A Localiza comunicou está semana a aprovação da união com a Unidas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), definida no último dia 15 de dezembro. A conclusão da operação está condicionada a aprovação pelo CADE do comprador de ativos a serem desinvestidos, além do cumprimento de outros compromissos assumidos. Até o fechamento da operação, as duas empresas continuam operando de forma totalmente independente.
A operação resultará na criação de uma plataforma de mobilidade, que irá oferecer soluções inovadoras que garantam maior acesso à locação de carros à população e a empresas, além de proporcionar melhor experiência, comodidade e conveniência aos clientes.
A Companhia combinada nascerá em um cenário de alta demanda do setor. Com o propósito de construir o futuro da mobilidade sustentável, a nova empresa estará pronta para continuar crescendo, encantando clientes, criando oportunidades para os seus colaboradores, acelerando as agendas de ESG e tecnologia para gerar valor para todos os seus stakeholders.
A aprovação já era esperada pelo mercado, uma vez que a Superintendência-Geral do Cade já tinha dado o seu aval para a operação, desde que parte dos ativos da companhia fundida fosse vendido. Com a confirmação pelo Tribunal, as ações das duas companhias operam em alta nesta quarta-feira (15): por volta de 16h45, os papéis da Localiza (RENT3) subiam 2,89%, a R$ 59,15, enquanto os ativos da Unidas (RENT3) avançavam 4,24%, a R$ 26,57.
Combinadas, Localiza e Unidas teriam um lucro anual de R$ 1,18 bilhão, com base nos resultados de 2019 — os remédios estabelecidos pelo Cade, no entanto, tendem a diminuir o tamanho da nova empresa, especialmente com a venda de ativos no segmento de aluguel (Rent-a-car, ou RAC, em inglês).
Acionistas da Unidas receberão 0,44682380 ação ordinária de emissão da Localiza, segundo a relação de troca estabelecida em setembro de 2020, quanto a transação foi anunciada ao mercado. Ao final da operação, os atuais acionistas da Localiza ficariam com 76,9% da companhia combinada, e os da Unidas, com 23,1%.
Localiza + Unidas: o que diz o Cade
A discussão no Tribunal do Cade se arrastou por quase três horas. Por mais que o posicionamento dos conselheiros tenha sido bastante divergente — dois deles, afinal, votaram pela reprovação da fusão —, todos concordaram que era preciso adotar mecanismos para evitar a concentração excessiva de poder econômico por parte da nova empresa.
Esses mecanismos são sigilosos, mas a relatora do caso no Cade, Lenisa Prado, revelou as diretrizes gerais do que precisará ser feito. A maior parte dos remédios envolve o segmento de RAC — o aluguel de veículos para consumidores pessoa física —, uma vez que Localiza e Unidas já são as duas grandes empresas do setor.
Segundo ela, Localiza e Unidas se comprometeram com um "desinvestimento em RAC significativamente superior ao negociado com a Superintendência-Geral" — a relatora classificou como "espantosa" a fatia a ser vendida pelas empresas para levar a fusão adiante.
Vale lembrar que, em 2017, a Unidas já tinha se fundido com a Locamérica: enquanto a primeira era particularmente forte no RAC, a segunda tinha foco na gestão de frotas; a combinação, assim, criou a segunda maior empresa do setor no Brasil, atrás somente da própria Localiza.
De acordo com o Broadcast, as partes teriam se comprometido a vender a marca Unidas, de modo a evitar uma superconcentração no segmento de locação à pessoa física. Além disso, as empresas também pretendem vender mais de 70 mil veículos para alguma empresa rival.
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