Lufthansa fala sobre acordo com TAM e perigos da taxa de estacionamento

Em visita especial ao Brasil, Stefan H. Lauer, membro da presidência do grupo Lufthansa, declarou estar otimista em relação ao setor aéreo, mas fez críticas em relação...

Em visita especial ao Brasil, Stefan H. Lauer, membro da presidência do grupo Lufthansa, declarou estar otimista em relação ao setor aéreo, incluindo perspectivas de crescimento da própria companhia, assim como suas relações com o Brasil. Sua única crítica se reservou ao anúncio de drástico aumento na tarifa cobrada pelo estacionamento das aeronaves no aeroporto de Guarulhos, que se não repensada pode, segundo Lauer, afetar  gravemente as rotas não só da Lufthansa, mas de diversas companhias aéreas no Brasil.

Em bom humor, Stefan H. Lauer, acompanhado por Peter W. Fellinger, diretor geral para a América Latina e o Caribe, se apresentou para uma conversa intimista com jornalistas nessa manhã, quando falou sobre o desempenho da Lufthansa nos últimos anos e os planos futuros da empresa.

O CEO iniciou a conversa comentando como é fácil perceber como a cidade de São Paulo mudou desde sua última visita ao Brasil, 10 anos atrás, quando ainda fazia parte diretoria da Lufthansa Cargo, e a maneira como essa mudança reflete que a economia local está avançando e o setor de aviação deve seguir essa ascensão, revendo sua posição no mercado.

Lufthansa no Brasil

Segundo Lauer em 51 anos de operação no Brasil, “o mercado local nunca foi fácil para a Lufthansa devido tanto a problemas políticos, como e altos e baixos na economia, o que sempre dificultaram o desenvolvimento de uma operação lucrativa e por vez determinaram a redução de nossos serviços na América Latina”.

Hoje porém, o panorama é completamente diferente. Segundo o CEO, o lucro no Brasil chega a 4,5 percentuais atualmente e existe uma confiança por parte da diretoria da companhia  no crescimento dinâmico do Brasil.

Além disso, a Lufthansa aumentou em 30% sua capacidade de passageiros no país quando separou os vôos partindo de Buenos Aires e São Paulo e hoje 3 são os vôos diários saindo da capital paulista diariamente. Lauer comentou que essa “é uma posição muito melhor do que a de anos atrás e a expectativa nos próximos 2 anos é de que aumentemos a freqüência dos vôos”.

De acordo com Lauer o Rio de Janeiro pode ganhar mais uma freqüência no próximo 1 ano ou 1 ano e meio. Mas o diretor salienta que esse é apenas um plano e ainda não há nada concreto em termos de acordo.

Acordo entre TAM e Lufthansa

Stefan Lauer aproveitou a ocasião para anunciar um acordo entre as empresas que permite acumular e resgatar pontos através do Programa de Fidelidade Tam e milhas pelo Miles & more da companhia alemã.

Desde abril de 2007 a Tam e a Lufthansa estão em negociações, sendo que em novembro passado as empresas começaram a trabalhar em code share, através de um vôo diário com saída de Guarulhos para Frankfurt em aeronave com capacidade para 267 passageiros.
Através do acordo, passageiros da Tam podem utilizar pontos acumulados no Programa Fidelidade da empresa para viajar em qualquer vôo doméstico internacional operado pela Lufthansa. Da mesma forma, os participantes do programa Miles & More da Lufthansa podem converter suas milhas em pontos para serem utilizados em todos os vôos domésticos e internacionais da Tam.

Esse acordo poderia também indicar a possibilidade da companhia brasileira integrar o grupo Star Alliance, preenchendo o vácuo deixado pela saída da Varig, e seguindo um caminho natural, que já foi traçado pela Tap, linhas aéreas portuguesas.

Segunda maior Cia Aérea do mundo

Sem esquecer da invejada posição ocupada pela Lufthansa no ranking das companhias aéreas mundiais, ou como Stefan Lauer gosta de chamar a “Champions League” da aviação, o CEO comentou os bons resultados obtidos pela empresa no ano passado.

Lauer ainda aproveitou para adiantar o relatório financeiro anual da companhia que será anunciado em algumas semanas, dizendo que o lucro da Lufthansa em 2007 foi de por volta 1,3 bilhões de euros. “A Lufthansa fez negócios excelentes em 2007. Foi um ano de extremo sucesso” complementou o diretor.

Já em número de passageiros a empresa bate novo recorde e registra 56,4 milhões de passageiros a bordo de seus vôos em 2007, 5,6% a maio do que no ano anterior. O fator de aproveitamento de assentos dos vôos também cresceu, em 1,8 ponto percentual, chegando a marca de 77%.

Como grupo, incluindo a Swiss International Air Lines, 62,9 milhões de passageiros se fizeram presentes em 749.431 decolagens e pousos, esse último número também um recorde.

Novas aeronaves

Stefan Lauer anunciou que a Lufthansa investiu cerca de 14 bilhões de euros em novas aeronaves, incluindo o novo modelo A-380, sendo a companhia a primeira européia a operar o modelo, que deverá iniciar suas atividades no verão (europeu) de 2009.

Outro modelo adquirido é o Jumbo Jet 747/8, que deverá iniciar suas operações somente em 2010, tendo a Lufthansa como primeira companhia no mundo a operá-lo. Entre seus diferenciais um motor ecoeficiente capaz de transportar 1 passageiro por 100 km, utilizando apenas 3 litros de combustível.

Além disso, a Lufthansa também comprou 30 aeronaves do modelo 190 da Embraer, consolidando seu primeiro negócio com a empresa brasileira, que segundo Lauer ocupa posição especial no mercado por ser uma das 2 únicas fornecedoras de aeronaves com capacidade limitada de passageiros e propícias a se movimentarem em rotas descentralizadas.

Segmento de negócios: o segredo do sucesso da Lufthansa

Peter Fellinger declarou que a Lufthansa transporta 50% viajantes corporativos e 50% viajantes de lazer contra 40% e 60% do mercado na aviação. Esses números mostram porque a Lufthansa é conhecida mundialmente como a companhia aérea dos viajantes de negócios, além claro de seus serviços e infra-estrutura para atender esses passageiros, que muitas vezes também são 5 estrelas.

Stefan Lauer complementou dizendo que “o segmento de negócios 5 estrelas é a principal meta da Lufthansa”. Outro serviço que exemplifica a importância do segmento para a empresa são os Lufthansa Private Jets, através do qual jets corporativos podem ser reservados sob pedido oferecendo conforto, privacidade e exclusividade aos clientes.

Fusões: a paisagem mundial da aviação está mudando

Segundo Lauer a aviação está movendo em direção a fusões, alguns exemplos são a própria Lufthansa + Swiss e a própria Gol que recentemente adquiriu a Varig. Uma outra fusão que está se concretizando acontece entre as americanas Delta e Northwest. De acordo com Lauer, fusões internacionais são mais complexas, mas o CEO não negou o interesse da companhia alemã em adquirir ações da Iberia, mas lembrou que a futura mudança política espanhola, com as eleições, e o fato de que uma das maiores concorrentes da Lufthansa, a British Airways, também tem ações na Iberia podem dificultar ainda mais o processo.

Ameaça: aumento na taxa de estacionamento para aeronaves em Guarulhos

Ponto de destaque na conversa, a discussão sobre o aumento da taxa de estacionamento de aeronaves em Guarulhos também suscitou outros alertas da companhia de que o Brasil precisa investir em infra-estrutura ou perderá lugar no mercado mundial.

A Lufthansa opera vôos noturnos, nas duas direções, e para tanto precisa manter suas aeronaves em terra durante o dia. O aumento previsto é de 5.000%, de 1.500 para 78.000 dólares, o que colocaria a operação da Lufthansa no Brasil no vermelho.

Lauer disse já estar em conversações com a IATA, associação internacional de transporte aéreo, para tentar encontrar uma solução junto a Anac e o governo brasileiro. Quando perguntado sobre o que aconteceria se a taxa fosse realmente aprovada, Lauer  disse que infelizmente não só a Lufthansa, mas diversas companhias aéreas teriam de “rever suas posições em São Paulo”. “As companhias teriam que alterar suas rotas e isso não seria conveniente para os passageiros e dessa forma, por exemplo, o segmento de negócios procuraria outras soluções”.

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