Uma plateia atenta acompanhou em silêncio cada dado apresentado no painel Cuidando de quem faz acontecer: saúde mental no mundo dos eventos. As palestrantes Wilma Bolsoni e Isabel Ramos trouxeram ao Fórum Eventos 2025 um raio-x revelador sobre como os profissionais do setor estão se sentindo. O diagnóstico não é nada animador.
Para chegar a esses dados, as pesquisadoras ouviram 82 profissionais da área. A maioria dos respondentes (76,8%) é formada por mulheres, com cargos de liderança, sendo 45% delas com mais de 20 anos de atuação no mercado.
As dez maiores causas de estresse no setor de eventos apontadas foram: mudanças inesperadas (73,2%), prazos apertados (69,5%), falhas de comunicação (62,2%), demanda excessiva de trabalho (53,7%), orçamento mal dimensionado (51,2%), horários irregulares (42,7%), problemas com fornecedores (41,5%), instabilidade (24,4%), fatores pessoais (14,6%) e assédio moral ou sexual (9,8%). Isabel Ramos, especialista em saúde mental, fez um alerta: “O assédio moral representa a porta de entrada para o assédio sexual. Isso nos vulnerabiliza e nos torna presas fáceis”.
Para 80,5% dos respondentes, o trabalho já afetou a saúde física. Como caminhos para reverter esse cenário de estresse elevado, os entrevistados sugeriram medidas como a redução da sobrecarga de trabalho, melhores prazos e maior letramento dos clientes.
Quando perguntados sobre como lidam com o estresse, os profissionais apontaram: prática de hobbies e tempo com amigos e família (69,5%), exercícios físicos (68,3%), apoio psicológico (56,1%), tratamento médico (28%), meditação (22%) e uso de substâncias (11%).
“Antes, era tabu falar de assédio, depressão, ansiedade ou demonstrar cansaço. Quando não posso falar, vou internalizando os problemas. O efeito é o isolamento. Quando o corpo fala, é porque o psicológico já foi atingido”, completou Isabel.
Tão conectados e tão sós
Especialista em Desenvolvimento Humano, Wilma Bolsoni destacou que, apesar da hiperconexão, nunca as pessoas se sentiram tão sós como atualmente. Segundo ela, 86% dos brasileiros sofrem de algum transtorno mental. O Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo em casos de ansiedade e lidera a América Latina em depressão.
“A situação é crítica na área de Eventos porque vocês são maestros de grandes orquestras — e não tem como não sofrerem o impacto direto disso”, alertou. Para ela, é necessário investigar as causas estruturais do adoecimento e buscar caminhos de cura. “Vivemos impulsionados pela competitividade, estruturados em valores vazios e nos sentimos ameaçados por todos os lados”.
Embora o setor de eventos tenha suas particularidades, Wilma reforça que os fatores dessa crise são globais. Entre eles, destacou pressão por produtividade, isolamento social, dependência das redes, crises globais, aceleração tecnológica, perda de consciência e desconexão consigo mesmo. Em sua opinião, os próximos desafios não serão apenas técnicos, políticos ou econômicos. “Serão existenciais”, afirmou.
Para “plantar uma semente” na plateia, Wilma compartilhou dez caminhos para a regeneração da saúde mental:
1.Investir em autoconhecimento
2. Praticar a autorregulação — ou seja, ter consciência do corpo e não viver no piloto automático
3. Cuidar da educação emocional e relacional
4. Ter um propósito
5. Reservar tempo para si
6. Construir redes de apoio
7. Cuidar de quem cuida
8. Reconectar-se com a Natureza e o que é natural
9. Valorizar lideranças conscientes e humanizadas
10. Reintegrar a consciência com o que é verdadeiro
Confira a síntese do Painel preparado pela @vancomunicacaocriativa:
O Fórum Eventos 2025 segue até o dia 20 de maio, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Mais informações em: www.forumeventos.net
Confira resultado da pesquisa no documento anexado abaixo
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