No dia 10 de novembro, sábado, o Roadsec realizou em São Paulo sua mega edição de encerramento da tour nacional e comemorou os 5 anos do início do fomento da comunidade e cultura hacker no país, ultrapassando sua marca de 5 mil pessoas presentes. Foram 24 horas de atividades que reuniu hackers, estudantes e profissionais de segurança da informação, tecnologia e ciências, pra falar de temas que envolvem ataque e defesa, hardware, tecnologia e desenvolvimento, ciência e academia, carreira e empreendedorismo, política e sociedade, blockchain e criptoativos, além de oficinas interativas e inéditas.
O Roadsec foi palco da final nacional do Hackaflag, o maior campeonato de invasão de sistemas da América Latina, onde os onze finalistas representando os estados que receberam a turnê do evento em 2018 competiram através de uma invasão de sistemas em um ambiente controlado. O Campeão Brasileiro de Hacking de 2018 foi o paraibano Alisson Bezerra, com 1350 falhas encontradas, e levou como prêmio uma viagem com tudo pago para Las Vegas, para participar da Defcon, a maior conferência hacker do mundo.
Neste ano, além do modelo de competição já tradicional no formato CTF (Capture The Flag) o evento promoveu a estreia de uma modalidade inédita no Brasil: o bug bounty, programa de recompensa onde empresas cadastraram suas aplicações e plataformas, definindo um valor a ser pago por cada bug ou falha de segurança detectada.
A primeira edição do Hackaflag Bug Bounty terminou com 9 falhas encontradas e prêmios em dinheiro distribuídos. O pesquisador de segurança da informação Fernando Dantas, foi o vencedor da competição e responsável por encontrar 3 vulnerabilidades, levando 11 mil reais para casa, sendo 4 mil reais por encontrar mais falhas e 7 mil de bônus, por encontrar as mais impactantes.
A estreia na modalidade no Brasil tem como objetivo abrir uma nova linha de oportunidade de desenvolvimento profissional e renda para hackers. “Mesmo com o mercado com déficit de profissionais e salários de 2 dígitos para iniciantes, o perfil desses especialistas pede um modelo desafiador, com mobilidade é rentável”, afirma Anderson Ramos, idealizador do Hackaflag.
Mulheres ocuparam mais de 45% da grade de palestrantes do Roadsec
Sabendo que mulheres ocupam menos de 15% das vagas de Segurança da Informação e chefiam só 3% das 200 maiores empresas do segmento, a comunidade brasileira de seginfo lançou um movimento para que, em 5 anos, o segmento inverta o jogo e passe a liderar o ranking de equidade de gênero nas vagas dentro dos setores de tecnologia. “Este ano o evento foi marcado pelos 5 anos da comunidade no Brasil, momento propício para anunciar que 45% da grade de palestrantes foram mulheres, assim como o comando das atividades interativas. Todos os anos presenciamos cada vez mais garotas se destacando em campeonatos de hacking, nas faculdades e no mercado. A disparidade está diretamente ligada à uma cultura ultrapassada e não à falta de qualificação”, defende Marina Ciavatta, gerente de engajamento e comunidade do Roadsec que, aos 25 anos, lidera o maior time de voluntários para eventos de tecnologia do mundo.
Feira de Recrutamento
O mercado de Segurança da Informação está na contramão da crise econômica brasileira e cresceu 40%, comparado ao mesmo período de 2017, de acordo com pesquisa da empresa Robert Halph. Mesmo com tantos números otimistas, existe uma escassez por mão de obra no setor, com tendência de déficit de 185 mil vagas até 2022 no Brasil, ainda segundo o estudo. Alguns eventos tentam reduzir esse abismo entre o RH das corporações e talentos do setor, como é o caso do Roadsec, que teve empresas da área recrutando durante o campeonato brasileiro de hacking. “Esse tipo de especialista não está necessariamente nas faculdades. Geralmente, ele fica no anonimato, desperdiçando suas habilidades. Por isso, resolvemos rodar o país com eventos itinerantes atrás deste tipo de perfil e reunir os melhores em São Paulo”, conta Anderson Ramos, CTO da Flipside, empresa especializada em eventos de segurança da informação, e idealizador do Roadsec SP18.
Maior Festival Nerdcore da América Latina
O hacking no Brasil está cada vez mais extrapolando os limites das habilidades técnicas e se tornando um movimento cultural. Com isso, durante o evento estiveram presentes os principais gênero no mundo, como o artista norte-americano Dual Core junto com mais de 20 DJs brasileiros e representantes do estilo no Brasil, como o curitibano MC Hackudão. Edgar, o rapper alienígena multicolorido que faz o próprio figurino a partir de objetos descartados, também se juntou com os rappers brasileiros Gabriel O Pensador e Marcelo D2 neste dia.
Comentários