NIPO-BRASILEIRO Tizuka emociona nikkeis com apresentação de Gaijin 2

Filme retrata a saga dos imigrantes japoneses, que descobriram na região Norte do Paraná, nas lavouras de café, um recomeço após Segunda Guerra Mundial

A exibição do filme Gaijin 2, da renomada cineasta Tizuka Yamasaki, emocionou pioneiros da comunidade japonesa de Maringá, que se recordaram dos dias difíceis da imigração e da vinda dos primeiros japoneses para o Norte do Paraná, na década de 1930. É disso que trata o longa-metragem, que foi comentado por Tizuka no pavilhão artístico do 24º Festival Nipo-Brasileiro, no último domingo (8).

"Este filme foi feito para agradecer nossos pioneiros, que vieram para esta região numa época em que aqui só havia mato”, comentou Tizuka. “O filme também agradece o Brasil, que acolheu não apenas os japoneses, mas imigrantes de vários países”.

A cineasta explicou que a ideia de fazer Gaijin 2 – mais de três décadas depois do primeiro filme – surgiu após visita dela ao Japão para estudar o retorno dos dekasseguis (trabalhadores brasileiros) a suas origens. Vistos como japoneses por aqui, apesar de terem nascido no Brasil, os dekasseguis se viram tratados como gaijin (estrangeiros) no país de seus pais e avós. Um problema de identidade cultural que também é abordado no filme.

“Foi muito difícil para essas pessoas. Elas passaram uma vida toda sendo chamadas de japoneses aqui no Brasil e, ao chegar ao Japão, eram tratadas como gaijin”. Tizuka comentou em sua palestra que o movimento dekassegui foi necessário para que os nikkeis (descendentes de japoneses) compreendessem que eles são brasileiros, apesar da aparência oriental e da origem de seus antepassados.

Questionada sobre a cidade cenográfica erguida para retratar a Londrina dos anos 30 e os custos da produção de longa-metragem históricos, Tizuka criticou a falta de incentivo em cultura. “Infelizmente, este tipo de filme [Gaijin 2] não é mais viável no Brasil por falta de apoio governamental”, disse a cineasta, que se lembrou de agradecer o empresário João Noma, de Maringá, que esteve entre os apoiadores das gravações de Gaijin 2.

Ao final da apresentação do filme e do bate-papo com o público, Tizuka autografou algumas cópias de seu filme. Com os DVDs, foram presenteadas autoridades, entidades nikkeis representadas na ocasião e pioneiros com mais de 75 anos. Tizuka encerrou sua participação no festival destacando que, não fosse a colaboração da comunidade nikkei das regiões de Maringá e Londrina, Gaijin 2 ainda estaria no papel.

Confira imagens abaixo: