Após a abertura no dia 16 de setembro, a Arena Conexões — promovida pela Resorts Brasil em parceria com a GKS Inteligência Territorial — seguiu com mais dois dias de intensa programação na Equipotel 2025. Entre os dias 17 e 18, o espaço recebeu especialistas, empresários, gestores e acadêmicos que compartilharam experiências e reflexões sobre ESG, inovação e o futuro da hospitalidade brasileira.
A programação de 17 de setembro reforçou o papel social da hotelaria e trouxe novidades do Ministério do Turismo. O segundo dia da Arena Conexões mergulhou nos temas sociais do ESG e nos caminhos da inovação que estão redesenhando a hospitalidade. Lideranças do setor, especialistas e representantes do governo debateram sobre o papel transformador da hotelaria nas comunidades, a responsabilidade do setor no combate ao assédio e à exploração, os desafios da descarbonização, além de novas tendências e soluções tecnológicas.
Na abertura, Rodrigo Vaz, vice-presidente comercial da Resorts Brasil, ressaltou que a essência da hospitalidade está em cuidar de pessoas: “São elas que tornam a experiência única, fortalecem o pertencimento e constroem a reputação de cada empreendimento. Quem cuida de gente, transforma negócios.”
Para Marcelo Picka Van Roey, presidente do Conselho da associação, a Arena Conexões se consolida como um espaço de troca estratégica: “Ao reunir diferentes vozes e experiências, criamos um ambiente de inspiração que acelera a transformação da hospitalidade brasileira. ESG e inovação não são tendências passageiras, são pilares do futuro dos resorts e do turismo no país.”
Na palestra “A jornada do colaborador”, Lizete Ribeiro (Tauá) defendeu que a valorização do time é a base da experiência: “Um hóspede só se sente acolhido quando o colaborador também se sente reconhecido. Investir em treinamento, bem-estar e motivação interna reflete diretamente na satisfação do cliente.”
Na sequência, o case “A hotelaria como agente de transformação social”, apresentado por Isis Batista (Tauá), trouxe exemplos práticos de impacto: “Temos projetos que mudaram a vida de dezenas de jovens em comunidades vizinhas aos resorts. Quando abrimos espaço para capacitação e inclusão, não apenas fortalecemos nosso negócio, mas transformamos a realidade local. O setor tem uma força de impacto social que precisa ser assumida de forma consciente.”
O painel “Parques e atrações: o impacto social na comunidade”, com Alain Baldacci (Wet’n Wild), Fernanda Mascarim (Parque da Mônica) e Paulo Kenzo (Magic City), moderado por Carolina Negri (Sindepat), destacou o papel dos parques como motores de desenvolvimento. Baldacci ressaltou que “os parques vão muito além do entretenimento, são geradores de emprego, renda e orgulho para a região”. Fernanda reforçou que “quando a comunidade se reconhece no parque, cria-se pertencimento e identidade cultural”. Kenzo acrescentou que “a conexão com o território é o que garante a longevidade e a relevância das atrações turísticas.”
No painel sobre enfrentamento da exploração e do assédio, o debate trouxe luz a diferentes dimensões do tema – desde questões de gênero até a proteção de crianças e adolescentes. Laís Souza (Accor) destacou que a hotelaria precisa cultivar uma cultura viva de respeito e integridade. Aline Barbosa (FGV) lembrou da importância de políticas consistentes e canais de denúncia eficazes, e Fernando Morais (Atlantica Hospitality International) reforçou: “O enfrentamento exige comprometimento diário, que passa por treinamento, monitoramento e liderança pelo exemplo.”
A programação ESG foi encerrada com a palestra “COP30: crescer e/ou descarbonizar”, em que Jaqueline Gil (Amplia Mundo) alertou para a necessidade de metas claras de sustentabilidade: “A COP30 é um marco e o turismo brasileiro precisa se posicionar com indicadores consistentes.” Marina Figueiredo (Braztoa) reforçou que “crescimento e sustentabilidade não são excludentes, mas complementares. O futuro do turismo depende dessa integração.”
No bloco de inovação, Carolina Sass (Mapie) abriu com a palestra “Como se manter conectado às tendências e inovações?”, destacando que, mesmo com a chegada da inteligência artificial, a essência do turismo permanece humana: “A IA pode apoiar decisões, mas as emoções, histórias e conexões continuam sendo a alma da hospitalidade.”
No painel “Catalisando a inovação em produtos de experiência”, Patrícia Albanez (Sebrae) lembrou que inovação exige método: “Ela não acontece por mágica, mas por processos bem estruturados, que envolvem pesquisa, cocriação e prototipagem.” Germana Magalhães (Sebrae) completou: “Inovar em experiências é olhar para os territórios e transformá-los em vivências autênticas, que geram valor tanto para o viajante quanto para a comunidade local.”
Já na palestra “Como calcular o ROI de uma inovação”, Gledson Torquato (Matrix) apresentou cases do setor energético, destacando como a empresa tem apoiado empreendimentos hoteleiros na busca por eficiência: “Trabalhamos desde pequenos consumidores até grandes resorts e hospitais. Em alguns casos, conseguimos reduzir em até 35% os custos de energia. Inovação é também oferecer soluções que unem economia, autonomia e sustentabilidade.”
Nos cases de inovação aberta, Edman Aquino (Aviva) apresentou a experiência da companhia: “Hoje, 10% do nosso resultado líquido vem de projetos de inovação. Isso mostra que estimular a criatividade interna é um diferencial competitivo.” Márcio Gonçalves (Grupo Tauá) complementou: “Inovação só se sustenta quando há infraestrutura básica. Sem conectividade, tecnologia e apoio à operação, nenhuma grande ideia consegue avançar.”
O encerramento foi marcado pelo anúncio do Ministério do Turismo, com a apresentação da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes eletrônica (FNRH Digital). Anna Modesto e Ângela Cascão (Ministério do Turismo) destacaram os benefícios da digitalização: “É um avanço histórico para a hotelaria brasileira. A FRNH Digital garante mais segurança de dados, reduz a burocracia e torna o check-in mais ágil e eficiente para hóspedes e empreendimentos.”
Para Ana Biselli Aidar, presidente-executiva da Resorts Brasil, o balanço do dia resume o propósito da Arena: “Discutimos impacto social, combate ao assédio, descarbonização e inovação aberta, sempre com foco em transformar a experiência do cliente e fortalecer o setor. Foi um dia intenso, que mostrou a força coletiva da hospitalidade brasileira.”
18 de setembro, o terceiro dia da Arena Conexões foi marcado por uma programação intensa que uniu práticas de ESG no quesito ambiental, gestão responsável e inovação aplicada ao setor de turismo e hospitalidade.
A abertura ficou a cargo de Carlos Jacobina, vice-presidente financeiro da Resorts Brasil, e Cássio Garkalns, CEO da GKS Inteligência Territorial, que reforçaram o propósito do espaço em gerar conhecimento prático e colaborativo para o setor. “Sustentabilidade deixou de ser diferencial competitivo e passou a ser um ponto de partida. Cabe a nós transformar esse princípio em eficiência, inovação e oportunidades reais para os empreendimentos”, afirmou Cássio.
Na sequência, Raquel Pazos, do Itibi Projeto, e Lou Ana Garcia, do Rosewood São Paulo, trouxeram a palestra “Turismo Regenerativo do Campo à Cidade”. Raquel explicou que “o turismo regenerativo parte do entendimento de que não basta preservar: é preciso deixar o lugar melhor do que encontramos, integrando comunidade, natureza e visitantes”. Lou Ana complementou que “o desafio da hotelaria de luxo é equilibrar sofisticação e impacto positivo, criando experiências que respeitam e valorizam o território”.
Em seguida, Luigi Rotunno, do La Torre Resort, apresentou o case “Como estruturar ESG em uma empresa hoteleira? Do conceito à prática”, compartilhando sua trajetória na implementação de práticas ESG em empreendimentos hoteleiros. “O ESG só se torna realidade quando sai do discurso e entra na operação. É preciso consistência, engajamento da liderança e coragem para mudar processos que já pareciam consolidados”, destacou.
No painel sobre “A busca coletiva pela eficiência energética”, Camilla Barretto (BLTA) moderou o diálogo entre Mariana Haddad (Instituto Semeia), Bruno Wendling (Fundtur/MS) e Silmara Ambrósio Américo (E-Group Hotels – Rancho do Peixe). Mariana afirmou que “eficiência energética não é apenas tecnologia, mas também governança e integração de políticas públicas”. Bruno ressaltou que “os destinos que investirem em energia limpa estarão mais preparados para competir no turismo global”. Já Silmara trouxe a visão do setor privado: “em resorts, cada pequena ação faz diferença, desde a iluminação até a gestão inteligente do ar-condicionado. O resultado é economia e responsabilidade ambiental”.
A temática das Compras Sustentáveis foi conduzida por Alexandre Garrido, da ABNT, que demonstrou como critérios de sustentabilidade podem ser aplicados em toda a cadeia de fornecimento, ampliando o impacto positivo da hotelaria. “Não existe outro caminho para o turismo que não seja sustentável. Sustentabilidade não é um status, é um processo contínuo de equilibrar impactos e escolhas”, afirmou.
Em seguida, Carlos Jacobina voltou ao palco ao lado de Ana Carolina Bergaria, do WWF Brasil, para discutir a gestão de desperdício como fator estratégico dentro dos empreendimentos. Jacobina destacou que “quando falamos em desperdício, falamos de custo, mas também de reputação e responsabilidade com o destino em que o hotel está inserido”. Ana Carolina reforçou: “o combate ao desperdício é um dos caminhos mais eficazes para alinhar a operação hoteleira aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. O encerramento da trilha de ESG ficou com Carlos Jacobina e Cássio Garkalns, que reforçaram a importância de transformar boas práticas em resultados tangíveis para a competitividade do setor.
A tarde foi dedicada à inovação, com o painel “Implementação de Inovação por meio de um Ecossistema”, que reuniu Acácia Morena (Turistech Hub), Juliana Bettini (BID) e Rony Stefano (Audaar/Adit). Acácia explicou que “inovação não é só tecnologia, é processo, é olhar diferente para os mesmos desafios”. Juliana ressaltou que “o turismo só será competitivo se incorporar soluções que tratem de problemas concretos, como eficiência hídrica e gestão de resíduos, que já trazem resultados ambientais e financeiros”. Já Rony destacou: “a inteligência artificial e os hubs de inovação são ferramentas acessíveis, capazes de transformar a experiência do hóspede e a rentabilidade dos hotéis brasileiros”.
No painel de discussão “De outros palcos para o setor: onde buscar a inovação?”, Mariana Aldrigui (USP) lembrou que “a academia precisa dialogar mais de perto com o mercado, oferecendo pesquisas aplicáveis e conectadas à realidade dos hotéis”. Fábio Josgrilberg (Bernhoeft/FGV) completou: “a inovação acontece quando conseguimos juntar perspectivas distintas — da gestão, da universidade, dos fornecedores e dos próprios hóspedes”.
O dia terminou com as falas de encerramento. Cássio Garkalns reforçou que “as trocas de hoje deixam um legado de aprendizados e um convite para que cada empresa avance em sua jornada de ESG e inovação”. Ana Biselli Aidar, presidente executiva da Resorts Brasil, concluiu: “saímos muito satisfeitos, certos de que a Arena cumpre seu papel de conectar academia, hoteleiros, resorts, hotéis urbanos, pesquisadores e fornecedores de soluções em prol do futuro da hospitalidade”.

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