Os bastidores de dois grandes eventos internacionais realizados no Brasil, com foco em tecnologia e inovação, foram destaque no segundo dia do Fórum Eventos 2025. Beatriz Mello, diretora de Parcerias Globais do Web Summit e líder do grupo Women in Tech Ambassadors no Brasil, e Wagner Lopes, country manager do South Summit Brasil, compartilharam suas experiências à frente desses eventos, detalhando bastidores e os desafios enfrentados.
Beatriz contou que o Web Summit é uma empresa irlandesa, criada em 2009, em Dublin, com audiência modesta. Com o crescimento acelerado, o evento passou a ser realizado em Lisboa, onde hoje reúne cerca de 70 mil pessoas. No Brasil, a terceira edição aconteceu recentemente no Rio de Janeiro, com público de 25 mil pessoas. As próximas edições estão programadas para Vancouver (27 de maio), Lisboa (10 de novembro) e Doha, no Catar, em fevereiro de 2026.
Embora estejam à frente de eventos distintos, Beatriz e Wagner mantêm uma relação próxima e de constante troca. “A colaboração entre os eventos é muito importante. Costumamos dizer que, se a maré sobe, sobe para todo mundo”, afirmou Wagner.
Ele também contou que o South Summit foi criado em 2012, durante a crise econômica na Espanha, pela empresária María Benjumea, com o objetivo de impulsionar o ecossistema empreendedor e promover conexões entre startups, investidores e grandes empresas. Desde então, o evento se internacionalizou e, em abril deste ano, realizou a quarta edição em Porto Alegre, com cerca de 23 mil participantes.
Desafios à altura dos eventos
Em eventos desse porte, os desafios são proporcionais. Beatriz relatou que o Web Summit conta com equipe in house de 300 pessoas para garantir controle, consistência e qualidade nas entregas. No Brasil, somente três profissionais compõem o time local — os demais estão alocados em outros países. A produção, por sua vez, é realizada por fornecedores externos.
Entre os obstáculos recorrentes, ela destaca o estímulo à equidade de gênero no evento, com iniciativas voltadas à participação de mulheres empreendedoras. Outro ponto crítico é o engajamento de startups, especialmente em um cenário de escassez de investimentos. Como resultado desse esforço, a edição brasileira teve crescimento de 34% no número de startups em relação ao ano anterior, alcançando 1,4 mil inscritas.
Beatriz também chamou atenção para uma mudança de paradigma: “Antigamente os eventos eram criados com base na agenda de palestrantes. Hoje, são pensados para criar conexões e comunidades.”
A realidade dos eventos climáticos extremos
Wagner Lopes chamou atenção dos profissionais do setor de eventos para o agravamento das adversidades climáticas previsto para os próximos anos. Ele lembrou a tragédia ambiental enfrentada pelo Rio Grande do Sul, em maio de 2024, e assegurou a firme intenção do seu time em realizar o South Summit Brasil este ano.
Para agravar ainda mais a situação, a própria edição deste ano esteve ameaçada por outro evento extremo: nove dias antes da abertura, um vendaval de 120 km/h destruiu 70% da estrutura já montada. “Quem atua no mercado de eventos precisa estar cada vez mais preparado para lidar com situações como essa, principalmente em eventos realizados ao ar livre”, alertou. Graças ao trabalho conjunto de uma equipe engajada e parceiros de longa data, foi possível reconstruir a infraestrutura e receber os 23 mil participantes.
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