ITA deve R$ 12 milhões a Orbital, que faz atendimento aos passageiros em Guarulhos

Em matéria publicada no Jornal O Globo no último dia 22/12, informa que o atendimento de reacomodação dos passageiros da ITA em Guarulhos está sendo realizado por uma empresa terceirizada que não só não está recebendo pelo serviço, como tem a receber da empresa aérea R$ 12 milhões em pagamentos atrasados.

Em matéria publicada no Jornal O Globo no último dia 22/12, informa que o atendimento de reacomodação dos passageiros da ITA em Guarulhos está sendo realizado por uma empresa terceirizada que não só não está recebendo pelo serviço, como tem a receber da empresa aérea R$ 12 milhões em pagamentos atrasados. O empresa também presta serviço na pista, mas o atendimeto aos passageiros no balcão de check-in está previsto para ser encerrado no dia 10 de janeiro.

Estamos prestando serviço de forma voluntária, mas é como ir para uma guerra sem armas. Nós não temos poder para resolver. Ajudamos o passageiro a preencher os formulários e enviamos para a Itapemirim. Só que não tem vaga nos aviões, nem nos hoteis e nem nos ônibus — diz Rubens.

Desde que suspendeu as operações, na sexta-feira, deixando mais de 40 mil passageiros no chão nas vésperas do Natal, o dono da ITA, empresário Sidnei Piva de Jesus, vem declarando que o estopim para a interrupção das operações seria o aviso da Orbital de suspender as operações.

A declaração, porém, não faz sentido: na própria sexta-feira, Sidnei e o presidente da Orbital, Rubens Pereira Leitão Filho, fecharam um acordo de antecipação de passagens com a empresa 123 Milhas que solucionaria o passivo da Orbital. Resolvido o passivo, o aviso prévio poderia ser suspenso. A 123 Milhas iria pagar R$ 12 milhões pela compra antecipada de passagens: o dinheiro iria direto para a Orbital, sem passar pelo caixa da ITA.

Para ser validado, porém, o acordo dependia de uma última assinatura, da 123 Milhas. O combinado seria colher presencialmente a assinatura do responsável pela 123 Milhas em Belo Horizonte, na segunda-feira (20) passada. O anúncio da suspensão dos voos antes do fim de semana pegou as partes de surpresa, e o acordo foi desfeito.

Devido aos atrasos no pagamento, a Orbital notificou a ITA no dia 7 de dezembro e deu um aviso prévio para parar de fazer o atendimento ao passageiro no dia 10 de janeiro. Mas pelo acordo entre elas, a Orbital ainda permaneceria prestando serviços de rampa (manuseio de bagagem).

A conta estava muito alta pois contratei funcionários para fazer um atendimento ao passageiro da ITA considerando uma malha de 10 aviões, que foi a previsão passada pelo Sidnei, mas a empresa estava operando com 5. Não fazia sentido ter tanta gente na linha de frente — diz Rubens. — Nós nunca podíamos imaginar que a empresa ia parar. Tanto é que nós iríamos seguir prestando serviço de rampa.

Segundo Rubens, Sidnei sequer atende seus telefonemas e nunca agradeceu por ele seguir prestando o serviço de atendimento sem receber. Por meio de intermediários, a ITA ainda tentou converter a dívida da Orbital em equity. — Não faz nenhum sentido nesse momento. Ele está desesperado atrás de um sócio, tomara que consiga um.

Itapemirim afirma que processou R$ 7,8 milhões em reembolsos em dois dias

Segundo a companhia aérea, até o momento já foram atendidos 25.696 passageiros afetados até 31 de dezembro

A Itapemirim Transportes Aéreos (ITA) afirmou nesta terça-feira (21) que processou R$ 7,8 milhões em pedidos de reembolso junto a operadoras de cartão de crédito feitos por clientes afetados pelo anúncio da empresa de suspensão de operações para realizar uma reestruturação.

De acordo com a companhia aérea, os valores serão estornados para os clientes na fatura do cartão em até 30 dias. A ITA também disse que enviará diariamente às operadoras todos os pedidos feitos no dia anterior.

A empresa informou que, até o momento, foram atendidos 25.696 passageiros, equivalente a 56% do total de consumidores cujos voos previstos até 31 de dezembro foram cancelados.

A ITA criou uma aba de reembolso em seu site, e cada pedido será analisado individualmente, com prazo de pagamento de até 30 dias. É possível, ainda, ser atendido pelo telefone 0800 723 2121 ou por um chat no site da companhia. O horário de atendimento é das 6h às 21h.

Na sexta-feira (17), a ITA cancelou todos os seus voos, alegando um processo de reestruturação de operações. A companhia afirma que orienta os passageiros a não tentar realizar check-in online ou comparecer a aeroportos antes de entrar em contato com a empresa.

Segundo a ITA, apenas pessoas fora da cidade de domicílio tem direito à reacomodação em outros voos, e apenas para destinos de retorno. Já os clientes que estão na cidade de domicílio tem direito apenas ao reembolso integral.

“A companhia trabalha neste momento em sua reestruturação para a retomada de suas operações o mais breve possível”, diz a ITA. Ao todo, foram 514 voos cancelados.

Em entrevista à emissora CNN, a advogada especialista em direito do consumidor Maria Inês Dolci afirmou que a empresa pode ser punida pelos cancelamentos, e que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deve interceder no impasse.

São mais de 50 mil passageiros que hoje estão em uma situação sem alternativas e, portanto, a empresa pode ser punida por isso. O consumidor evidentemente pode ser realocado entre outras cias aéreas, essa possibilidade existe, mas tem que ter uma solução pelo menos de imediato, para evitar que o consumidor se dirija aos aeroportos e fiquem ali aguardando por uma solução que não está chegando, é lamentável essa situação”, afirmou.

De acordo com a analista de política da CNN, Basília Rodrigues, Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, deu um prazo de cinco dias para que a empresa informe como vai acomodar os passageiros que haviam comprado passagens e foram pegos de surpresa com a paralisação dos serviços.

A Senacon afirma que, caso os danos aos consumidores não sejam reparados, o governo não descarta a possibilidade de aplicar multas na empresa, com base no Código de Defesa do Consumidor.

A empresa está, ainda, sob acusações de fraude no processo de venda, em 2016.

A Itapemirim foi fundada em 1953 no Espírito Santo e leva o nome da cidade onde nasceu: Cachoeiro de Itapemirim. Os antigos donos acreditam que a venda do grupo, no final de 2016, foi cercada de fraudes.