Expo Milão 2015. A Itália presente no jeitinho brasileiro.

Por Ronaldo Ferreira - Diretor Agencia Um

Em fevereiro, enquanto participava da BIT, Borsa Internazionale del Turismo, em Milão, nos grandiosos pavilhões da Fiera Milano, me dei conta que estava ao lado do canteiro de obras de um dos eventos mais festejados do mundo. A grande feira das Nações, a Expo Milão 2015.

Para se ter uma ideia da grandiosidade da Expo, a audiência deste evento, tanto presencial quanto on-line, é comparável somente à Copa do Mundo de futebol e às Olimpíadas. Sua última edição, realizada em 2010 em Xangai, na China, reuniu cerca de 73 milhões de pessoas de mais de 230 países em uma área de 5,28 km2.

É um evento tradicional de integração de culturas, respeito à diversidade, compartilhamento de boas práticas e de muitas oportunidades e avanços marcantes para todos os povos. Um evento difusor de ideias e ideais.

Para citar alguns exemplos do impacto e do legado deste grande encontro mundial, se hoje Paris tem o cartão postal mais conhecido do mundo ou se você pode fazer uma simples ligação com alguém do outro lado do oceano, agradeça à Expo Universal. Tanto a Torre Eiffel como o telefone, o elevador e a iluminação pública foram criações apresentadas no evento, que teve a primeira edição em Londres, nos idos de 1851.

Sangue Latino na Expo Milão 2015

O evento que os italianos estão preparando pode não alcançar os números de Xangai, mas nem por isso é menos ambicioso.

De 1o de maio a 31 de outubro, a cidade ao norte da Itália estima receber 20 milhões de visitantes. Mais de 140 países vão apresentar suas inovações e ideias em uma área de 1 milhão de m2.

E assim como aconteceu no Brasil durante a realização da Copa do Mundo, o índice de rejeição por parte da população vem crescendo diariamente. Em tempos de grave crise econômica mundial, os argumentos vão desde o aumento da dívida pública em mais de 9 bilhões de euros, até a perda de centenas de hectares de terras para obras estruturais do evento.

Sempre percebi muito do sangue italiano em nosso jeitinho brasileiro, a maneira informal, alegre e expansiva de resolver as coisas, mas não espera tanta semelhança em infraestrutura.

O clima de excitação que senti ao ver a preparação do terreno e a montagem dos imensos pavilhões da Expo logo se transformou em preocupação. Mesmo sendo brasileiro e sabendo que as coisas por aqui se resolvem aos 45 minutos do segundo tempo, o stress de ver tanta obra a ser concluída em apenas dois meses é de tirar o sono de qualquer governante do planeta. Para entender este sentimento, basta lembrar da frágil campanha de São Paulo para ser sede da Expo 2020. Dubai foi a cidade escolhida para tranquilidade geral de todos nós.

Alimentando contradições

“Alimentar o planeta, energia para a vida” é o tema da Expo Milão 2015.

Será a primeira vez que, além de inovações e tecnologia, uma Exposição Universal vai promover a discussão e a cooperação entre nações, organizações e empresas em torno de um assunto de interesse global.

Afinal, o grande desafio do evento é encontrar soluções concretas para garantir a todas as pessoas do mundo uma alimentação saudável, segura e de qualidade, sempre priorizando a sustentabilidade.

Para isso, será preciso encontrar a resposta para uma questão ao mesmo tempo irônica e contraditória: “Como evitar que milhões de pessoas continuem morrendo de fome em algumas regiões do planeta e, em outras, muitos percam a vida em virtude da obesidade devido a má alimentação?”

Acrescente os bilhões de toneladas de comida desperdiçada anualmente e vemos um problema bastante indigesto, mas que teremos a oportunidade de tentar resolver com a Expo Milão 2015.

Um cenário de oportunidades

Críticas e oposições à parte, o fato é que a Expo Milão 2015 tem muito a nos ensinar em termos de organização, infraestrutura e crescimento nos negócios.

Na área de turismo, por exemplo, como a feira vai acontecer durante a alta temporada, os organizadores teceram acordos com a rede hoteleira para que os preços não ultrapassassem os 40% dos praticados atualmente.

Além disso, dezenas de outros eventos serão realizados por todo o país aproveitando o fluxo de turistas.

E o Brasil também pode aproveitar a Expo para explorar o turismo de negócios. Somos o 3o maior mercado internacional de turistas em Milão, atrás somente da China e dos EUA. Para o período do evento, a estimativa é que 600 mil brasileiros desembarquem na cidade.

No agronegócio, o Brasil é reconhecidamente uma das grandes potências mundiais. O setor agrícola é responsável por 23% do PIB e 41% das exportações.

Ou seja, estamos totalmente alinhados ao tema da Expo Milão 2015. E isso é um excelente motivo e inspiração para nossas campanhas e viagens de incentivo.

Empresas ligadas à produção de alimentos e ao agronegócio devem usar seu expertise para propor novos processos e lançar produtos que vão de encontro às necessidades do evento e de nossos clientes.

Independente dos prós e contras, o certo é que temos nas mãos uma oportunidade ímpar de participar das transformações da Expo 2015 e de aquecer nossos negócios. Te vejo em Milão.