A três meses da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, a cidade de Belém (PA) vive uma corrida contra o tempo. Além dos compromissos climáticos que estarão no centro das discussões, os olhares também se voltam para os bastidores da organização: logística, estrutura e, principalmente, os altos preços das hospedagens.
A conferência acontece de 10 a 21 de novembro, com a cúpula dos chefes de Estado agendada para os dias 6 e 7. A capital paraense deve receber cerca de 50 mil pessoas de 196 países. No entanto, relatos de tarifas abusivas em hotéis acenderam um alerta entre delegações internacionais. A pressão por alternativas viáveis levou até a sugestões de mudança de sede — possibilidade já descartada pelo governo brasileiro.
“Belém é o lugar certo para sediar a COP30. O governo está atuando firmemente para garantir a participação de todos os países”, afirmou o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou os valores como “absurdos” e um “achaque”. O ministro do Turismo, Celso Sabino, garantiu que o diálogo com o setor hoteleiro tem avançado e que todos terão acesso a acomodações com preços justos.
Atualmente, segundo a organização, Belém conta com 53 mil leitos disponíveis. Uma plataforma oficial já oferece 2,7 mil quartos, com prioridade para países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares. Uma reunião com o escritório do clima da ONU está marcada para 11 de agosto, para alinhar temas-chave como mobilidade, segurança, alimentação e hospedagem.
Agenda temática e inclusão social
A organização divulgou também o calendário dos Dias Temáticos, com mais de 30 áreas de foco. A programação foi estruturada com base em seis eixos principais da agenda climática: Energia; Biodiversidade; Agricultura; Cidades; Desenvolvimento Humano e Social; e Questões Transversais. A diretora executiva da COP30, Ana Toni, destacou a proposta de ampla participação: “Queremos que cientistas, estudantes, artistas e ativistas encontrem seu espaço na agenda. A participação é poder”.
Os temas serão distribuídos entre os dias 10 e 20 de novembro, divididos entre as Zonas Azul e Verde — áreas oficiais da conferência. Temas como justiça climática, biodiversidade, economia circular, transição energética, ciência, gênero, juventude e alimentação sustentável terão lugar de destaque.
Saúde pública estruturada
Durante a COP30, os serviços do SUS estarão disponíveis para participantes nacionais e estrangeiros. O Ministério da Saúde anunciou a montagem de unidades de atendimento temporárias na área do evento, com operação entre os dias 3 e 25 de novembro. A ação será integrada entre esferas federal, estadual e municipal, seguindo o modelo já usado em grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Além disso, oito unidades básicas de saúde da cidade passam por reformas financiadas pelo governo federal, que também autorizou repasses para a contratação de 554 agentes comunitários de saúde.

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