Você já ouviu falar que a linha de frente de um evento é aquela que, naquele momento, representa a imagem daquilo que está sendo vendido e promovido, não?
Infelizmente, há ainda um descaso muito grande na formação de equipes de receptivo de um acontecimento especial. Ora supervalorizam a estética, ora ostentam sua preocupação com a diversidade, ora inserem totens de alta tecnologia e rara presença humana e ora, bem... incorporam membros em uma equipe, sem analisar perfil e oferecer qualificação necessária para o bem receber e eficiência de sua função.
Recentemente veio à tona um caso no Carnaval carioca, em um dos concorridos camarotes na Sapucaí, na terceira noite de desfiles.
Em um primeiro momento o que presenciamos foi uma senhora, muito nervosa, alterada emocionalmente, sendo conduzida para fora da área do evento, pela guarda municipal, acusada de incorporar uma vampira e sair mordendo as pessoas.
Só de imaginar, uma cena assustadora, fora de qualquer enredo civilizatório.
Posteriormente, outras informações chegaram e descobrimos que se tratava da advogada Danielle Buenaga, 45 anos, que adquiriu ingresso para o camarote Arpoador e alega que foi impedida de voltar ao espaço após sair para fumar, mesmo após tentar o reconhecimento facial, e disse que só mordeu um guarda municipal ao ser imobilizada com um mata-leão.
O funcionário do receptivo do camarote, então, informou que a advogada não poderia entrar a não ser que mostrasse o ingresso no celular. Danielle Buenaga disse que deixou o celular na bolsa e não conseguiu retornar mesmo realizando o reconhecimento facial.
"Argumentei que minhas coisas ficaram lá dentro com meu amigo e pedi para que alguém o chamasse. Ele disse que não podia fazer isso nem ninguém. Pedi para chamar um supervisor, e nada. Então, pedi para fazer o reconhecimento facial, já que tive que sair de Itaguaí, onde moro, para ir à Copacabana cadastrar minha face quando peguei o kit. Nada.” Descreveu a participante do evento, Danielle Buenaga, então trajada com a camiseta do espaço.
Conforme apurações já ocorridas, o sistema de bilhetagem apresentou erro sistêmico, não sendo possível realizar o reconhecimento facial anteriormente cadastrado negando o acesso, mesmo estando com camisa oficial. E o não havia outras alternativas? Nessas horas uma listagem com nome completo cai tão bem...
Acionada a Guarda Municipal que fazia ronda no local, intercedeu e o caso acabou com a prisão da advogada e mordidas deferidas nos agentes de segurança pública, que segundo a autora foi em defesa própria. Ela acabou na delegacia e foi lavrado um Boletim de Ocorrência. O caso ainda irá correr judicialmente, até porque a advogada busca esclarecimentos e compensações do vexame passado.
Porém, quero fundamentar a questão da necessidade de um receptivo de evento preparado e muito bem orquestrado.
As pessoas que trabalham com essa dimensão de um evento, geralmente, são profissionais liberais, contratados por projeto e muitas vezes recebem informações rasas sobre sua atuação, o que compromete um resultado primoroso.
Ter uma coordenação geral é condição sine qua non para o bom andamento de uma equipe de receptivo, com perfil mais sênior e com voz ativa na comissão organizadora do evento.
Ela será como um maestro que dará o tom, fomentará a participação de todos de forma uníssona e em sinergia com o propósito do evento.
Deixar a equipe sem eira nem beira, achando que num passe de mágica tudo acontecerá brilhantemente é demonstrar amadorismo em sua liderança.
E de nada adianta um sorriso lindo, frente a um caos na entrada de um evento, no qual os convidados/participantes, realmente não se sentem acolhidos e muito menos recebem suporte da equipe do receptivo.
Há inúmeras imprevisibilidades, que por melhor que seja o planejamento, podem acontecer e o receptivo é que será o termômetro das condições de gerir possíveis crises e atuar com firmeza, sem jamais esquecer da amabilidade, afinal, naquele momento representam seus anfitriões e suas marcas.
É preciso repensar essa tática de recrutamento e ação de um time de recepção de eventos. Do jeito que está, cada vez mais, poderemos ter nossos eventos sendo associados muito mais as editorias policiais, que de economia, de entretenimento e de sociedade.
Em eventos, as omissões e/ou fragilidades dos organizadores é que dão o ritmo, a imagem e reputação do que foi idealizado. O sucesso está nas nossas mãos, mas parece que em muitas vezes, achamos que a simples terceirização é suficiente, sem nos preocupar em dar críveis condições para um desempenho satisfatório e memorável do receptivo.
Para pensarmos e agirmos, de imediato!
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