Viver o destino imposto pelo seu pai

“A verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade”. Mahatma Gandhi

Meus queridos leitores, já fazia um ano e meio que Caio tinha chegado dos Estados Unidos, e estava cumprindo a imposição feita pelo Dr. Brasílio, que ele teria que trabalhar nas “Lojas Assumpção”, claro, lojas que eram do seu pai, especializadas em rádios e vitrolas. Seja pela necessidade de conquistar o respeito do seu pai ou pelo simples fato de que tinha nascido mesmo com a cabeça de planeta, Caio passava os dias buscando realizar coisas que fossem grandes, que chamassem a atenção de todo mundo, e portanto, transformar as Lojas Assunção numa das maiores e mais famosas redes de lojas de São Paulo, passou a ser o seu grande objetivo. Quando ele chegou, seu pai tinha apenas duas lojas, a matriz e uma filial. Caio não sossegou enquanto não inaugurou a trigésima quinta loja.

Loja nº 8 Natal de 1950
Logotipo Parada de Sucessos
Quanto à sua vida pessoal, essa era pura purpurina, vivia uma boemia regada a uísque, mulheres, boates e muita música, música que o acabou inspirando a vender discos nas Lojas para servirem de chamariz para vender os rádios e as vitrolas. Só que, queridos leitores, o pouco que vocês já conhecem a respeito do Caio, já podem imaginar que ele não iria ficar sentado de braços cruzados esperando os clientes irem até às lojas para comprar discos. Como as ideias borbulhavam na sua cabeça, Caio criou um programa espetacular com plateia e tudo, na Rádio Excelsior: o “Parada de Sucessos”, no qual todos os dias os cantores mais populares da época subiam no palco e cada um cantava o seu sucesso musical, depois os ouvintes faziam uma votação e a música ganhadora abria o programa no dia seguinte. O programa tinha 68% de audiência que era medida diariamente pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística. Um verdadeiro fenômeno na época.

Mas antes que o Natal chegasse, as desavenças com seu pai tinham atingido o cume do Himalaia. Seu pai discordava com os gastos do “Parada de Sucessos”, além de implicar com o seu estilo de administração. Caio cansado de ter que dar tanta satisfação, no dia 23 de dezembro entregou sua carta de demissão, passou todos os documentos que estavam sob sua responsabilidade ao seu irmão Alfredo.

Sua saída pareceu à todos se tratar de pura loucura, até porque todo mundo sabia que o sucesso das Lojas Assunção era mérito exclusivo dele. Mas Caio, como grande observador que era, com suas antenas sempre levantadas era capaz de detectar mudanças onde ninguém percebia, e com seu caderninho preto de anotações na mão, ia registrando suas ideias, e as últimas que tinha anotado, eram que a invasão dos bens de consumo que começava acontecer no país naquele momento, exigiria um trabalho de divulgação. Tanto assim, que as Agências de Propaganda americanas já tinham acabado de chegar aqui, uma ou duas delas já estavam bem instaladas, mas ele sabia que havia necessidade de outras, e a vontade de ter a sua própria Agência foi crescendo e tomando forma na sua cabeça.

Caio foi embora, sem olhar para trás. Do seu escritório, a única coisa que levou foi o álbum com os recortes de notícias sobre a televisão, uma de suas grandes paixões. Nunca mais voltaria a por os pés em nenhuma das Lojas. Amargurado, derrotado, triste e frustrado, Caio fechava para sempre esse enorme e importante capítulo da sua vida.

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