SEmpre torço pelo sucesso do turismo, no Brasil. Sou daqueles que procura sempre entender a importância da atividade e da captação de eventos, para nosso país. Agora, a Copa tem me deixado de cabelos no ar. Não estou conseguindo entender o que tal evento vai realmente trazer para o Brasil, começando com a construção de elefantes brancos, como o novo estádio de Brasília, que não teria times para colocar dentro do mesmo nem em um quarto de sua capacidade.
Achar que assim estamos investindo no esporte é de uma irresponsabilidade nunca vista, sobretudo levando em consideração todos os problemas que a capital e seu entorno passam nas áreas de educação e saúde. Outro exemplo é Manaus, com mais um estádio dimensionado apenas para um atendimento pontual.
Fica muito difícil entender que somas astronômicas, oriundas de recursos públicos, tenham servido para atender pré-requisitos da Fifa, que deveria se envergonhar de compactuar com tal descaso com a realidade social brasileira.
O Brasil foi o país que mais tempo teve para se preparar para o evento, inclusive a França e a África do Sul, que terminaram as obras com antecedência, mas a nossa burocracia impediu, por razões que a razão desconhece, que tivéssemos um planejamento mais racional. Fora as cidades que são ameaçadas, após o início das obras.
Por outro lado, há um aproveitamento momentâneo, para colocar em prática o surrealismo dos preços. A resposta não tem sido a esperada por parte dos operadores de receptivo e da hotelaria, que se empenhou na construção de novos hotéis, que passam por índices de ocupação bem menores dos que os almejados, quando dos investimentos.
E o governo lança campanha de que o Brasil é o melhor destino do mundo para férias. Sou apaixonado pela cidade onde vivo e não troco outra vez o Brasil por nenhum outro país mas sinto que estamos distantes de uma excelência necessária, em função da competitividade internacional.
A população anfitriã, amante do futebol, se tornou em percentual elevado contrária ao evento, sentindo que os investimentos em áreas cruciais foram esquecidos e partiu para as ruas, para manifestar seu descontentamento. Tais manifestações que deveriam se realizar em processo de tranquilidade, acabam em tumulto e destruição do patrimônio publico, levando aos quatro cantos do mundo, a imagem da insegurança.
A polícia, às vezes despreparada, acaba reagindo com violência, como tem acontecido em São Paulo. O mundo acaba percebendo uma falta de preparo para lidar com o descontentamento e gera editoriais polêmicos, que ficam sem resposta de nossas autoridades. Enfim, será que teriam respostas?
Esperamos que pelo menos a promoção institucional e mídia espontânea proporcionadas pela Copa ajudem na divulgação do destino Brasil e de suas cidades receptivas. Mostrar que gostamos dos turistas já faz parte de nossas vidas, mas precisamos melhorar a percepção de cada morador de cada cidade, o tornando um anfitrião nota dez. O evento ajuda, devo confessar, na percepção nacional do turismo também.
Vamos aproveitar o pouco tempo que nos resta para providências contundentes nos aeroportos, nas estradas, nos restaurantes. Por exemplo: parar, de uma vez por todas, de nos autopromover como melhor destino do mundo. Somos, com muita honra país hospitaleiro e cheio de belezas naturais, mas infelizmente com divergências sociais marcantes que levam a questionamentos do evento Copa. Como ela já vai acontecer, vamos, pelo menos, mostrar ao mundo organização e excelência durante a realização do evento.

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