Como anunciado no último mês de outubro, a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) deflagrou hoje (3), em Lima, no Peru, o novo modelo de representação do turismo brasileiro no exterior. A nova prática consiste em utilizar o corpo técnico do Instituto para aprofundar ações de mercado e compartilhar inteligência comercial com os seus mais de 23 mil parceiros internacionais, entre operadores turísticos, companhias aéreas e agências de viagens. Além do Peru, a presidente da Embratur, Teté Bezerra, visitará, ainda, até a próxima sexta-feira, as cidades de La Paz e Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
“Nessa primeira reunião já definimos que teremos grupos de trabalho envolvendo servidores da Embratur e PromPerú [responsável pela promoção turística do país]. O objetivo é a melhoria do fluxo de turistas entre os dois países”, informou a presidente Teté Bezerra ao reunir-se, na sede da agência peruana de turismo, com a diretora, Maria Soledad Acosta Torrely. Acompanharam o encontro a coordenadora de Inteligência Competitiva e Mercadológica da Embratur, Leila Holsbach; a gerente do Comitê Descubra Brasil no Peru, Norma de Navarro; o presidente da Associação das Agências de Viagens do Peru, Ricardo Acosta; e o representante da Embaixada do Brasil no Peru, Luiz Guilherme de Castro.
A avaliação é de que o Peru, que atrai mais de 4 milhões de turistas estrangeiros por ano e tem atrações como Machu Picchu, Cuzco e a própria capital, Lima, com seus quase 9 milhões de habitantes, pode ser um parceiro na promoção conjunta, atraindo turistas de várias partes do mundo. “Nós temos, além do Rio de Janeiro, que desperta interesse imediato dos peruanos, a possibilidade de trabalhar outros destinos conjuntos, como a gastronomia paulista e os vinhedos do Rio Grande do Sul, atraindo não só peruanos como turistas de várias partes do mundo interessados em destinos agregados”, avaliou Teté, lembrando que a promoção conjunta já foi realizada recentemente com sucesso entre Brasil e Argentina, divulgando em feira promovida na China, as Cataratas do Iguaçu para cerca de 600 operadores de turismo.
Para a diretora da PromPerú, Maria Soledad Torrely, a proposta brasileira é bem-vinda: “Pelo tamanho do mercado brasileiro, por nossas afinidades, temos muito interesse em uma ação conjunta”, informou ela, admitindo que a parceria estará entre as ações estratégicas do governo peruano.
Três companhias aéreas (Avianca, Latam e Copa Airlines) fazem a ligação Peru-Brasil em quatro aeroportos: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Brasília. Consolidar esses destinos e abrir novas possibilidades de conectividade aérea estão entre as metas dos grupos de trabalho a serem criados. Reuniões para discutir a melhoria e o aumento dos voos entre os dois países já foram realizadas hoje, na Embaixada do Brasil em Lima com representantes das companhias que operam entre os países.
Segundo a coordenadora da Embratur Leila Holsbach, essa abordagem de promoção do Brasil no exterior faz parte do novo modelo implementado, onde o corpo técnico do Instituto assume diretamente os contatos com os mercados emissores de turistas. “Vamos nos aproximar cada vez de todos os mercados estratégicos”, indicou.
Nas avaliações que a Embratur vem realizando para mapear ações de trabalho, o desenvolvimento de uma malha aérea que ofereça preços melhores e mais ofertas de voos aparecem entre os itens importantes para o aumento fluxo de turistas estrangeiros no Brasil. O assunto foi abordado também no mês passado durante a WTM London, uma das maiores feiras de turismo da Europa, realizada em Londres, na Inglaterra. Na oportunidade, o Instituto discutiu meios para o aumento da conectividade com as companhias aéreas da Europa.
A meta é garantir que o Brasil entre de vez na rota das aéreas de baixo custo. Os avanços recentes conquistados com a Norwegian, terceira maior da Europa, que já começou a vender passagens de baixo custo para o País, mostram que isso é possível. As conversas com as companhias aéreas, que majoritariamente atendem o mercado latino-americano, seguem essa mesma lógica.
Novas ferramentas
A dinâmica de promoção do Brasil no exterior acontece após cinco anos de mapeamento do mercado internacional por meios de contratos terceirizados. Nesse novo formato, o relacionamento com o trade internacional é feito diretamente pelo corpo técnico da Embratur em Brasília e nos mercados considerados estratégicos. As ações de promoção incluem workshops, roadshows e famtours.
O novo modelo não interfere na continuidade das demais ações de promoção, como a participação nos calendários de feiras internacionais, relações públicas, publicidade, ações de segmentos, área digital, entre outras, que continuam sendo feitas normalmente. Cabe ao corpo técnico manter a produção de compartilhamento de inteligência comercial para a cadeia produtiva do turismo. Esses produtos revelam as tendências e as oportunidades nos países em que a Embratur atua e podem ser decisivos na tomada de decisões e fechamento de negócios. O item “malha área”, abordado em Londres e, agora, no Peru, é um deles. A nova dinâmica reúne também informações como Panorama de Comercialização, Boletim de Inteligência Competitiva, entre outros.
Nessa linha de modernização, a Embratur entende que a era digital chegou para valer. Por isso, lançou, este ano, uma campanha totalmente digital voltada para turistas da América Latina. O visto eletrônico para países como Estados Unidos, Austrália, Japão e Canadá resultou em aumento de 65% no número de e-visas desses países para o Brasil, quando comparado novembro de 2018 o mesmo período do ano passado. As novas plataformas digitais para o trade turístico e para o público final também marcaram essa tendência digital.
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