Aquela máxima que nada está tão ruim, que não possa piorar encontrou no penúltimo dia da 30ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP 30) sua total aderência.
Três pessoas foram hospitalizadas após o incêndio na Zona Azul da (COP 3O), no início da tarde desta quinta-feira (20). Até o momento as informações referentes ao quadro de saúde das vítimas são de estabilidade e acompanhamento preventivo pela inalação de fumaça.
O fogo começou em um estande na blue zone, perto do pavilhão do Brasil, por volta das 14h. A área azul é onde ocorrem as negociações e ficam concentrados os pavilhões de países e associações. O cheiro de fumaça é forte no local e houve correria. A energia interna foi desligada e as negociações paralisadas, colocando em prática um plano de contingência de evacuação total do espaço.
Imagens que circularam em tempo real nas redes mostraram o momento em que uma fumaça preta começa a sair perto de um estande, rapidamente se espalhando em grandes labaredas de fogo.
Ao todo, incêndio durou seis minutos, segundo os Bombeiros. Para conter o fogo, foram usados 244 extintores e mangueiras, administradas por 56 membros da corporação que já estavam no local. Porém relatos de testemunhas locais apontaram que, durante o incêndio e todo o processo da evacuação, não houve nenhum tipo de aviso sonoro, um pressuposto importante em episódios dessa envergadura. E nesse caso foi percebido uma real sinergia entre as forças de segurança pública tanto nacionais quanto internacionais.
O Ministro do Turismo, que já entregou o cargo, mas ainda está nele, coisas de Brasil, Celso Sabino, foi a autoridade que logo se tornou o porta voz para a imprensa, mas apesar de vivência em crises, ficou notório a sua falta de inteligência emocional, fomentando informações equivocadas e suposições, que nada colaboram em momentos como esses.
Media e Social training em eventos se tornam cada vez mais estratégias salutares para evitar a disseminação de dados que possam prejudicar, ainda mais, a imagem e reputação de um evento.
Importante ressaltar que há poucos dias, a ONU encaminhou uma carta criticando aspectos da estrutura do evento em diferentes momentos. Aliás, o mercado de eventos há muito vinha apontando pressupostos que mereceriam mais atenção do pool da organização. Eu mesma escrevi um texto, publicado no Blog em janeiro de 2025.
No documento que foi enviado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e ao governador do Pará, Helder Barbalho, a ONU critica a organização do evento pelo Brasil e exige melhorias.
E não podemos falar que é uma atitude de preconceito ou má vontade. A ONU tem experiência em todo o mundo, na realização desses megaeventos, inclusive, no próprio país.
O episódio que deflagrou a reação da ONU na carta foi a invasão de manifestantes na noite de terça-feira (11) da Blue Zone, a área oficial de negociação na COP. Além da invasão, desde o primeiro dia as delegações reclamam sobre falhas na refrigeração e falta de água nos banheiros. Sem falar nos valores de A & B exorbitantes, que se tornaram alvos até de memes.
O secretário-executivo da Convenção do Clima (UNFCC) da ONU, Simon Stiell, afirmou que alguns dos pavilhões apresentavam problemas de infraestrutura, como goteiras e vazamentos. Além disso, apontava também sobre riscos de uma potencial "exposição à eletricidade" nos espaços da conferência.
Sabemos que gambiarras, infelizmente, fazem parte da cultura tupiniquim e que essas questões são recorrentes. Mas não podemos associar isso como elemento de normalidade. Vida de pessoas estão nas mãos de quem organiza eventos e todo zelo, ainda será muito pouco.
Como o evento ainda não terminou, vamos torcer para que não tenhamos mais nenhum agravante, pois a imagem do evento por si só, diferentemente do que as autoridades locais, alegres e sorridentes estão tentando transmitir, está bem prejudicada, assim como os resultados das rodadas de negociações. Já estávamos chamuscados. Agora literalmente incorporamos mais essa situação em nosso dossiê do evento.
Seremos um marco na história desse acontecimento especial, mas não, de forma emblemática e nobre. Não adianta se não temos envergadura para sediar tal projeto, não devemos se quer cogitar participar de uma seleção... Vaidades não devem estar acima do que - de maneira concreta - representam a nossa realidade.

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