Com o dólar valorizado, o crescimento da economia compartilhada e a crise financeira, a hotelaria brasileira vive um novo momento. Os resorts apresentam boa ocupação e faturamento, com o crescimento da demanda interna por viagens de lazer. E as recentes mudanças demográficas do país ou de comportamento do viajante aumentaram o interesse por hospedagens voltadas para idosos e estudantes, assim como os modelos voltados à economia compartilhada de hospedagem, como fractional e timeshare.
Estas foram algumas das principais tendências identificadas e avaliadas por especialistas na última segunda-feira (4) no ADIT Invest 2016, evento realizado pela Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil, e que reuniu os principais empresários e investidores dos segmentos no país. Entre os painelistas do debate Quais são os horizontes para a hotelaria no Brasil? estavam presentes o diretor da Caio Calfat Real Estate Consulting e Vice-Presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Secovi-SP, Caio Calfat, e os diretores Eduardo Camargo (Desenvolvimento e Novos Negócios da rede hoteleira Accor), Amilcar Mielmiczuk (Desenvolvimento e Novos Negócios da rede hoteleira Blue Tree Hotels) e Fernando Martinelli (da Interval International), uma das principais intercambiadoras de férias do mundo. O moderador foi Roberto Rotter, diretor da Rede Plaza de Hotéis Resorts e Spas.
Resorts em destaque
Há cinco anos, os resorts eram um dos meios de hospedagem sacrificados com o dólar desvalorizado. Com a mudança gradual do câmbio nos últimos anos e pacotes mais competitivos este tipo de hospedagem apresentou crescimento médio de 4,9% na taxa de ocupação em 2015, segundo relatório da Associação Resorts Brasil. Atualmente, a perspectiva é otimista, especialmente para os resorts mais voltados ao lazer. Muitos fatores de mercado podem ajudar no processo de maturação dos projetos de resorts, avalia o consultor Caio Calfat. “Além do aquecimento do turismo doméstico e da procura de oportunidade do turista estrangeiro, vemos o trabalho das intercambiadoras de férias em comercializar os resorts para o público nacional e a retomada do interesse das redes em analisar este segmento novamente”, conclui.
Já os modelos de comercialização e operação, como o timeshare e o fractional, ajudam no crescimento dos resorts, segundo Fernando Martinelli, da Interval: “Por muito tempo os resorts procuravam criar apenas uma área de eventos como alternativa para aumentar a ocupação na baixa e agora somos procurados por incorporadoras pensando nestes modelos criativos dentro da operação”.
MATO GROSSO TEM DEMANDA PARA RESORTS E CENTROS DE EVENTOS
Mesmo em tempos de crise, o Mato Grosso se mantém como um gerador de oportunidades a serem exploradas pelos investidores turísticos-imobiliários. Estudo da Caio Calfat Real Estate Consulting aponta que no estado há demanda reprimida para resorts e espaços de eventos que atendam ao segmento do agronegócio, de grande participação na balança comercial brasileira.
Em que pese a retração de 11,7% das exportações em 2015, o Mato Grosso registrou um superávit externo de US$ 11,73 bilhões, o segundo maior saldo do país, tendo sido superado apenas por Minas Gerais. As produções de soja, milho, algodão e carne foram as que mais contribuíram para esse resultado, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Sustentado principalmente pelo agronegócio, o Mato Grosso está entre os seis estados brasileiros que possuem mais de 30% de seus municípios com PIB per capita superior ao nacional, segundo o IBGE. Toda esta riqueza tem gerado no estado uma demanda consistente por reuniões, feiras e congressos.
O levantamento da Caio Calfat aponta que 80% das principais empresas realizadoras de eventos na região de Cuiabá e Chapada dos Guimarães relatam dificuldades em encontrar disponibilidade nos espaços em operação nos períodos de grandes congressos. O mesmo estudo revela que 50% das empresas registram um aumento na demanda por eventos.
Potencial natural
O Mato Grosso é o único estado brasileiro composto por três biomas: Pantanal, Cerrado e Amazônia. Também possui uma das mais importantes represas do Centro-Oeste, a do Lago Manso, formado pelo represamento do Rio Cuiabá e com 427 km² de área. Para Caio Calfat, diretor da consultoria, a região explora pouco este potencial natural, seja por meio de resorts e pousadas, empreendimentos de segunda residência ou como atrativo extra para eventos de negócios.
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