“As mulheres querem recuperar os valores tradicionalmente considerados femininos, esquecidos na luta pelo mercado de trabalho”, ouvi Ana Paula Padrão, durante uma palestra na ADVB, em 2003. Na época, lembro que fiquei impressionada com o conteúdo da apresentação. Hoje, está mais claro ainda que as mulheres têm seu papel definido na sociedade: trabalham muito, gostam disso e estão a procura do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, além de um espaço para si mesma. E isso inclui tudo, cursos, viagens e tardes num salão de cabeleireiro ou SPA urbano. Porque não?
Quando Friederich Hegel, filósofo e historiador alemão do século XIX, disse que “a mulher pode ser educada, mas sua mente não é adequada as ciências mais elevadas, a filosofia e algumas das artes” estava completamente enganado. Naquele dia, a jornalista (que ainda ancorava o Jornal da Globo e comandou um reportagem intitulada “Revolução Feminina), comentava sobre a pesquisa que havia feito sobre tema. Ela tinha descoberto que revolução feminina era um movimento latente na sociedade brasileira.
As reportagens mostraram um contraponto nas discussões sobre o culto aos valores masculinos e femininos, desde a pré-história, passando pelas teorias antropológicas do século XIX – que apontavam a existência do matriarcado como a mais remota forma de organização social conhecida – até os movimentos da década de 80, a preocupação com a beleza e o comportamento das mulheres atualmente.
Maior defensor da “Teroria do matriarcado”, o antropólogo suíço Jacob Bachofen acreditava que as sociedades humanas, em seus primórdios, eram seguramente sociedades matriarcais, periodo em que os valores morais, jurídicos e políticos eram estruturados em torno da mulher, especialmente sob a representação da mãe. Em sua visão, nesse sistema imperava o acasalamento circunstancial, onde a as mulheres determinavam quem ia ser o pais de seus filhos, sem que pudessem manter vinculo afetivo ou responsabilidade com os recém-nascidos.
No fim do século XIX, a tese do matriarcado ganhou adeptos como Karl Marx e Friedrich Engels. Autor de “Origem da Família”, Engels alegava que a sociedade não era a soma das famílias que a constituíam, eram organizadas por relações entre os sexos apenas para sobrevivência. Como o desenvolvimento da economia, as diferenças de classes das estruturas familiares geraram uma crise e, vejam só, da crise veio a organização do Estado.
A teoria do matriarcado ficou fora de moda até a década de 50 e foi resgatada nos anos 70, quando voltou a vigorar o movimento feminista, ganhando novos conceitos, como “The Goddesses and God of Old Europe, Myths end Cult Images”, de Marija Gimbutas – arqueóloga nascida na Lituânia, que fez carreira nos Estados Unidos. Ela abordou a existência de um culto a Deusa Mãe, na Anatólia. Este foi difundido também na Europa Antiga. Mesmo sofrendo com ausência de informações, a tese da sociedade matriarcal ganhou diversos estudos, escritos por autores modernos, como Bonnie Anderson e Judith Zinsser, intitulado “A History of their own: women in Europe from Prehistory to the Present” e o estudo da norte-americana Cynthia Eller, “The Myth of Matriarchal Prehistory”.
Elas sabem o que querem
A pergunta que Freud fez no século passado ainda está sem resposta? Afinal, o que as mulheres querem? Sim, claro que elas sabem. A mulher moderna consolidou as conquistas dos anos 80 e agora quer conquistar ainda mais: felicidade na vida profissional e afetiva.
Mulheres diferentes deram entrevistas ao Portal EVENTOS sobre suas carreiras e como se sentem no comando de empresas e suas equipes. Entre elas, Érica Drumond, secretária de turismo de Minas Gerais; Angela Espírito Santo, diretora da Angel Eventos; Andrea Nakane, professora da Anhembi Morumbi; Anay Gramaud, gerente de vendas do Conrad; Adrianne Pereira, diretora da Queensberry; Chieko Aoki, da rede Blue Tree; Ana Luisa Diniz, diretora do Centro de Convenções Rebouças; Maria Priscila Alves, diretora da Mapa Comunicação; e Elza Tsumori, presidente da Ampro; Celina Alves, diretora executiva do Fortaleza Convention.
Depois de ler os depoimentos, veja porque elas são reconhecidas como executivas que fazem a diferença em suas atividades. Há, claro, diferenças de pontos de vista de gestão, de opinião sobre os preconceitos, mas um consenso: as habilidades femininas se sobressaem aos homens – em algumas áreas. Você vai descobrir que as mulheres são capazes de exercer vários papeis e satisfazer-se com eles, extraindo felicidade de todas as funções.
A dupla jornada com prazer não tem peso e a frase de Simone de Beauvoir “enquanto a família e o mito da família forem erradicados, as mulheres continuarão” está totalmente fora de moda, pois as mulheres não vão mais abdicar de nada. Nos anos 80, as meninas eram criadas para serem independentes e individualistas, era época da inserção da mulher no mercado de trabalho. Nos anos 2000, as garotas são criadas para a parceria e o coletivismo e estão mais preparadas para compartilhar a experiência da maternidade e porque não dizer para comandar.
* Ilustração: Perfil de Mulher, pintura de Ademir Martins, 1967.
Comentários