A gerente do marketing da cidade de Amsterdã diz que o maior desafio do seu trabalho é manter os habitantes felizes. “Não adianta trazer turistas, se a população não concordar com esta política e recebê-los mal, nas atitudes mais banais, como se recusando a indicar o caminho. Se os turistas não se sentirem bem vindos, eles não voltarão mais”, afirma.
Ligtvoet acredita ser importante manter o equilibrio certo. “Pode parecer um problema de luxo, mas é muito importante. Se os moradores se mudam, ficamos com uma cidade sem alma”, ela afirma. Por isso, ela trabalha para que o marketing de Amsterdã promova a cidade como um lugar para as pessoas visitarem, mas também para trabalhar, morar e estudar.
Marketing de turismo para gerar negócios
Uma das imagens que Amsterdã busca é a de uma ótima residência para congressos. “Quando as pessoas falam de turismo, elas pensam em turistas apenas. Lembre-se que os visitantes a negócios são muito importantes. Não apenas por gastarem o dobro do dinheiro, mas também porque uma vez que nos visitam a negócios, podem voltar a nos visitar a lazer”, ela explica.
Ligtvoet também é procurada por donos de empreendimentos diversos que desejam receber ajuda para divulgação. Entretanto, o trabalho do marketing de Amsterdã não funciona desse jeito, ela explica. “Trabalhamos com ícones. Utilizamos um tema como gancho e nele penduramos uma série de ideias. Caso contrário, acabamos dando preferência para uns e outros. Optamos por temas abrangentes”, conta a gerente.
O marketing da cidade de Amsterdã também deseja refletir certas imagens de valores como inovação, criatividade e empreendedorismo. Assim, quando novas empresas chegam querendo se instalar na cidade, esses pontos são avaliados.
Marketing para os BRICS
O público alvo do turismo de Amsterdã está em boa parte na Europa – os principais visitantes da cidade são do Reino Unido e Alemanha – além de nos Estados Unidos. Entretanto, o Brasil começa a ganhar importância, ao lado de países como a China e a Russia. Nos últimos anos, o número de visitantes dos BRICS tem mostrado potencial e crescido exponencialmente, junto dos visitantes do leste e do sul europeu, enquanto os visitantes vindos dos países vizinhos se estabeliza. “Amsterdã vivencia o crescer de um novo mercado turístico”, afirma Ligtvoet.
Dados recentes do Amsterdam Tourism and Convention Board (ATCB) mostram que nos primeiros nove meses de 2014, o número de noites em hotéis em Amsterdã aumentou em 10.7% sobre o mesmo período de 2013, sendo que 11.5% dessas noites foram ocupadas por visitantes internacionais, dos quais os brasileiros representam mais de 9.3%.
Através de pesquisas a cidade de Amsterdã sempre pergunta aos visitantes porque escolheram ela para passear, com quem viajam e quanto dinheiro carregam, com o intuito de conhecer o público. Ligtvoet ilustra as descobertas com os visitantes do Brasil, China e Rússia.
“Percebo que um visitante brasileiro é quase como que um visitante português, pois ele consegue se virar e encontrar as atrações sozinho, sendo independente. Entretanto, um visitante chinês ou russo possui expectativas diferentes, assim como quantidade de dinheiro diferente”, ela conta.
Marketing para todos
A frase “I amsterdam” é o motto da estratégia de marketing da cidade, algo como “Eu sou Amsterdã”. Ligtvoet explica que a mensagem é direcionada tanto a um visitante quanto a um morador. “A partir do momento que uma pessoa está em Amsterdã, ela torna a paisagem da cidade um pouquinho diferente, só pelo fato de estar fisicamente lá, seja por um dia ou uma semana”, conta sobre a ideia.
Ela diz que a frase já existe há dez anos, mas no começo não fez muito sucesso entre os moradores. “Eles a odiaram absolutamente, quando criamos. Realmente pensaram que era horrível. As pessoas mandaram reclamações para os jornais, elas não se cansavam de reclamar. Mas os turistas realmente amaram a frase. Hoje em dia, o monumento com as letras é dos mais fotografados”, conta Ligtvoet.
As letras gigantes estão espalhadas em cópias pela cidade em três diferentes localizações: 1) na quadra dos museus, 2) em Schiphol e 3) localização alternante – por exemplo, quando há uma maratona, eles colocam as letras em algum lugar pelo percurso, ou se há uma enorme convenção acontecendo, eles também localizam as letras lá, assim como quando grandes hotéis inauguram.
“Entretanto, foi só nos últimos dois anos que os habitantes de Amsterdã começaram a deixar de se irritar com a frase, o que é ótimo vindo de nossos cidadãos, pois eles costumam reclamar bastante de tudo”, brinca Ligtvoet, que também é uma moradora da cidade.
E quem é o foco desse marketing? “Os tomadores de decisões de empresas e governo, os visitantes e os habitantes. Todos. Empresas que se enquadram na mensagem as transmitem aos habitantes, eles para as suas famílias, que levam aos seus negócios e visitantes etc.”, diz.
Como agradar a todos os públicos é o desafio. Um grande esforço que inclui campanhas, merchandising, um portal, applicativos para mobile, patrocínios e relações públicas trabalham em conjunto para dar significado à marca “I Amsterdã” em diversos âmbitos.
Ligtvoet anuncia que neste verão será inaugurada uma loja da marca “I Amsterdã”, dentro da Estação Central. “A loja será grande, com 308 m2”, diz. Lá, eles venderão não apenas suveniers, mas também produtos genuinamente holandeses, que moradores também gostarão de comprar.
Uma parceria público-privada com ajuda extra de voluntariados
Um terço do dinheiro que sustenta o marketing de Amsterdã provém da receita de suveniers, como ímas de geladeira, camisetas ou cartões postais. Outro terço vem de parcerias com organizações de hotéis, museus, taxis etc.. Assim, eles não pertencem ao governo local, mas são apenas ajudados por ele, como também são ajudados por empresas privadas, a exemplo do Aeroporto de Amsterdã, Schiphol.
O marketing é realizado para o turista comum e para o público de negócios, com a publicação de revista impressa e online, assim como serviço de informação ao turista – um em frente a Estação Central e outro em Schiphol, dentre outras ações. Ao todo, trabalham 122 empregados e 40 voluntários – orgulhosos morad
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