Centro de Porto Alegre ganhará bondes históricos

O investimento total na nova atração turística da cidade pode chegar a R$ 25 milhões



Quem viveu na década de 60 e 70 em Porto Alegre irá lembrar do tempo em que o principal meio de transporte na cidade eram os bondes. Quarenta e três anos depois da desativação do último bonde elétrico, a cidade poderá finalmente ter de volta o velho charme dos motorneiros e os trilhos de volta. E assim como nos maiores e mais belos destinos do mundo, servirá para outros fins, mais charmosos: encantar os turistas em visita aos pontos de maior visitação do Centro Histórico. Desta vez com muito mais estilo, segurança e conforto. A proposta não é inédita. Vem de uma demanda antiga dos moradores mais saudosistas.

O assunto veio novamente à tona e ganhou pauta com a finalização de um levantamento técnico que revelou que a cidade está apta a receber esse tipo de atração histórica e cultural. Os detalhes foram revelados pelo consultor do consórcio Quanta Consultoria Água e Solo, Fernando Meirelles, na sexta-feira passada, durante audiência pública realizada na Câmara de Vereadores. O levantamento, que demorou cinco meses para ser finalizado, levou em consideração vários aspectos como trânsito, o trajeto do bonde, o impacto ambiental, o tipo de veículo utilizado, bem como a sua alimentação.

O bonde terá como ponto de partida o abrigo dos bondes da Praça XV de Novembro e como chegada a Avenida Otávio Rocha. Estão previstos quatro terminais: no Abrigo dos Bondes, na Usina do Gasômetro, na Praça da Alfândega e outro na Praça da Matriz. Serão dois bondes em circulação, que farão juntos 12 viagens diárias. O preço para se percorrer os principais pontos turísticos do Centro Histórico sobre trilhos será de R$ 20,00. O valor foi definido levando em consideração a ocupação mínima de 33% no início da operação, dos 32 assentos mais os espaços reservados para quatro cadeirantes e pessoas obesas e sistema de áudio individual em três idiomas.

Entre as opções de percurso avaliadas, o melhor a ser adotado, segundo a Quanta Consultoria Água e Solo, está o de 3,8 quilômetros para a linha turística, com paradas ao longo do trajeto e seis viagens diárias por veículo, de terças a domingos. Eles não vão circular em horário de pico. Já entre as três opções de veículos para a operação, a escolha foi pela restauração de dois bondes originais que ainda permanecem intactos na empresa de ônibus Carris. O sistema de alimentação dos veículos será mais moderno, com a utilização de motores a bateria, de baixo consumo de energia e menor custo que o sistema tradicional, que utilizava cabos aéreos.

Porém algumas mudanças serão inevitáveis. “A rua Duque de Caxias vai perder todo as vagas de estacionamento do lado direito de quem sobe”, afirma Meirelles, que informou ainda sobre a necessidade de remoção e poda de algumas árvores, retirada de fios e de postes. Tudo será analisado, até mesmo o ângulo da curva das ruas e o menor impacto arquitetônico, como o calçamento. O bonde histórico, que irá gerar 67 empregos diretos, irá andar a uma velocidade equivalente a 5 Km/h e percorrendo o total de 19 atrativos turísticos localizados no Centro Histórico. Estuda-se ainda a união com o ônibus da Linha Turismo e barcos de passeio no Cais Mauá.

O investimento total na nova atração da cidade pode chegar a até R$ 25 milhões. A arrecadação de verba para a implantação dos bondes históricos se dariam de diversas modalidades. Desde a possibilidade de investimento privado até a de recursos do próprio Ministério do Turismo, via Prodetur ou modelo misto. O retorno do investimento acontecerá no prazo de oito anos. A prefeitura colocará o projeto em licitação em janeiro de 2013, mas o projeto não ficará pronto para a Copa de 2014, segundo o secretário de Turismo da Capital, Luiz Fernando Moraes. “Precisamos de 12 e 18 meses para a finalização”, sinaliza o secretário.

Os bondes fizeram parte da história da cidade