A Azul e a Abra, holding controladora da Gol Linhas Aéreas, anunciaram oficialmente um acordo de fusão que poderá redefinir o setor de aviação no Brasil. O memorando de entendimento, firmado nesta quarta-feira (15), é o primeiro passo para criar um gigante do mercado.
A conclusão do negócio depende da aprovação de órgãos reguladores como o Cade e a Anac, além da conclusão de processos de reestruturação financeira. Se aprovado, o novo grupo terá mais de 60% de participação no mercado brasileiro, consolidando sua posição como líder no transporte de passageiros. Em 2024, Azul e Gol juntas somaram 57 milhões de passageiros, superando a Latam, que ficou com 35 milhões.
O processo de fusão enfrenta desafios significativos, sendo o principal deles a recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, no âmbito do Capítulo 11. Para que o acordo avance, a dívida combinada das empresas não pode ultrapassar quatro vezes o lucro operacional ajustado da Gol. Caso não atendam a essa meta de alavancagem, o negócio poderá ser inviabilizado. Outra condição essencial para a fusão é a manutenção das marcas separadas. Apesar da união, Azul e Gol continuarão operando de forma independente, embora passem a integrar recursos como frotas e rotas internacionais.
John Rodgerson, CEO da Azul e futuro líder do novo grupo, destacou que a fusão é uma oportunidade única para expandir o alcance do transporte aéreo no Brasil. “Essa união vai permitir que atendamos mais de 200 cidades, ampliando as possibilidades de conexão e tornando as viagens mais acessíveis. Queremos fortalecer o setor e proporcionar uma experiência ainda melhor aos nossos clientes”. Rodgerson também mencionou que a ideia foi debatida com o presidente Lula meses antes da assinatura do acordo. “O presidente mostrou apoio à criação de uma companhia nacional sólida, capaz de competir em nível global e atender às demandas do Brasil”, conclui.
Já o Grupo Abra destaca a complementaridade das operações das duas companhias como um dos maiores atrativos da fusão. Enquanto a Azul utiliza principalmente aeronaves menores da Embraer para atender mercados regionais, a Gol é mais voltada a grandes centros e opera majoritariamente com aviões da Boeing. De acordo com Manuel Irarrázaval, CFO da Abra, essa sinergia ajudará a reduzir custos e aumentar a eficiência. “Essa combinação é uma grande oportunidade para fortalecer nossa presença no mercado brasileiro e expandir a conectividade para mais destinos internacionais”.
A união das duas companhias promete benefícios significativos para consumidores e para o mercado como um todo. Além de maior conectividade, o grupo deve criar oportunidades de emprego, impulsionar a indústria aeronáutica nacional e reforçar a competitividade do Brasil no mercado global. As companhias continuarão a operar individualmente, mantendo sua identidade, mas a integração nos bastidores, como precificação e rotas compartilhadas, trará vantagens operacionais e econômicas, com expectativa de que o processo regulatório seja concluído em 2026, marcando o início de uma nova era para a aviação brasileira.
Ações da Azul e da Gol disparam após o anúncio de fusão:
As ações das companhias aéreas Azul e Gol registraram forte alta na manhã desta quinta-feira (16), após a divulgação de um possível acordo de fusão entre as empresas, tendo as ações da Azul subido mais de 8%, enquanto os da Gol avançavam cerca de 12%.
A movimentação no mercado reflete o entusiasmo dos investidores com o memorando de entendimento assinado pelo grupo Abra, controlador da Gol e Avianca, e a Azul, que visa unir as operações no Brasil.
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