Com a visão de quem lida diariamente com potencialidades e destinos internacionais, Kester fez um panorama do turismo contemporâneo. Segundo ele, só em 2007 foram registradas mais 900 milhões de chegadas em aeroportos mundiais, um aumento de 6% em relação ao ano passado. “Pesquisas revelam que nos últimos 24 meses este mercado deu um salto significativo. Temos constatado também que os investimentos no setor estão cada vez maiores”, aponta. De acordo com o coordenador, os países que mais cresceram na esfera do turismo foram os emergentes, como Ásia, Pacífico, Oriente Médio, América do Sul e Central. “Isso aconteceu, principalmente, em virtude do fluxo intraregional de visitantes, coisa que ainda é incipiente no Brasil”, comenta Kester. A Organização Mundial de Turismo espera que em 2010 sejam realizadas mais de 1 bilhão de chegadas em aeroportos.
Resistência do Setor
Durante explanação Kester colocou em pauta a resistência do turismo frente a situações adversas, como crises econômicas, catástrofes naturais e epidemias. Segundo ele, o mercado de turismo é um dos poucos que consegue se manter incólume quando deletérios afetam o cenário mundial. “Além disso, o setor tem uma capacidade de recuperação fantástica. É uma vantagem peculiar”, comemora.
Relatório de Competitividade
Uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial em parceria com a Organização Mundial do Turismo, fez nascer um importante indicador para o setor: o Relatório de Competitividade. Com objetivo de medir as potencialidades de cada país e facilitar o diálogo entre OMT e governos, o projeto caminha para a sua terceira edição, a de 2009.
Segundo Kester, durante o relatório é feita uma análise de três pilares básicos: infra-estrutura, recursos naturais e marco jurídico. Este último mede a burocratização de cada país, sua atmosfera para negócios e as facilidades que são disponibilizadas para investimento nacional e internacional. “Estudamos, por exemplo, quanto tempo levar para abrir uma empresa naquele lugar”, completa.
Outro ponto citado com ênfase pelo coordenador foi a influência do mercado de eventos para o turismo. “Não se pode mais ignorar este segmento. Prova disso é que, em uma das medições do relatório, avaliamos quantos encontros internacionais os países sediaram em determinado período. Esta parte do projeto é feita em parceria com a ICCA”, ressalta, ao afirmar que as dez regiões mais bem colocadas no relatório possuem uma voluptuosa infra-estrutura para eventos.
O ranking
Os dez países no topo do ranking do Relatório de Competitividade são (do primeiro ao décimo lugar): Suíça, Áustria, Alemanha, Austrália, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Suécia, Canadá e França. O Brasil, ainda mal colocado, ocupa a 48ª posição. Segundo Kester, um dos pontos fracos do país é a infra-estrutura e o transporte. “A região é rica em belezas naturais, mas ainda precisa melhorar muito em outros aspectos”, conta.
Ver o Brasil num patamar tão distante não é motivo de comemorações, mas, segundo o coordenador, também não é razão para desespero. “Todas as localidades tem seus pontos positivos e negativos. Até a Suíça que conquistou o primeiro lugar recebeu crítica em relação aos preços de serviços e hospedagens. O que os países devem fazer é analisar o relatório e investir em melhoria onde for preciso”, dá a dica e finaliza: “Eles devem transformar vantagens comparativas em vantagens competitivas”.
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