A acessibilidade e a inclusão social são dois temas de extrema importância no ecossistema de eventos. No Fórum Eventos 2025, sete especialistas de diferentes frentes do setor se reuniram para discutir como tornar os eventos mais acessíveis, diversos e representativos, não apenas para o público, mas também para quem trabalha nos bastidores dessas produções.
Moderado por Rosangela Martins, coordenadora dos cursos do Senac-SP, o painel contou com a presença de Andréa Löfgren (Gig Flows), Hubber Clemente (Afroturismo HUB), Nanci Frangiotti (Senac-SP), Paulo Passos (Abrace), Paulo Venancio (Senac-SP), Rafael Vaisman (We Stand) e Vanessa Guerra Gomes (Ubrafe). Todos os participantes fizeram autodescrição no início da conversa e o painel contou com tradução simultânea em Libras, sinalizando o compromisso com a acessibilidade desde a prática.
“Pensamos neste painel como um momento de alinhamento e conexão entre os diferentes atores do ecossistema de eventos, alunos, profissionais, empresas e instituições”, afirmou Rosangela Martins. A importância da educação como ponto de partida foi reforçada por Paulo César Venancio, docente do Senac-SP e deficiente visual. Ele apresentou sua experiência como coautor do livro Sentir, pensar e incluir: pessoas com deficiência, lançado na Bienal do Livro.
“O Senac não trabalha com pessoas deficientes, mas com pessoas. Inclusão é um processo em construção. Não basta rampas: precisamos de acessibilidade atitudinal, de pessoas preparadas para interagir com a diversidade humana”, destacou Venancio. Para ele, o letramento é essencial, inclusive em aspectos simples. “É obrigatório fazer autodescrição? Se você quer incluir todas as pessoas, sim.”
Nanci Frangiotti, também docente do Senac-SP, apresentou os primeiros resultados de uma pesquisa realizada com 89 participantes do próprio Fórum Eventos 2025. A investigação apontou que o principal desafio percebido pelos organizadores é a acessibilidade arquitetônica, mais do que a atitudinal. “É um prazer estar neste painel com uma turma tão representativa. Essa pesquisa será tabulada e publicada em breve no Portal Eventos. O objetivo é provocar reflexões e gerar conhecimento prático sobre o tema”, afirmou Nanci.
Andréa Löfgren, CEO da consultoria ESG Gig Flows, destacou a necessidade de olhar também para os profissionais que produzem os eventos. “Falamos muito sobre o público, mas esquecemos de quem está nos bastidores. Precisamos tornar as equipes mais acessíveis, criar experiências inclusivas para todos, inclusive para quem trabalha nelas.”
Na mesma linha, Paulo Passos, diretor executivo da Abrace, lembrou que a inclusão precisa acontecer em todas as fases do evento: “Desde a montagem até a desmontagem, tudo é feito por muitas mãos. A responsabilidade pela inclusão é coletiva.”
Rafael Vaisman, fundador da We Stand, reforçou que o ponto central de um evento é a conexão. “Se o objetivo é conectar pessoas, não podemos ter barreiras. Precisamos de um letramento universal sobre acessibilidade. Eu estudo ODS, mas sigo aprendendo sobre inclusão todos os dias. Só se aprende convivendo”, finalizou.
Hubber Clemente, fundador da Afroturismo HUB, trouxe à tona a questão da inclusão racial nos eventos. “Atores e influenciadores negros até participam, mas e as pessoas comuns? Como elas se sentem ao perceber que não são bem-vindas nesses espaços?”, questionou. Para ele, a mudança só acontecerá com ações concretas: “Por que estamos deixando para amanhã a inclusão que podemos fazer hoje? O momento de agir é agora.”
Encerrando o painel, Vanessa Guerra Gomes, gerente de Planejamento da Ubrafe, destacou a responsabilidade das organizações. “É essencial aplicar políticas práticas de diversidade, inclusão e acessibilidade. As associações precisam acompanhar como esses temas estão sendo tratados pelas empresas associadas. Empatia e escuta são essenciais para avançarmos”, encerrou.
Comentários