a oportunidades econômicas, de acordo com os orçamentos dos passageiros. O novo agente de viagens deve manter acesa a chama da mudança constante em suas relações com os prestadores de serviços e passageiros.

O evento, que aconteceu durante 10 anos com muito sucesso e profissionalismo no Rio de Janeiro, ganha uma nova sede. Estamos torcendo pelo sucesso do Congresso e, sobretudo para que nasça uma nova forma de entendimento do papel, das funções e da prestação de serviço. Agentes, operadores, consolidadores, otas devem juntar as mãos e buscar um grande resultado financeiro, se souberem administrar de forma colaborativa seus empreendimentos e saírem de um glamour passado, que hoje se traduz por pesquisas e nossa presença nas colunas de economia.

As faculdades de turismo não podem ser convidadas, apenas, para que seus alunos estejam presentes. Como algumas delas, são verdadeiras incubadoras de novos negócios turísticos e desenvolvem projetos de agências acadêmicas precisam fazer parte do rol de palestrantes, de desenvolver pesquisas ou ainda participar da organização do evento, já que possuem disciplinas específicas práticas, que muito ajudariam numa visão mais moderna.

O Congresso da Abav é sempre uma grande esperança para o turismo nacional e estamos todos empenhados no seu sucesso institucional e comercial. Estamos certos de que São Paulo, que tem dado grandes exemplos de gestão do turismo e da diversidade saberá acolher com maestria e profissionalismo, os mais de 15.000 profissionais que estarão no evento.

Bayard Do Coutto Boiteux é consultor, escritor, professor universitário, preside o Site Consultoria em Turismo e coordena o curso de Turismo da UniverCidade, no Rio de Janei