A crise internacional iniciada em setembro, fazendo a moeda americana disparar e mantendo-a instável no Brasil, já provoca uma queda- em dólar- no preço dos pacotes para o exterior. A avaliação é de vários operadores filiados à Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), ouvidos antes do 30º Encontro Comercial Braztoa, que acontece dias 6 e 7 de novembro, em São Paulo.
O evento,que reúne até amanhã a maioria dos 74 operadores associados, além de cerca de 60 empresas ligadas ao turismo, deverá mostrar os caminhos que o setor vem tomando no novo cenário."A crise trouxe para o operador a necessidade de ele buscar melhores preços, seja no Brasil ou no exterior, e isso também pode significar gerir melhor o seu negócio", diz o presidente da entidade, José Eduardo Barbosa.
De acordo com a Braztoa, o aumento repentino do dólar causou, em um primeiro momento, uma diminuição grande pela procura de viagens. Anunciados os planos para resgate do mercado financeiro e após os primeiros sinais de recuperação das bolsas de valores mundiais, o que se percebe são consumidores com diferentes atitudes: alguns decidem pela compra, outros esperam uma estabilidade do dólar e há quem tenha trocado a viagem para o exterior por um pacote nacional."Calculamos em apenas 2% o volume de passageiros que cancelou viagens por conta da crise",afirma Barbosa.
O encarecimento dos serviços cotados em dólar levou muitas operadoras a parcelar os pacotes em menos vezes e também renegociar com vários fornecedores, além de buscar promoções que mantivessem o volume de vendas. Como a crise é internacional, diversos destinos lá fora já buscaram formas de manter aquecida sua demanda e passaram a oferecer descontos nas suas tarifas (caso de hotelaria e parques de diversões nos Estados Unidos, por exemplo). Os descontos já resultam em melhores preços dos produtos em dólar, caso da oferta de operadoras como a Designer e Flot, por exemplo. Outra estratégia utilizada pelas operadoras é o congelamento do dólar. A CVC, por exemplo, trabalha com dólar a R$ 1,99 nos cruzeiros pelo Brasil até 20 de novembro. Outras, optaram por congelar o câmbio da moeda norte-americana para saídas especiais, como Natal e réveillon.
Para os destinos brasileiros, a expectativa é de crescimento. O presidente da Associação Brasileira de Resorts, Alexandre Zubaran, acredita em vendas 20% superiores no próximo verão, no comparativo com o verão 2007/08. Para o diretor de Comunicação da Braztoa, Plínio Nascimento,"os preços dos pacotes pelo Brasil podem até sofrer redução",explica. Segundo ele, a instabilidade causa mais prejuízos que a a cotação."Precisamos de um dólar estável, mais do que um dólar baixo".
Com o bom desempenho da economia brasileira no primeiro semestre, o setor chegou a crescer num ritmo médio de 18% até setembro. Agora, com a instabilidade, deve chegar ao final do ano com um crescimento em torno de 10%, percentual já previsto pela entidade para 2008 e considerado satisfatório. Para o ano que vem, não é possível ainda fazer qualquer avaliação. “Estamos esperando as conseqüências das eleições americanas e a estabilização desta crise”, resume um associado.
A Braztoa
Associação Brasileiras das Operadoras de Turismo, fundada em 1989, é a mais importante e representativa entidade do setor no país, com abrangência nacional. Reúne atualmente 74 associadas, responsáveis por mais de 4 mil empregos diretos, 80% dos pacotes turísticos comercializados e 15% dos bilhetes emitidos no país.
Seus associados representam, com exclusividade, mais de 200 produtos entre companhias marítimas, redes hoteleiras, locadoras de veículos, companhias aéreas, cartões de assistência internacional, organismos de turismo, operadoras internacionais, parques de diversões etc.
(JA)
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