Mais uma Tragédia... Mais Lamentos... Menos Ações... Chega!

Lições que não aprendemos... ainda... já é mais que tempo para assumirmos tais ensinamentos.

A data do dia 30 de dezembro de 2004 tornou-se um marco de dor e sofrimento que assolou a história recente da Argentina, além disso, o fato ocorrido demonstrou o que a ganância e falta de escrúpulos podem acarretar.

Em um show de música da banda Callejeros em uma casa noturna de Buenos Aires, chamada Cromanón, cuja capacidade permitida era de 1.200 paxs, mas nessa data estava recebendo 3.000 paxs, foi o palco de um dos piores incêndios da história argentina, vitimando fatalmente 194 paxs e deixando um saldo de mais de 1.100 paxs feridas.

O laudo da perícia detectou que o incêndio foi deflagrado com as faíscas de rojão de fogos de artifícios que rapidamente se propagaram pelo teto, que a tinha isolamento acústico, mas elaborado com material inflamável. O fogo se alastrou, causando uma chuva de plástico queimado e emitindo uma pesada fumaça negra carregada de ácido cianídrico, dióxido e monóxido de carbono.

Ao tentarem fugir, a multidão aterrorizada encontrou quatro das seis portas principais fechadas - algumas com cadeados – essa estratégia criminosa foi implementada pela gerência da casa para impedir que o público saísse sem pagar. A maioria das pessoas morreu asfixiada e por queimadura nas vias aéreas, outros incinerados e pisoteados. No inquérito aberto após a tragédia foi constatado que a boate estava com permissões e alvarás vencidos desde o mês anterior a fatalidade e que o local já tinha registrado um incêndio.

A “tragédia de Cromanón”, como ficou conhecido o episódio, teve repercussões políticas, como a destituição do prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra. Mas o principal acusado pelo fato de Omar Chabán, gerente e promoter do lugar e também seu assistente, Raúl Villareal. A atração musical também foi indiciada, mais tarde, por fomentarem o uso de fogos de artifícios, acusação comprovada por diversos vídeos coletados de shows anteriores.

Todos responderam à acusação de suborno e dano doloso seguido de morte, com possibilidade de pena máxima de 20 anos de prisão, porém a sentença saiu em meados de 2009 gerando revolta de boa parte da população argentina. Os integrantes da banda foram absolvidos, mesmo tendo incentivado a prática de soltar fogos em um ambiente interno, o dono da boate, Omar Chabán foi condenado a 20 anos de prisão; um policial acusado de receber suborno de Chabán foi condenado a 18 anos de prisão; o empresário dos Callejeros, co-produtor do espetáculo foi condenado a 18 anos de prisão; duas funcionárias da prefeitura responsáveis por fiscalizar casas noturnas foram condenadas a dois anos de prisão cada uma e o assistente de Chabán foi condenado a um ano de prisão.

E agora, nove anos depois o que ocorreu no Brasil, na cidade de Santa Maria, a 307 km de Porto Alegre?

Tragédia similar, infelizmente com mais vítimas fatais, mas que foram alvos da mesma conjuntura de falta de respeito pela vida humana.

Cerca 230 pessoas vieram a falecer e cerca de 100 ficaram feridas na boate Kiss, do município, devido ao uso irracional de sinalizadores por integrantes de uma banda que se apresentava no local. As faíscas dos sinalizadores, que foram apontados para o teto da casa, logo incendiaram a espuma de isolamento acústico e o fogo se alastrou rapidamente por toda a boate, que possuía apenas uma única porta de saída, com dimensões pequenas para a quantidade de pessoas presentes.Um grande número vítimas não morreu queimada, segundo as autoridades policiais, mas sim asfixiadas pela fumaça por não terem conseguido sair do local.

Outro dado aterrorizante diz respeito a ausência do alvará de funcionamento que desde agosto passado encontrava-se vencido... ou seja... as mesmíssimas circunstâncias de Cromanón... resultando na perda de vidas humanas, em sua maioria jovens esperançosos no trilhar de uma trajetória próspera e repleta de conquistas, interrompidas pela falta de profissionalismo de pessoas que se julgam Profissionais Organizadores de Eventos e por Autoridades Públicas.

São exemplos tristes, mas que devem ser apurados e fixados na memória de todos que trabalham na área de eventos... Ganância + Irresponsabilidade jamais deverão estar acima do Respeito e Valor das Vidas Humanas.

Chega de tanta impunidade, Chega de tanta ênfase no Ter em vez do Ser. Chega do Jeitinho Brasileiro ser encarado de forma maléfica e corrupta, a maioria dos brasileiros tem coração e alma e não consegue mais acompanhar tantas falcatruas e falta de ordem responsável.

Que essa lição seja apreendida por todos e que fatos como os relatados acima tornem-se únicos e não se repitam!

Segurança em Eventos não é gasto desnecessário e que pode ser retirado levianamente da planilha orçamentária, pelo contrário, investir mais em segurança de nossos eventos traz retorno garantido, já que mortes não tem reversão.