Start ups da Região Norte buscam investidores na Campus Party Rondônia

Jovens empreendedores da Amazônia divulgam suas ideias e negócios iniciantes no evento em Porto Velho na área reservada a StartUps & Makers.

A Campus Party Rondônia é um ambiente efervescente com informações, troca de conhecimentos e experiências, ideias e protótipos de novos negócios. A área destinada às Start Ups & Makers ocupa uma lateral do espaço de empreendedorismo no evento, onde é possível conhecer mais de 10 delas em pequenas bancadas. Todas são da Região Norte e jovens do ensino técnico, universitários e recém-formados em universidades, em sua maioria, apresentam novos produtos e serviços ao mercado. Eles buscam investidores e parceiros para que seus projetos evoluam e se tornem empresas ou empreendimentos de impacto social autossustentáveis.

Conheça 8 delas

Topper Bio Fraldas Biodegradáveis

Mariana Sacht Nunes, estudante do curso técnico de meio ambiente do Instituto Federal Técnico de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso/Campus Juína (IFMT), está apresentando esta startup no evento. A Topper Bio desenvolveu fraldas biodegradáveis a partir do amido de mandioca. No momento, está finalizando a validação do processo chamado Produto Mínimo Viável e fazendo testes. O registro de patente também se encontra na etapa final, fator muito importante para a startup conquistar o primeiro investimento, que será destinado à compra de maquinários e construção de uma pequena fábrica em Juína (MT). A equipe desta startup é formada por cinco alunos de cursos técnicos do IFMT em Juína (meio ambiente, agropecuária e comércio) e mais cinco pessoas que apoiam o projeto (dois professores orientadores e três profissionais do mercado).

O projeto da fralda biodegradável surgiu no Programa Células Empreendedoras de Mato Grosso 2017, em Cuiabá, para solucionar o problema de um professor, que tinha dificuldade com o descarte de fraldas usadas pelo pai. “Nossa matéria-prima é a mandioca e vamos adquiri-la dos pequenos produtores rurais e indígenas de Juína. A agricultura familiar e as comunidades indígenas cultivam mandioca e são marginalizados e serão nossos parceiros”, destaca Mariana.

Empresas interessadas já apareceram na bancada da Topper Bio. “Pensamos em nos estabelecer com fábrica e comercio em Juína e entrar no mercado de MT. Depois, queremos fornecer este produto para o país e, também, internacionalmente”, revela a estudante.

Projeto Cosmos de Manaus (AM)

Ingrid Celeste, graduanda do curso de Física da Universidade Federal do Estado do Amazonas (UFAM) está na Campus Party RO apresentando este projeto social realizado por voluntários, que leva o ensino de astronomia e ciência para alunos de escolas públicas em comunidades ribeirinhas e periféricas de Manaus. No momento, o Cosmos está em transição para se tornar um projeto de empreendedorismo social, buscando apoiadores que se interessam por iniciativas educativas.

Vinte e cinco universitários de Física e de outros cursos da UFAM participam do Projeto Cosmos. Eles fazem palestras sobre astronomia e ensinam crianças e adolescentes a montar foguetes com materiais de baixo custo, entre outras coisas, nas comunidades manauaras. “O objetivo é mostrar a eles que o ensino vai além da sala de aula”, explica Ingrid.

Os universitários buscam a autossustentabilidade do projeto. “Tem gente que se prende em transformar suas ideias em empresa e ganhar dinheiro e se esquece que o objetivo principal é levar educação científica para as crianças. Precisamos de verba para fazer nossos materiais pedagógicos e podermos participar de capacitações em eventos como este”, diz a universitária. “Queremos levar o ensino de Física para outros estados. Quando a gente chega nas escolas e falamos que vamos ensinar física de modo diferente, as crianças e adolescentes adoram”, revela.

Siga Pneus

Itamar Machado de Souza, de Ji-Paraná (RO), é o idealizador da startup Siga Pneus, que desenvolveu um sistema on line e off line gerenciador de pneus para o transporte rodoviário. “Fui carreteiro durante dez anos. O pneu é o segundo custo do transporte rodoviário”, diz Itamar. Hoje, ele é motorista profissional, estuda análise de desenvolvimento de sistema e é licenciado em química. Este sistema é útil para frotistas e pode contribuir para a redução do número de acidentes graves, que envolvem caminhões e ônibus nas rodovias brasileiras, segundo o empreendedor.

O grande problema do frotista é conseguir contar com informações atuais e precisas sobre a performance dos pneus, como quilometragem rodada, data para rodízio, prazo de vida útil, se estão sendo lucrativos etc. Inicialmente, o foco da startup Siga Pneus é o setor de transporte e logística. No futuro, Itamar revela que o sistema também poderá ser útil para automóveis, táxi, mototaxi, bicicletas etc

Ele já fez bons contatos com gestores de frotas na Campus Party RO. Investidores, se apareceram, estavam disfarçados, brinca. “Por enquanto, não estou pensando em ganhar dinheiro com o sistema. Gostaria de um investidor para ajudar a evoluir a minha ideia. Pneus precisam ter monitoramento real, pois podem gerar acidentes graves nas estradas”, enfatiza.

Sistema Integrado de Gestão de Frotas (SIGEF)

Giovana Oliveira da Silva, aluna do ensino técnico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IPRO), do campus de Cacoal (RO), representa a startup, que desenvolveu o Sistema Integrado de Gestão de Frota (SIGEF), voltado para empresas e órgãos públicos. Este sistema permite a transparência e monitoramento dos veículos das frotas, que segue os protocolos de TCU (Tribunal de Contas da União) e CGU (Controladoria Geral da União).

“Nós viemos fomentar a nossa startup, buscando encontrar parceiros e empresas interessadas em ter maior funcionalidade de sua frota e qualidade dos serviços. Estamos em fase de teste”, esclarece Giovana. O Sigef já está sendo utilizado por institutos federais de Guajaramirim, Arquemes e Cacoal.

O Sigef envolve 9 jovens, dois formados em Administração e Análise de Sistemas e sete técnicos, ainda estudantes. Eles receberam mentorias do Sebrae RO e participaram de eventos da instituição no estado. Representantes de órgãos públicos demonstraram interesse pelo sistema, informou.

Sistema Agroadministrador (SAG)

Lorena Joice Tomás da Silva, estudante do curso técnico de informática do IPRO – Campus de Cacoal (RO) está apresentando a startup que desenvolveu o Sistema Agroadminisrador (SAG). O produto foi criado por cinco estudantes. “Como o Estado de Rondônia é um grande produtor de bovinos, resolvemos ajudar os pecuaristas, tanto de gado de corte como leiteiro. Este sistema vai facilitar o acompanhamento do gado, desde o nascimento dos bezerros até o abate, se for de corte, e a produção, se for leiteiro”, explica Lorena.

Por meio do SAG será possível ver se os animais estão doentes, o tempo certo para vendê-lo ou verificar se estão produtivos, entre outros aspectos. Geralmente, as grandes fazendas contam com técnicos para gerenciar o gado, a quem o produtor rural confia o monitoramento. O SAG vai ajudar o fazendeiro a tomar as decisões, a partir do sistema, que pode ser alimentado por ele mesmo. O SAG funciona off line, é fácil de lidar e os dados podem ser registrados no smart phone no curral para, depois, descarregá-los no computador. O sistema foi apresentado e validado na Rondônia Rural Show 2017. Na Campus Party RO já apareceu gente interessada em se tornar sócia desta agro startup.

Shower Chea

Mateus Fávaro Moreira, universitário de engenharia florestal do IFRO-Campus de Ji-Paraná (RO) está apresentando o aplicativo Shower Cheap, que visa melhorar a lucratividade no campo por meio da gestão da produtividade de plantações, com base em dados meteorológicos, especialmente para a agricultura irrigada. O aplicativo foi validado na Rondônia Rural Show 2017. A ideia do aplicativo é de cinco pessoas: três estudantes de engenharia florestal e dois de análise desenvolvimento de sistemas do IFRO/Ji-Paraná.

“Verificamos que o problema do produtor é ter perda de safra, porque não consegue saber se no dia que plantar vai chover. Os dados meteorológicos disponíveis são de difícil compreensão. O aplicativo vai facilitar esta compreensão”, explica Mateus. Se o agricultor plantar café, hoje, vai poder calcular quanto vai colher no final da safra, considerando o volume de chuvas, exemplifica.

O aplicativo oferece dois tipos de planos aos agricultores: o Básico, para dados de produção e meteorologia, por R$ 14,90/ mês; e o Premium, por R$ 144/ ano. “Quem não tem irrigação, vai ver a parte de produção apenas. Quem quer colocar irrigação, vai ver a necessidade de água da planta”, esclarece Mateus. O protótipo do aplicativo está em fase de desenvolvimento. A startup de Ji-Paraná conta com apoio do Sebrae RO para divulgar o aplicativo em eventos e, quem sabe, conquistar algum investidor.

Porto 3D

Este empreendimento de Porto Velho (RO) é especializado em impressão e prototipagem em 3D de vários tipos de produtos e serviços como branding, maquetes, projetos de engenheiros e arquitetos, entre outros. Joacil Braga Brandão Jr. é o diretor do empreendimento e conta que já imprimiu, inclusive o feto na barriga de uma mãe.

“Já somos uma empresa e estamos aqui como startup, porque precisamos de investimento para atuar em outros nichos e fomentar a indústria de Rondônia. Queremos entrar na indústria de móveis e mostrar para o Brasil, que aqui tem tecnologia e pessoas inteligentes para ganhar o mundo”, afirma Joacil. O IPRO se mostrou aberto para apoiar o empreendimento, por meio de sua incubadora de startups, para ajudar a Porto 3D buscar investimentos no setor moveleiro.

Na bancada deste empreendimento na Campus Party RO, há uma impressora 3D, cujas peças foram importadas da China e depois montadas em Porto Velho por um engenheiro mecatrônico, parceiro da Porto 3D. O empreendimento possui outras 2 impressoras chinesas. “Pagamos 60% dos impostos para importar. É oneroso, é difícil, mas estamos na ponta da tecnologia junto com inteligência artificial. É por este caminho que nós vamos seguir”, informa Joacil.

A equipe da Porto 3D é formada por 3 pessoas: estagiário, engenheiro e Joacil. O material plástico usado na impressão 3D é biodegradável tipo PLA, faz questão de ressaltar. A Porto 3D teve orientação do Sebrae, enquanto startup em gestão financeira.

Madmod

Lucas Santos Tezzari, arquiteto e urbanista, está na Campus Party RO mostrando a startup Madmod de Porto Velho (RO), que corta projetos impressos em 3D e fabrica mobiliários, estruturas paramétricas, entre outros, usando materiais como MDF, compensado, acrílico, madeirite, PVC, madeira balsa. A oficina, como gosta de chamar, ainda faz trabalhos gravados em madeira a laser, mármore, vidro e metal. Caio Rogério Cunha, também arquiteto, é sócio do empreendimento. “Temos uma CNC, máquina de controle de código numérico, uma tecnologia antiga, com a qual cortamos e produzimos produtos prototipados por impressoras 3D”, informa Lucas.

O foco da Madmod é trabalhar com MDF, compensados e madeirite, inclusive para fazer casas. A startup projetou a Casa Festim - de 40m² e baixo custo, orçada em R$ 25 mil, para 4 pessoas - que foi publicada na revista do Prêmio Salão Design da América Latina 2017. “É um projeto para casa em condomínio ou área com muros, pois é frágil em termos de segurança. A parede é fina e oca de compensado naval”, explica.

As peças mais vendidas da oficina são: mobiliários (cadeiras, mesas, bancos etc), maquetes arquitetônicas, painéis texturizados (biombos, divisórias etc) e estruturas paramétricas (para construções mais caras). O tratamento da madeira é feito de acordo com os objetivos do cliente – se o produto será temporário ou de longo prazo ou se vai enfrentar intempéries do tempo (sol, chuva etc).

As sobras de resíduos equivalem a 5% e são reutilizados por parceiros em artesanato, bijuterias, molduras de quadros etc. “Mesmo assim ainda ficam sobras, que estamos guardando para, depois, moer e reutilizar na fabricação de peças”, informa. Todas as madeiras usadas na Madmod são de reflorestamento certificado.

“Sustentabilidade é a base da arquitetura”, resume o arquiteto. A ideia de criar a Madmod nasceu em SP, no período pós-formatura de Lucas. “Não queria entrar em obra ou fazer arquitetura de interiores, segmentos que estão saturados. Conheci arquitetos em SP, que já imprimiam mobiliários. Na Europa imprimem casas. Assim encontrei um mercado novo para atuar em Porto Velho, onde temos muita oferta de madeiras maravilhosas”, justifica.

Ele e Caio estão na Campus Party RO na expectativa de conquistar investidores, pois querem comprar uma máquina nova para cortar madeiras brutas. Lucas conta que foi ao Sebrae RO para montar a empresa e se capacitar em gestão. Estão registrados como Microempreendedor Individual (MEI), mas logo logo vão se tornar Microempresa (ME), diz. “Já somos autossustentáveis e queremos mais máquina e mais espaço. Precisamos de um anjo investidor”, afirma. Até agora, os investidores da Madmod foram os pais de Lucas e Caio.

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Fonte: assessoria